segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Fascismo - História virtual



Fascismo

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Fascismo é uma forma de radicalismo político autoritário nacionalista[1][2] que ganhou destaque no início do século XX na Europa e teve origem na Itália. Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um Estado totalitário que promove a vigilância,[3] um estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional,[4][5] confiando em um partido de vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas,[6] hostis a todas as vertentes do marxismo, desde o comunismo totalitário ao socialismo democrático.[7]

Os movimentos fascistas compartilham certas características comuns, incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. O fascismo vê a violência política, a guerra, e o imperialismo como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional[4][8][9][10] e afirma que as nações e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando ou eliminando aquelas consideradas fracas ou inferiores,[11] como no caso da prática fascista modelada pelo nazismo.[12]

O fascismo tomou emprestado teorias e terminologias do socialismo e aplicou-as sob o ponto de vista que o conflito entre as nações e raças fosse mais significativo, mas também tendo foco em acabar com as divisões de classes dentro da nação.[13] Defendeu uma economia mista, com o objetivo principal de conseguir autarquia para garantir a auto-suficiência, e a independência nacional através de protecionismo e políticas econômicas que intercalam intervencionismo e privatização.[5][14][15] O fascismo sustenta o que é, às vezes, chamado de Terceira posição entre o capitalismo e o socialismo marxista.[16]

Influenciados pelo sindicalismo nacional, os primeiros movimentos fascistas surgiram na Itália, cerca da Primeira Guerra Mundial, combinando elementos da política de esquerda[17] com mais tipicamente a política de direita, em oposição ao socialismo, ao comunismo, à democracia liberal e, em alguns casos, ao conservadorismo tradicional. Embora o fascismo seja geralmente colocado na extrema-direita[18] no tradicional espectro esquerda-direita, alguns comentaristas argumentam que a descrição é inadequada.[19][20][21][22] Benito Mussolini, em A Doutrina do Fascismo, afirmou que o fascismo era uma ideologia de direita.[23][24][25][26]

Índice

Etimologia

O termo fascismo é derivado da palavra em latim fasces,[27] que designava um feixe de varas amarradas em volta de um machado,[28] e que foi um símbolo do poder conferido aos magistrados na República Romana de flagelar e decapitar cidadãos desobedientes.[29] Eram carregados por lictores e poderiam ser usados para castigo corporal e pena capital a seu próprio comando.[30][31] Mussolini adotou esse símbolo para o seu partido, cujos seguidores passaram a chamar-se fascistas.[32]

O simbolismo dos fasces sugeria "a força pela união": uma única haste é facilmente quebrada, enquanto o feixe é difícil de quebrar.[33] Símbolos semelhantes foram desenvolvidos por diferentes movimentos fascistas. Por exemplo, o símbolo da Falange Espanhola é composto de cinco flechas unidas por uma parelha.[34]

Definições

Historiadores, cientistas políticos e outros estudiosos têm debatido por muito tempo a natureza exata do fascismo.[35] Cada forma de fascismo é diferente, deixando muitas definições amplas ou restritas demais.[36][37]

Uma definição comum de fascismo se concentra em três grupos de ideias:

  • As negações fascistas de anti-liberalismo, anti-comunismo e anti-conservadorismo.
  • Objetivos nacionalistas e autoritários para a criação de uma estrutura econômica regulada para transformar as relações sociais dentro de uma cultura moderna, auto-determinada.
  • Uma estética política usando simbolismo romântico, mobilização em massa, visão positiva da violência, promoção da masculinidade e da juventude e liderança carismática.[38][39][40]

Roger Griffin descreve o fascismo como "um gênero de ideologia política cujo núcleo mítico em suas várias permutações é uma forma palingenética de ultranacionalismo populista".[19] Griffin descreve a ideologia como tendo três componentes principais: "(i) o mito do renascimento, (ii) populista ultra-nacionalismo e (iii) o mito da decadência".[19] O fascismo é "uma forma verdadeiramente revolucionária, anti-liberal, multiclasse, e, em última análise, nacionalista anti-conservadora" construído sobre uma complexa gama de influências teóricas e culturais. Ele distingue um período entre-guerras quando se manifestou através de "partidos políticos armados" liderados por elites populistas se opondo ao socialismo e ao liberalismo e prometendo uma política radical para salvar o país da decadência.[41]

