Candidato do PSL disse que vai abrir espaço a todos os partidos em seu governo, à exceção de PT, PCdoB e Psol
Jair Bolsonaro disse que não vai participar de conversas com Congresso | Foto: Ricardo Giusti
Em entrevista exclusiva à Rádio Guaíba durante o roteiro que fez no RS, o candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro, disse que, se eleito, à exceção de PT, PCdoB e Psol, procurará por representantes de todos os partidos, inclusive MDB e PSDB. Mas assinalou que não vai participar de negociações com o Congresso. “Não vou debater com o Parlamento, não é minha atribuição. Vou ter meu chefe da Casa Civil”, resumiu, fazendo um gesto na direção do deputado federal gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM). Presidente estadual do DEM e coordenador da campanha de Bolsonaro no RS, Onyx não apenas acompanhou toda a entrevista como, diante das perguntas, fazia sinais constantes a Bolsonaro, indicando a linha a ser seguida nas respostas.
Apesar do tom ameno mantido por Bolsonaro ante questionamentos que priorizaram temas econômicos e a apresentação de propostas concretas para áreas como segurança e previdência, seu embaraço ou resistência em responder de forma objetiva a assuntos que tratam da economia ficou evidente. Questionado sobre se pretende privatizar a Eletrobrás, a Petrobras e o saneamento básico, levou 14 minutos para responder. Negou ser nacionalista. “Não sou nacionalista, sou patriota, é bem diferente.” Falou sobre uma portaria que autorizou a importação de bananas do Equador, sobre a indústria de multas no trânsito, sobre os gatos na rede de energia elétrica, sobre a existência de 50
estatais deficitárias que teriam sido criadas para abrigar petistas. Instado a citar algumas, preferiu informar que a lista está com sua equipe econômica.
Ao final, deu uma resposta ambígua sobre o setor energético. “Tudo o que gera energia, o modelo precisa ser muito bem definido. Não podemos abrir para o capital de fora a questão energética.” Admitiu ter votado favoravelmente ao projeto que retirou a obrigatoriedade de a Petrobras participar da exploração do petróleo do pré-sal, repetindo que parte da companhia pode ser privatizada. E, sobre o saneamento, divagou: “Depende de onde vou tirar recurso do orçamento. Tenho uma proposta de planejamento familiar. Porque você não vai querer ter um filho a mais para entrar no Bolsa Família ou no Brasil Carinhoso. Mas muitos homens e mulheres se empolgam com isso.”
Sobre previdência, limitou-se a dizer que pretende acabar com os supersalários e as incorporações, admitindo que seu eventual futuro ministro da Fazenda, o economista Paulo Guedes, pretende criar uma nova previdência. E deixou sem resposta a pergunta sobre a taxa Selic, apesar dos sinais de Onyx para que indicasse que ela cairia.
Bolsonaro ficou mais à vontade nos temas em que sabe que cresce ao anunciar alternativas duras, mesmo que elas possam ferir direitos ou que não exista comprovação sobre sua eficácia. Sobre como pretende enfrentar a sucessão de problemas em que se transformou a questão carcerária, com destaque para a superlotação dos presídios e o fato de 40% da população carcerária ser de presos provisórios, não hesitou: “No que depender de mim, vamos continuar prendendo sim, e vou dificultar e muito a vida de quem quer sair.” Também não se perturbou quando informado sobre o êxito de programas de recuperação de menores infratores. Respondeu lembrando um caso específico, o do matador Champinha. “Essa molecada que equivale a 0,2% dos que cometem esse tipo de delito não pode ser tratada como pessoas a quem se deva dar outra chance.”
Aproveitou para criticar ou minimizar a importância de quem já confrontou ou confronta suas atitudes, como a deputada federal petista gaúcha Maria do Rosário e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. “A Raquel Dodge fez uma coletânea de frases atribuídas a mim e entrou com uma ação. Fez um sarapatel.” Nominalmente, ironizou alguns dos adversários na disputa presidencial, como Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes Gomes (PDT).
Sobre ao que atribui os constantes embates com a imprensa, os movimentos de direitos humanos, ativistas e adversários políticos, citou uma passagem bíblica e emendou: “Tem que ter posição. Não fico procurando sarna para me coçar. Vocês é que me procuram.”
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário