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sábado, 1 de setembro de 2018

"O QUE DEVEMOS APRENDER COM A VENEZUELA"


Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
“Toda a visão política da esquerda, incluindo o socialismo e o comunismo, fracassou em praticamente todos os testes empíricos mundo afora. Mas isso só levou os intelectuais de esquerda a afastar e denegrir as evidências empíricas.”  Thomas Sowell
Em 1994, a produção de petróleo da Venezuela era uma vez e meia maior que a do estado americano do Texas.  Os venezuelanos produziam 2,5 milhões de barris por dia (bpd), enquanto o Texas não passava de 1,75 milhão de bpd.  Atualmente, por incrível que pareça, a produção do Texas, sozinha, representa praticamente três vezes a da Venezuela (4,24 bpd x 1,47 bpd).

Só no último ano, de acordo com o economista Mark J. Perry, enquanto a produção de petróleo no Texas subiu quase 24%, a produção na Venezuela caiu mais de 29%. Segundo ele, Surpreendentemente, apenas a produção de petróleo da região da Bacia do Permiano, no oeste do Texas, está agora em 3,2 milhões de barris, mais do dobro da produção da Venezuela, de 1,47 milhão de bpd. Além disso, uma recente reportagem  sugere ainda que a produção de petróleo da Venezuela pode cair abaixo de 1 milhão de bpd até o final de 2018.
Uma das principais lições econômicas do enorme contraste exibido pelo gráfico acima, ainda segundo Perry, é o estrondoso sucesso da produção de energia em um país capitalista como os EUA, alimentado por inovações e avanços nas tecnologias de perfuração, e caracterizado por empresas privadas que exploram petróleo em propriedades privadas.
Esse sucesso está em frontal contraste com o dramático fracasso da produção de energia na Venezuela socialista, que nacionalizou a produção de petróleo cerca de uma década atrás, apreendendo os ativos de algumas das maiores empresas petrolíferas do mundo, entre elas a ExxonMobil, ConocoPhillips e Chevron. E agora, apesar de estarem sentados em cima das maiores reservas provadas de petróleo do mundo, os venezuelanos passam fome, catam lixo pelas ruas e fogem do inferno para os países vizinhos como podem, muitas vezes caminhando centenas de quilômetros.
Como ensinou Adam Smith, políticos e burocratas que promovem políticas socialistas redistributivas geralmente agem como se as pessoas fossem apenas objetos inertes que podem ser movidos aqui e ali, como peças em um tabuleiro de xadrez. Porém, como os seres humanos têm suas próprias respostas às políticas do governo, é altamente imprudente supor que todas as políticas terão o efeito pretendido. Na verdade, a maioria tem efeito inverso.
Ademais, como ensina Thomas Sowell, os espoliadores só podem confiscar a riqueza que existe num determinado momento. Eles não podem confiscar a riqueza futura, que ainda não foi criada – até porque é improvável que ela seja produzida quando as pessoas perceberem que será confiscada.  Os agricultores da antiga União Soviética, por exemplo, reduziram o tempo e o esforço que investiam no cultivo quando perceberam que o governo tomaria uma grande parte da colheita. Além disso, abatiam e comiam animais jovens que normalmente cuidariam e alimentariam, aguardando a maturidade para o abate. O resultado foi fome, miséria e milhões de mortos.
Entre os ativos mais valiosos em qualquer nação estão os conhecimentos, habilidades e experiência produtiva, que os economistas chamam de “capital humano”. Quando pessoas bem-sucedidas, detentoras de muito capital humano, abandonam o país, voluntariamente ou por causa de governos e/ou multidões hostis, não raro lideradas por demagogos que exploram a inveja da população, danos permanentes serão causados ​​à economia que eles deixam para trás.
As políticas confiscatórias de Chávez/Maduro levaram muitos venezuelanos de sucesso a fugir do país, além de empresas estrangeiras que foram expulsas e/ou abandonaram os negócios na Venezuela, deixando suas riquezas físicas para trás. Muitos dos refugiados voltaram a prosperar em outros países, graças ao capital humano que levaram consigo, enquanto a riqueza física que deixaram na Venezuela não impediu o povo que lá ficou de ser atingido pela pobreza extrema que vemos hoje estampada nos jornais e na TV.
A experiência venezuelana, embora altamente trágica para os seus cidadãos, é uma lição histórica sem preço para seus vizinhos latino-americanos, cuja maioria ainda flerta com a utopia socialista, mesmo que esta jamais tenha funcionado, onde quer que tenha sido tentada.


Rodrigo Constantino

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