Robert Paxton vê o fascismo como "uma forma de comportamento político marcado pela preocupação obsessiva com o declínio da comunidade, humilhação ou vitimização e pelo culto compensatório da unidade, energia e pureza, na qual um partido de massas de militantes nacionalistas comprometidos, trabalhando em inquieta, mas colaborativamente efetiva com as elites tradicionais, abandona as liberdades democráticas e persegue com violência redentora e sem restrições éticas ou legais de limpeza interna e expansão externa".[42]

Para Umberto Eco, o fascismo se baseia no culto a tradição, a rejeição ao modernismo, o culto à ação pela ação, na comparação forçada entre dissidência e traição, o medo da diferença, o apelo a frustração social, a obsessão pelo golpismo, na alta expectativa quanto a força do adversário, na consideração do pacifismo como envolvimento com o inimigo, o desprezo pelo fraco, a educação para o heroísmo, o patriarcalismo bélico, um populismo seletivo e o uso de novilíngua.[43]

Emilio Gentile descreve o fascismo com os seguintes dez elementos constitutivos:[44]

  1. um movimento de massa de adesão multiclasse em que prevalecem, entre os líderes e os militantes, os setores médios, em grande parte, novos na atividade política, organizados como uma milícia partidária, que baseiam sua identidade não em hierarquia social ou origem de classe, mas em um sentido de camaradagem, acredita-se investido de uma missão de regeneração nacional, considera-se em estado de guerra contra adversários políticos e visa conquistar o monopólio do poder político por meio do terror, política parlamentar e acordos com grupos maiores, para criar um novo regime que destrói a democracia parlamentar;
  2. uma ideologia "anti-ideológica" e pragmática que se proclama antimaterialista, anti-individualista, antiliberal, antidemocrática, anti-marxista, mas populista e anticapitalista em tendência, se expressando esteticamente mais que, teoricamente, por meio de um novo estilo de política e por mitos, ritos e símbolos, como uma religião leiga projetada para aculturar, socializar e integrar a fé das massas com o objetivo de criar um "Novo Homem";
  3. uma cultura fundada no pensamento místico e o no sentido trágico e ativista da vida concebida como a manifestação da vontade de poder, sobre o mito da juventude como artífice da história, e na exaltação da militarização da política como modelo de vida e atividade coletiva;
  4. uma concepção totalitária do primado da política, concebida como uma experiência de integração para realizar a fusão do indivíduo e das massas na unidade orgânica e mística da nação como uma comunidade étnica e moral, a adoção de medidas de discriminação e perseguição contra aqueles considerados fora desta comunidade quer como inimigos do regime ou membros de raças consideradas inferiores ou perigosas para a integridade da nação;[12]
  5. uma ética civil, fundada em total dedicação à comunidade nacional, sobre a disciplina, a virilidade, a camaradagem e o espírito guerreiro;
  6. um Estado de partido único que tem a tarefa de prover a defesa armada do regime, a seleção de seus quadros de direção e organização das massas no interior do estado, em um processo de mobilização permanente de emoção e da fé;
  7. um aparato policial que impede, controla e reprime a dissidência e a oposição, mesmo usando o terror organizado;
  8. um sistema político organizado pela hierarquia de funções nomeadas a partir do topo e coroado pela figura de "líder", investido com um carisma sagrado, que comanda, dirige e coordena as atividades do partido e do regime;
  9. defesa armada do regime, a seleção de seus quadros de direção e organização das massas no interior do estado, em um processo de mobilização permanente de emoção e da fé;
  10. organização corporativa da economia que suprime a liberdade sindical, amplia a esfera de intervenção do Estado, e visa alcançar, por princípios de tecnocracia e solidariedade, a colaboração dos "setores produtivos" sob o controle do regime, para alcançar seus objetivos de poder, ainda preservando a propriedade privada e as divisões de classe;
  11. uma política externa inspirada no mito do poder nacional e grandeza, com o objetivo de expansão imperialista.

