sábado, 26 de janeiro de 2019

As duas manchetes diferentes do El País provam que jornalista trata brasileiro como otário (mesmo com falso cognato) | Clic Noticias

Há um falso cognato na tradução de “anima”, mas o fato permanece: o jornal espanhol El País trata o público brasileiro como intelectualmente inferior com sua manchete modificada
Flavio Morgenstern 25/01/2019
Já correu a internet inteira: o El País, o maior jornal da Espanha, e de esquerda, noticiou em sua filial no Brasil, em artigo de autoria de Alicia González, que o curto e direto discurso de Bolsonaro “decepciona” em Davos. Ao mesmo tempo, a mesma notícia, da mesma autora na edição espanhol saiu com a manchete “Bolsonaro anima a los ejecutivos de Davos a invertir en el nuevo Brasil”.
Há um falso cognato aí: anima, em espanhol, não precisa significar necessariamente “animar” no sentido em português: pode ser traduzido como incentivar. Ainda assim, vê-se a diferença abismal de tônica: enquanto para o Brasil se diz que Bolsonaro supostamente “decepciona”, para o público europeu, que não conhece Bolsonaro o suficiente para tratá-lo da maneira caricata, tosca, reducionista e bobona da mídia brasileira, o editor do El País prefere se focar no quanto Bolsonaro incentiva investimentos.
A jogada é óbvia: o brasileiro usuário de rede social padrão (geralmente com ensino médio e superior completos, e de esquerda), lerá a manchete do “aclamado jornal espanhol” El País e tentará, pela milésima vez nas últimas 5 horas, dar uma risada de desprezo de Bolsonaro, que, em sua fantasia de “cientista social”, teria feito o Brasil passar vergonha (é, na Suíça, esse país tão preocupado com modos politicamente corretos, feminismo, islamofobia e leis contra discurso de ódio… oh, não, espere: esta é a Suécia, do futuro califa Mahmoud Dschihad).
O que é de uma maneira terrivelmente engraçada na manipulação da manchete do El País, completamente diferente no Brasil e na Europa, é que quem mais a “usa”, quem mais acredita na manchete foi quem mais foi manipulado – ou, em bom português, feito de trouxa.
Senso Incomum
Como as hashtags mudaram o mundo
Fala aí seus jovens espertos com o estranho hábito de ler newsletters durante os fins de semana de verão. Nesta semana que acaba, é hora de esquecer o exaustivo noticiário cotidiano e se refrescar com leituras longas e especiais, escolhidas a dedo para você ler e pagar de cultx no seu próximo date do Tinder (ou similares). Chega mais.
NãoÉSóUmaHashtag
#EleNão #BlackLivesMatter #MeToo #MeuAmigoSecreto #PrimeiroAssédio #NãoVaiTerCopa #VemPraRua #ForaTemer #ForaPT #SeráQueÉRacismo #MexeuComUmaMexeuComTodas. Só de olhar para essas hashtags já dá para perceber que as principais discussões políticas e sociais dos últimos tempos foram agrupados pelo símbolo do “jogo da velha”, o que, na internet, funciona como indexador de assuntos.
última edição do TAB (13 min.) explora como as hashtags se tornaram termômetros dos principais debates online e como se tornaram parte importante, porém nem sempre unânime, dos movimentos online. Emblemáticas e polêmicas, o fato é que as hashtags são eficientes para aglomerar ideias e pautas em bandeiras virtuais.
O hardcore que grita contra Bolsonaro
O movimento hardcore, historicamente ligado ao anarquismo, está se reorganizando no Brasil de forma especialmente contundente desde o início das eleições de 2018. Músicos, produtores, causadores e afins criaram o ato “Hardcore Contra o Fascismo”, que já teve três edições. Nesses eventos, entre shows curtos e bate-papos com o público, o alvo preferencial dos gritos é o presidente Jair Bolsonaro, seguido de perto por protestos por mais igualdade de direitos.
TAB (5 min.) esteve na última edição do evento – a primeira após a eleição do presidente -, que foi regada a coxinhas veganas, bate-cabeças e bastante barulho. Aproveitamos para perguntar ao público, organização e bandas como pretendem se opor ao governo, o que entendem por fascismo e como o punk/hardcore se organizam nesses loucos dias que vivemos.
Adeus telas, olá comandos de voz
Durante a CES, maior feira de tecnologia do ano, Google e Amazon tiveram uma importante queda de braço para definir quem irá dominar o mercado das assistentes de voz, ou assistentes virtuais se você preferir. O fato é que seja com Google Assistant, seja com Alexa, a tendência é que, cada vez mais, os comandos de voz estejam nos dispositivos eletrônicos. Isso é promessa de um futuro com tecnologia onipresente, mas ao mesmo tempo com menos telas. Nesse cenário, as empresas têm um prato cheio para coletar seus dados. É o que discutimos esta semana no TAB (5 min.)
O que diz o logo do governo?
