(Diego Arguedas Ortiz – BBC Future, 25/01/2019) Cecilia Tortajada se lembra de descer uma longa escadaria até se deparar com uma das maravilhas da engenharia do Japão, um enorme tanque de água que faz parte do sistema de defesa de Tóquio contra inundações.
Quando finalmente chegou ao fundo do reservatório, se viu entre dezenas de pilastras de 500 toneladas que sustentam o teto. Na cisterna que mais parece um templo, ela conta que se sentiu “insignificante”.
“Você se vê apenas como uma pequena parte diante desse sistema gigantesco”, recorda Tortajada, especialista em gerenciamento de água da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura.
Se o Japão é um destino de peregrinação para especialistas em desastres e gestão de risco, como ela, este é um de seus principais templos.
A chamada “catedral”, escondida a 22 metros de profundidade, faz parte do Canal Subterrâneo de Escoamento da Área Metropolitana, um sistema de 6,3 quilômetros de túneis e câmaras cilíndricas imponentes que protegem o norte de Tóquio de inundações.
Nas últimas décadas, a capital japonesa aperfeiçoou a arte de lidar com tempestades, tufões e enchentes em rios de águas turbulentas, o que fez com que seu intrincado sistema de defesa contra inundações se transformasse numa maravilha global. Mas o futuro parece incerto diante das mudanças climáticas e da alteração nos padrões de chuva.
A luta de Tóquio contra enchentes remonta à sua história. A cidade está localizada em uma planície cortada por cinco sistemas fluviais turbulentos e dezenas de rios individuais que aumentam naturalmente de volume a cada ano.
A urbanização intensa, a rápida industrialização e extração de água imprudente, que levaram algumas regiões a afundar, acentuaram a vulnerabilidade da cidade.
“Eu não sei quem decidiu construir Tóquio naquele lugar”, brinca Tortajada, que trabalha na área de gestão hídrica há mais de duas décadas.
Mesmo que o Japão tenha lidado com enchentes durante séculos, o sistema anti-inundação atual de Tóquio começou realmente a ganhar forma no pós-guerra.
O tufão Kathleen atingiu a capital japonesa em 1947, destruindo cerca de 31 mil casas e matando 1,1 mil pessoas; uma década depois, o tufão Kanogawa (também conhecido como Ida) devastou a cidade com 400mm de chuva em uma semana. Ruas, casas e empresas foram inundadas.
Em meio às consequências catastróficas, o governo japonês intensificou os investimentos nesta área.
“Mesmo nos anos 1950 e 1960, quando os japoneses estavam se recuperando da guerra, o governo estava investindo de 6% a 7% do orçamento nacional em desastres naturais e redução de riscos”, explica Miki Inaoka, especialista em desastres da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, na sigla em inglês).
Os planejadores urbanos precisam estar atentos aos diferentes tipos de inundação em Tóquio. Se chover forte na nascente de um rio, talvez ele transborde e alague comunidades mais abaixo. Um temporal pode desafiar o sistema de drenagem da região. A maré alta ou um tsunami podem ameaçar o litoral. E se um terremoto destruir uma represa ou um dique?
Após décadas de planejamento para os cenários acima e obras ininterruptas, Tóquio possui hoje dezenas de barragens, reservatórios e diques. Se cortarmos a superfície da capital japonesa, como fazemos com um bolo de aniversário, você vai encontrar um labirinto subterrâneo de túneis junto a linhas de metrô e gasodutos que cruzam a cidade.
Avaliado em US$ 2 bilhões, o Canal Subterrâneo de Escoamento da Área Metropolitana, com sua “catedral”, é um dos feitos de engenharia mais impressionantes da capital. Concluído em 2006 após 13 anos de obras, é a maior instalação para controle de fluxo de água do mundo, resultado das ações contínuas para modernização de Tóquio.
“O Japão é um país que acredita no aprendizado”, diz Tortajada, que visitou o canal em 2017.
“Isso torna a cidade um caso muito interessante para estudo.”
O canal drena a água de rios de pequeno e médio porte no norte de Tóquio e bombeia para o Rio Edo, que aguenta o volume com mais facilidade.
Quando um desses rios transborda, a água vai para um dos cinco tanques cilíndricos de 70 metros de altura espalhados ao longo do canal.
Cada reservatório é grande o suficiente para abrigar um ônibus espacial ou até mesmo a Estátua da Liberdade. Eles estão interligados por meio de uma rede de 6,3 quilômetros de túneis subterrâneos.