Stanley G. Payne descreve o fascismo em três setores de características:[45]

  1. Ideologia e objetivos
    1. "Adoção de uma filosofia idealista, vitalista e voluntarista, normalmente envolvendo a tentativa de realizar uma nova cultura auto-determinada, secular e moderna"
    2. "Criação de um novo Estado autoritário nacionalista não baseado em princípios ou modelos tradicionais"
    3. "Organização de uma nova estrutura econômica nacional integrada, altamente regulada, multiclasse; seja chamada de corporativista nacional, nacional-socialista, nacional sindicalista"
    4. "Avaliação positiva e uso, ou vontade de usar a violência e a guerra"
    5. "O objetivo do império, expansão ou uma mudança radical na relação do país com as outras potências"
  1. Negações:
    1. "Antiliberalismo"
    2. "Anticomunismo"
    3. "Anticonservacionismo (embora com o entendimento de que grupos fascistas estavam dispostos a realizar alianças temporárias com outros setores, mais comumente com a direita)"
  1. Estilo e organização
    1. "Tentativa de mobilização de massas com a militarização das relações políticas e estilo e com o objetivo de uma milícia de massa de partido único"
    2. "Ênfase na estrutura estética em encontros, símbolos e liturgia política, enfatizando aspectos emocionais e místicos"
    3. "Estresse extremo no princípio masculino e na dominação masculina, enquanto defendendo uma visão fortemente orgânica da sociedade"
    4. "Exaltação da juventude acima de outras fases da vida, enfatizando o conflito das gerações, pelo menos, para efetuar a transformação política inicial"
    5. "Tendência específica em direção a um estilo autoritário, carismático e pessoal de comando, se o comando for, em certa medida, inicialmente eletivo"
Posição no espectro político

Ver artigo principal: Espectro político

Logotipo do Partido Nacional Fascista

O fascismo é comumente descrito como extrema-direita[46][47] embora alguns autores têm encontrado dificuldade em colocar o fascismo em um espectro político esquerda-direita convencional.[6][48][49][50][51] O fascismo foi influenciado pela esquerda e pela direita, conservadores e anti-conservadores, nacionais e supranacionais, racionais e anti-racionais.[41] Um número de historiadores têm considerado o fascismo ou como uma doutrina centrista revolucionária, ou uma doutrina que mistura filosofias da esquerda e da direita, ou como ambas as coisas,[6][51] não existindo assim, um puro centro, indistinto e não adjetivado, nem uma pura posição extrema.[52]

O fascismo é considerado por alguns estudiosos como de extrema-direita por causa de seu conservadorismo social e meios autoritários de oposição ao igualitarismo.[26][53] Roderick Stackleberg coloca o fascismo, incluindo o nazismo, que ele diz ser "uma variante radical do fascismo", do lado direito, explicando que "quanto mais a pessoa considerar a igualdade absoluta entre todos os povos para ser uma condição desejável, mais à esquerda vai estar no espectro ideológico. Quanto mais uma pessoa considera a desigualdade como inevitável ou mesmo desejável, o mais para a direita será".[54]

O fascismo italiano gravitou para a direita no início de 1920.[55][56] Um elemento importante do fascismo, que tem sido considerado como claramente de extrema-direita é o seu objetivo de promover o direito das pessoas alegadamente superiores terem dominação enquanto removendo elementos ditos inferiores da sociedade.[57]