Bolsonaro prometeu uma “nova era” em seu governo. E, como é de praxe na presidência, criou um logo para representar seu novo mandato. Acompanhado do slogan “Pátria Amada”, vemos um sol nascendo da esquerda para direita com a bandeira do Brasil. O que isso significa? O TAB conversou (8 min.) com semioticistas e designers para analisar e interpretar o que há de eleitoral, tosco ou fantástico na comunicação oficial.
O Facebook está te usando no #10YearsChallenge?
Qualquer um que tenha entrado nas redes sociais esses dias se viu no meio de um monte de gente brincando de comparar suas fotos de 10 anos atrás com as atuais. O que, aparentemente, é uma brincadeira inocente, logo levantou bandeiras vermelhas para noias, paranoias e metanoias.
Estaria o Facebook usando as fotos antigas para treinar seus sistemas de reconhecimento facial e entender melhor como envelhecemos? E tudo isso com fotos que nós mesmos escolhemos compartilhar? Pelo menos é o que a escritora Kate O’Neill opinou na revista Wired (7 min., em inglês).
Mas se você está preocupado por ter postado aquela foto de uma adolescência cheia de espinhas só para você se convencer que o tempo foi generoso contigo, relaxe. Talvez seja tudo um exagero. Você pode não ter ajudado a criar uma tecnologia de vigilância global que nos levará à Skynet. Muita gente discordou de O’Neill. Primeiro, porque o Facebook meio que já sabe tudo sobre você de qualquer jeito, como defendeu o jornalista Alexis Madrigal na The Atlantic (4 min., em inglês); segundo, porque você já compartilhou muito mais informações do que apenas uma foto antiga, como lembra o repórter Max Read, na New York Magazine (5 min., em inglês).
Como os millennials se tornaram a geração do esgotamento
Há uma diferença importante entre exaustão e esgotamento. Na primeira, você simplesmente cai e não segue adiante; na segunda, você segue adiante mesmo sem ter condições físicas e mentais. E, os millennials (que hoje já podem englobar mais ou menos qualquer um entre 22 e 38 anos), estão esgotados. É o que defende Anne Petersen em ensaio no BuzzFeed (46 min., em inglês). Sim, o texto é enorme.
Antes que alguém dispare que é mimimi da geração, lide com os seguintes fatos: estamos passando por várias crises econômicas, as relações de trabalho são muito mais frágeis e há várias instabilidades sociais. Sim, sempre houve problemas. Mas, como mostra outro especial do Huffington Post (47 min. em inglês), os millennials são uma das gerações mais endividadas desde que se criou o capitalismo.
O fato é: as pessoas estão trabalhando demais em um mundo incerto. Trata-se de uma geração que cresceu com a mentalidade de que é preciso ser muito bom para se tornar competitivo, mas quando chegaram lá, descobriram que havia muita gente boa competindo, mas poucas recompensa. O resultado é o colapso mental.
Zuquerbéquisson is watching you
A famosa e clichê máxima usada para as redes sociais, “se você não está pagando por algo, você é o produto” não é suficiente para a filosofa e psicóloga Shoshana Zuboff, da Harvard Business School. Para ela, a metáfora precisa ser pior: é como se Google e Facebook fossem caçadores de elefante, nossos dados fossem o marfim e nós… as carcaças abandonadas.
Esse é o tom do livro “Surveilance Capitalism”, lançado nesta semana e que aborda, mais uma vez, como empresas do Vale do Silício estão criando modelos de negócio baseados na obtenção e venda de nossos dados e nos levando a um momento de vigilância extrema. O The New York Times (6 min., em inglês) fez uma crítica dizendo que o livro é exagerado; já a Los Angeles Review of Books fez uma longa crítica elogiando o livro e dissertando sobre como Google e Facebook “corromperam o capitalismo”. Vale ler ambas e procurar pelo livro – ele está sendo muito comentado. No mínimo vai te ajudar a ficar paranoico.
Politicamente correto é correto
Hoje estamos cheios de pesquisadores de Harvard aqui no TAB. Desta vez, o link é para uma entrevista da Época (6 min.) na qual a pesquisadora Moira Weigel fala sobre seu novo livro, no qual conta a história do politicamente correto e discorre sobre o “marxismo cultural” e a filosofia da direita nas redes sociais.
Para ela, o politicamente correto é apenas educação transformada em um inimigo imaginário. O “marxismo cultural” é um termo da extrema-direita com origens nazistas. Ela fala isso tudo sem olhar especialmente para o contexto brasileiro – o que mostra a universalidade da discussão.
Rapidinhas
Dados do Disque Denúncia compilados pela @fgvdapp mostram que houve 14.278 denúncias sobre o #traficoDeDrogas em 2017, 52% referentes a ocorrências na Zona Norte.

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