À medida que a água se aproxima do Rio Edo, a “catedral” que Tortajada visitou reduz seu fluxo, para que o sistema possa bombeá-la para o rio.
Um exercício mental pode explicar a força do Canal Subterrâneo de Escoamento. Imagine uma piscina padrão de 25 metros, cheia até a borda, conectada às bombas de 13 mil cavalos de potência que liberam a água do canal. Se as bombas forem acionadas, seriam necessários apenas dois ou três segundos para esvaziar a piscina, já que elas são capazes de bombear 200 toneladas de água por segundo.
“É como um cenário de ficção científica”, diz Inaoka, da JICA, cujo trabalho envolve a colaboração de especialistas de países em desenvolvimento para compartilhar os conhecimentos do Japão.
Ela reconhece, no entanto, que as alterações nos padrões das chuvas vão desafiar a infraestrutura de Tóquio. A mudança climática torna muito difícil planejar com antecedência, diz ela.
Com base nos registros históricos de chuvas, as autoridades de planejamento urbano projetaram os sistemas de defesa de Tóquio para resistir a até 50 milímetros de chuva por hora, especialmente em áreas onde há concentração de moradores e propriedades. Mas o que era considerado normal há 50 anos, não é mais.
Quando finalmente chegou ao fundo do reservatório, se viu entre dezenas de pilastras de 500 toneladas que sustentam o teto. Na cisterna que mais parece um templo, ela conta que se sentiu “insignificante”.
“Você se vê apenas como uma pequena parte diante desse sistema gigantesco”, recorda Tortajada, especialista em gerenciamento de água da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura.
Se o Japão é um destino de peregrinação para especialistas em desastres e gestão de risco, como ela, este é um de seus principais templos.
A chamada “catedral”, escondida a 22 metros de profundidade, faz parte do Canal Subterrâneo de Escoamento da Área Metropolitana, um sistema de 6,3 quilômetros de túneis e câmaras cilíndricas imponentes que protegem o norte de Tóquio de inundações.
Nas últimas décadas, a capital japonesa aperfeiçoou a arte de lidar com tempestades, tufões e enchentes em rios de águas turbulentas, o que fez com que seu intrincado sistema de defesa contra inundações se transformasse numa maravilha global. Mas o futuro parece incerto diante das mudanças climáticas e da alteração nos padrões de chuva.
A luta de Tóquio contra enchentes remonta à sua história. A cidade está localizada em uma planície cortada por cinco sistemas fluviais turbulentos e dezenas de rios individuais que aumentam naturalmente de volume a cada ano.
A urbanização intensa, a rápida industrialização e extração de água imprudente, que levaram algumas regiões a afundar, acentuaram a vulnerabilidade da cidade.
“Eu não sei quem decidiu construir Tóquio naquele lugar”, brinca Tortajada, que trabalha na área de gestão hídrica há mais de duas décadas.
Mesmo que o Japão tenha lidado com enchentes durante séculos, o sistema anti-inundação atual de Tóquio começou realmente a ganhar forma no pós-guerra.
O tufão Kathleen atingiu a capital japonesa em 1947, destruindo cerca de 31 mil casas e matando 1,1 mil pessoas; uma década depois, o tufão Kanogawa (também conhecido como Ida) devastou a cidade com 400mm de chuva em uma semana. Ruas, casas e empresas foram inundadas.
Em meio às consequências catastróficas, o governo japonês intensificou os investimentos nesta área.
“Mesmo nos anos 1950 e 1960, quando os japoneses estavam se recuperando da guerra, o governo estava investindo de 6% a 7% do orçamento nacional em desastres naturais e redução de riscos”, explica Miki Inaoka, especialista em desastres da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, na sigla em inglês).
Os planejadores urbanos precisam estar atentos aos diferentes tipos de inundação em Tóquio. Se chover forte na nascente de um rio, talvez ele transborde e alague comunidades mais abaixo. Um temporal pode desafiar o sistema de drenagem da região. A maré alta ou um tsunami podem ameaçar o litoral. E se um terremoto destruir uma represa ou um dique?
Após décadas de planejamento para os cenários acima e obras ininterruptas, Tóquio possui hoje dezenas de barragens, reservatórios e diques. Se cortarmos a superfície da capital japonesa, como fazemos com um bolo de aniversário, você vai encontrar um labirinto subterrâneo de túneis junto a linhas de metrô e gasodutos que cruzam a cidade.
