Evolução do petista nas pesquisas acentuou estratégia dos rivais na reta final
Evolução do petista nas pesquisas acentuou estratégia dos rivais na reta final | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP
Segundo colocado nas pesquisas eleitorais, o candidato do PT, Fernando Haddad, foi o principal alvo de ataques no debate SBT/UOL/Folha de S. Paulo entre presidenciáveis nesta quarta-feira. Ele foi atacado inclusive por adversários do campo da esquerda e centro, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Desde que foi apresentado como cabeça de chapa petista, o ex-prefeito está em curva crescente nas pesquisas - hoje aparece com 21% das inteções de voto, segundo levantamento Ibope/Estadão/TV Globo. A estratégia do voto útil foi deixada de lado, exceto nas considerações finais do encontro.
Logo no primeiro bloco, o ex-ministro travou embate com Marina, colega de Esplanada durante a gestão de Lula. A candidata lembrou que Haddad foi "pedir benção" do senador Renan Calheiros (MDB), que apoiou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. "Quem botou o Temer lá foram vocês. Ele traiu a Dilma e não teria conseguido chegar à Presidência se não fosse a oposição", rebateu Haddad.
Marina disse ainda que num possível segundo turno entre o petista e Bolsonaro, como indicam as pesquisas, ela não apoiaria nenhum dos dois. Em 2014, a candidata apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).
Outro ex-ministro da era petista, Ciro Gomes criticou ainda mais diretamente o partido de Haddad. "Se puder governar sem o PT, eu prefiro. Nesse momento, o PT representa uma coisa muito grave porque transformou-se numa estrutura de poder odienta que acabou criando o Bolsonaro, essa aberração".
Pouco depois, questionado sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu eventual governo, Haddad desviou da pergunta para rebater a crítica de Ciro. "Acabo de ver Ciro dizendo que não pretende governar com o PT, mas poucos meses atrás me convidava para ser vice, dizendo que seria a chapa do dream team. Não é assim que se faz política, demonizando quem não está junto."
O candidato do Podemos, Alvaro Dias, lembrou das denúncias de corrupção contra o PT e do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
O tucano Geraldo Alckmin repetiu a estratégia de se colocar como alternativa à polarização. "De um lado a volta do PT, que levou o País a 13 milhões de desempregados, uma irresponsabilidade nas contas públicas, um projeto de poder só de ganhar eleição. O Brasil para eles é secundário. De outro lado, evitar a insensatez de um candidato que não tem as menores condições, que representa o que há de mais atrasado na política, uma intolerância num país tão plural como o Brasil", disse.
Depois do debate, Haddad minimizou os atritos com Ciro e Marina. Segundo ele, os embates não inviabilizam um apoio deles à sua candidatura num segundo turno. "Essas coisas mudam. Eu adoro a Marina", relatou. Já a candidata da Rede reiterou seu posicionamento a respeito do segundo turno e disse que não dialoga com quem foi pego no "dopping da Lava Jato". A presidenciável contou que já conversou com Ciro e Alvaro durante a pré-campanha.
O debate desta quarta-feira contou com a volta de Cabo Daciolo (Patriota), que arracou risadas da plateia em diferentes momentos. Ao final do debate, Ciro não deu entrevista, mas, questionado sobre o que achou do encontro, disse que "pelo menos, deu pra dar risada".
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
Pesquisa Ibope aponta Bolsonaro com 27% e Fernando Haddad com 21%
Presidenciáveis ampliam ataques em debate, mas poupam Bolsonaro
Irineu Machado, gerente-geral de Notícias
O debate com os presidenciáveis realizado nesta quarta-feira refletiu a briga nas pesquisas mais recentes por uma vaga no segundo turno: os candidatos subiram um pouco o tom em relação ao que vinham adotando em eventos similares. Ausente devido ao atentado a faca sofrido no último dia 6, Jair Bolsonaro (PSL) não foi alvo de críticas de seus rivais.
O evento, realizado pelo UOL, em parceria com o SBT e a "Folha de S.Paulo", aconteceu logo após a divulgação de nova pesquisa eleitoral do Ibope (encomendada pela CNI). Praticamente sem alterações em relação à pesquisa do Ibope de dois dias antes, o levantamento mostrou Jair Bolsonaro com 27%, Fernando Haddad com 21%, Ciro Gomes com 12%, Geraldo Alckmin com 8% e Marina Silva com 2% das intenções de voto.
Depois da revelação pela Folha de S.Paulo de que Ana Cristina Valle, sua ex-mulher, segundo documento do Itamaraty, alegou que tinha sido ameaçada de morte por ele, Bolsonaro foi às redes sociais hoje para afirmar que "insistem em falácias".
O candidato mais próximo de Bolsonaro nas pesquisas, Haddad, disse que não fará ataques aos adversários de campanha e afirmou que "o Brasil não quer ditadura".
Em Curitiba, a Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira o ex-secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, conhecido como Pepe Richa. Irmão do ex-governador Beto Richa (PSDB) teve prisão temporária decretada pela Operação Lava Jato em investigações sobre casos de corrupção envolvendo a concessão de rodovias federais no Paraná.
Resumo do dia
De olho no 2º turno, presidenciáveis ampliam ataques, mas poupam Bolsonaro
Ibope: Bolsonaro tem 27%; Haddad, 21%; Ciro, 12%; Alckmin, 8%; e Marina, 6%
Jair Bolsonaro afirma que 'insistem em falácias e rótulos' contra ele
Lava Jato prende irmão de Beto Richa, e primo tem prisão decretada
Josias de Souza: Vice de Anastasia já admite o apoio a Jair Bolsonaro
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