Benito Mussolini em 1919 descreveu o fascismo como um movimento que atingiria "contra o atraso da direita e a destrutividade da esquerda".[58] Mais tarde, os fascistas italianos descreveram o fascismo como uma ideologia de extrema-direita em seu programa político A Doutrina do Fascismo, afirmando: "Somos livres para acreditar que este é o século da autoridade, um século tendendo para a 'direita', um século fascista".[59][60] No entanto, Mussolini esclareceu que a posição do fascismo no espectro político não era um problema sério para os fascistas e declarou que:

Fascismo, sentado à direita, também poderia ter sentado na montanha do centro... Estas palavras, de qualquer caso, não tem um significado fixo e imutável: eles têm um assunto variável em localização, tempo e espírito. Nós não damos a mínima para essas terminologias vazias e desprezamos aqueles que são aterrorizados por essas palavras. Benito Mussolini[61]

A posição de direita política no movimento fascista italiano no início de 1920 levou à criação de facções internas. A "esquerda fascista" incluiu Michele Bianchi, Giuseppe Bottai, Angelo Oliviero Olivetti, Sergio Panunzio e Edmondo Rossoni, que estavam comprometidos com o avanço do sindicalismo nacional como um substituto para o liberalismo parlamentar a fim de modernizar a economia e avançar os interesses dos trabalhadores e do povo.[62]

A "direita fascista" incluiu membros do paramilitar Squadristi e ex-membros da Associazione Nazionalista Italiana (ANI).[62] Os squadristi queriam estabelecer o fascismo como uma ditadura completa, enquanto os ex-membros ANI, incluindo Alfredo Rocco, procuravam um estado corporativista autoritário para substituir o Estado liberal na Itália, mantendo as elites existentes. No entanto, após acomodar a direita política, surgiu um grupo de fascistas monarquistas, que procuraram usar o fascismo para criar uma monarquia absoluta sob o rei Vítor Emanuel III da Itália.[62]

Depois que Vítor Emanuel III forçou Mussolini a renunciar como chefe de governo e o colocou na prisão, em 1943, Mussolini foi resgatado por forças alemãs e então passou a depender da Alemanha para ter apoio. Mussolini e os demais fascistas leais fundaram a República Social Italiana, com Mussolini como chefe de Estado. Mussolini procurou radicalizar o fascismo italiano, declarando que o Estado fascista havia sido derrubado porque o fascismo italiano tinha sido subvertido pelos conservadores e a burguesia italianos. Em seguida, o novo governo fascista propôs a criação de conselhos de trabalhadores e participação nos lucros da indústria, no entanto a autoridade alemã que efetivamente controlava o território da República Social (norte da Itália), neste ponto, ignorou estas medidas e não procurou aplicá-las.[63]

Uma série de movimentos fascistas descreveram-se como uma "terceira posição" fora do espectro político tradicional.[64] O líder falangista espanhol José António Primo de Rivera disse:

Basicamente, a direita significa a manutenção de uma estrutura econômica, ainda que uma injusta, enquanto a esquerda tenta subverter essa estrutura econômica, embora a subversão da mesma implicaria a destruição de muita coisa que vale a pena.[65]

Na análise política contemporânea, pode-se caracterizar o fascismo por uma "especificidade perturbadora". Por um lado, trata-se de doutrina claramente antimarxista, antidemocrática e que no regime italiano gerou a perseguição da classe operária. Por outro lado, professou o antiliberalismo com uma retórica revolucionária anticapitalista e antiburguesa.[66]

História

Fin de siècle a fusão do maurrasismo com sorelianismo (1880–1914)

As raízes ideológicas do fascismo foram traçados em 1880, e em particular o tema do fin de siècle da época.[67][68] O tema foi baseado na revolta contra o materialismo, o racionalismo, o positivismo, a sociedade burguesa e a democracia.[69] a geração do fin-de-siècle apoiou o emocionalismo, o irracionalismo, o subjetivismo e o vitalismo.[70] A mentalidade do fin-de-siècle viu a civilização como em crise e que exigia uma solução massiva e total; as escolas intelectuais do fin-de-siècle considerava o indivíduo como apenas uma parte da colectividade maior, o que não deveria ser visto como uma soma numérica atomizada de indivíduos eles condenaram o individualismo racionalista da sociedade liberal e a dissolução dos laços sociais na sociedade burguesa.[69]