Avaliado em US$ 2 bilhões, o Canal Subterrâneo de Escoamento da Área Metropolitana, com sua “catedral”, é um dos feitos de engenharia mais impressionantes da capital. Concluído em 2006 após 13 anos de obras, é a maior instalação para controle de fluxo de água do mundo, resultado das ações contínuas para modernização de Tóquio.
“O Japão é um país que acredita no aprendizado”, diz Tortajada, que visitou o canal em 2017.
“Isso torna a cidade um caso muito interessante para estudo.”
O canal drena a água de rios de pequeno e médio porte no norte de Tóquio e bombeia para o Rio Edo, que aguenta o volume com mais facilidade.
Quando um desses rios transborda, a água vai para um dos cinco tanques cilíndricos de 70 metros de altura espalhados ao longo do canal.
Cada reservatório é grande o suficiente para abrigar um ônibus espacial ou até mesmo a Estátua da Liberdade. Eles estão interligados por meio de uma rede de 6,3 quilômetros de túneis subterrâneos.
À medida que a água se aproxima do Rio Edo, a “catedral” que Tortajada visitou reduz seu fluxo, para que o sistema possa bombeá-la para o rio.
Um exercício mental pode explicar a força do Canal Subterrâneo de Escoamento. Imagine uma piscina padrão de 25 metros, cheia até a borda, conectada às bombas de 13 mil cavalos de potência que liberam a água do canal. Se as bombas forem acionadas, seriam necessários apenas dois ou três segundos para esvaziar a piscina, já que elas são capazes de bombear 200 toneladas de água por segundo.
“É como um cenário de ficção científica”, diz Inaoka, da JICA, cujo trabalho envolve a colaboração de especialistas de países em desenvolvimento para compartilhar os conhecimentos do Japão.
Ela reconhece, no entanto, que as alterações nos padrões das chuvas vão desafiar a infraestrutura de Tóquio. A mudança climática torna muito difícil planejar com antecedência, diz ela.
Com base nos registros históricos de chuvas, as autoridades de planejamento urbano projetaram os sistemas de defesa de Tóquio para resistir a até 50 milímetros de chuva por hora, especialmente em áreas onde há concentração de moradores e propriedades. Mas o que era considerado normal há 50 anos, não é mais.
Ex-Blog do Cesar Maia
Após norma do CMN, juros do cartão subiram para quem paga o mínimo da faturaA Resolução nº 4.655 do CMN, que entrou em vigor em 1º de junho, estabelecia que as instituições não poderiam mais cobrar juros …
Leia mais
Crédito cresce 5,5% em 2018, depois de dois anos seguidos de contraçãoEmpréstimos e financiamentos a famílias subiram 8,6% no ano enquanto que as operações com empresas cresceram 1,9% …
Leia mais
Rombo da Previdência sobe 3,2% e alcança R$ 195,2 bilhões em 2018Governo deve apresentar ao Congresso proposta com mudanças de regras em fevereiro O rombo do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cresceu 3,2% …
Leia mais
Leia mais
Pernambuco institui primeiro Código Estadual de Defesa do ConsumidorPernambuco é o primeiro estado a ter um Código Estadual de Defesa do Consumidor. Com 204 artigos, a lei de autoria do deputado Rodrigo Novaes (PSD) entrará …
Leia mais
Leia mais
Passageiro com deficiência será indenizado por dificuldade de acesso a banheiro de ônibus interestadual Decisão do 1º Juizado Especial Cível de Ceilândia condenou ao pagamento de indenização por danos morais uma empresa de transportes que, por …
Leia mais
Leia mais
Governo tem rombo de R$ 120,3 bilhões em 2018, dado melhor que a metaResultado fiscal do ano deixou uma folga de R$ 38,7 bilhões em relação à meta Apesar da contínua piora das contas da
Leia mais
Leia mais
Garçom que teve fornecimento de água cortado indevidamente deve ser indenizadoO juiz Tácio Gurgel Barreto, titular da 34ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza, condenou a Companhia de água e Esgoto do Ceará (Cagece) a pagar …
Leia mais
Leia mais
Após seis meses de medidas anunciadas pelos bancos, juros do cheque especial não caemA taxa do cheque especial subiu 6,9 pontos porcentuais, em relação a novembro, ao chegar em 312,6% ao ano, em dezembro BRASÍLIA …
Leia mais
Leia mais
Concurso SMS RJ 2019: saiu edital com 112 vagas na saúdeOportunidades do concurso SMS RJ (Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro) estão distribuídas entre …
Leia mais
Leia mais
Nenhum comentário:
Postar um comentário