O ponto de vista do fin-de-siècle foi influenciado por vários desenvolvimentos intelectuais, como a biologia de Darwin biology; a estética de Wagner; o racialismo de Arthur de Gobineau; a psicologia de Gustave Le Bon; e filosofias de Friedrich Nietzsche, Fiódor Dostoiévski e Henri Bergson.[71] O darwinismo social, que ganhou ampla aceitação, não fazia distinção entre a vida física e social, visto a condição humana como sendo uma luta incessante para atingir a sobrevivência do mais apto.[71] O darwinismo social desafiou alegação de escolha deliberada e racional do positivismo como o comportamento determinante dos seres humanos, o darwinismo social concentrou-se em hereditariedade, raça e meio ambiente[71] e a ênfase na identidade do biogrupo e o papel das relações orgânicas dentro das sociedades promoveram legitimidade e apelo para o nacionalismo.[72] Novas teorias da psicologia social e política também rejeitaram a noção de comportamento humano de ser governado por escolha racional, e, em vez alegou que a emoção era mais influente em questões políticas do que a razão.[71] O argumento de Nietzsche de que "Deus Está Morto" coincidiu com o ataque à "mentalidade de rebanho" do cristianismo, a democracia e o coletivismo moderno, o seu conceito de übermensch (ver: Novo Homem) e sua defesa da vontade de poder como um instinto primordial, tiveram grandes influências sobre muitos da geração fin-de-siècle.[73] A afirmação de Bergson da existência de um "élan vital" ou instinto vital centrava-se na livre escolha e rejeitou os processos do materialismo e do determinismo, isto desafiou o marxismo.[74]

Charles Maurras

Georges Sorel

Enrico Corradini

Gaetano Mosca em sua obra A classe dominante (1896) desenvolveu a teoria que afirma que em todas as sociedades uma "minoria organizada" vai dominar e governar sobre a "maioria desorganizada".[75][76]Mosca afirma que existem apenas duas classes na sociedade "o governo" (a minoria organizada) e os "governados" (a maioria desorganizada).[77] Ele afirma que a natureza organizada da minoria organizada a torna irresistível a qualquer indivíduo da maioria desorganizada.[77]

O conceito de propaganda da escritura do anarquista Mikhail Bakunin , salientou a importância da ação direta como o principal meio das políticas, incluindo a violência revolucionária, isso se tornou popular entre os fascistas que admirava o conceito e o adotaram como parte do fascismo.[78]

O francês nacionalista e reacionário monárquico Charles Maurras influenciou o fascismo.[79] Maurras promoveu o que chamou de "nacionalismo integral", apelando para a unidade orgânica de uma nação, Maurras insistiu que um poderoso monarca era um líder ideal de uma nação. Maurras desconfiava do que ele considerava a mistificação democrática da vontade popular que criaria um sujeito coletivo impessoal. Ele alegou que um poderoso monarca era um soberano personificada que poderia exercer a autoridade para unir as pessoas de uma nação. O "nacionalismo integral" de Maurras foi idealizado pelos fascistas, mas modificado para uma forma revolucionária modernizada.[79]

O revolucionário francês e sindicalista Georges Sorel promoveu a legitimidade da violência política em sua obra Reflexões sobre Violência (1908) e outras obras em que defendeu a ação sindicalista radical para alcançar uma revolução e derrubar o capitalismo e a burguesia através de greve geral.[80] Em Reflexões sobre Violência, Sorel enfatizou a necessidade por uma religião política revolucionária.[81] Além disso, em sua obra As ilusões do progresso, Sorel denunciou a democracia como reacionária, dizendo que "nada é mais aristocrático do que a democracia."[82] Em 1909, após o fracasso de uma greve geral sindicalista na França, Sorel e seus partidários deixaram a esquerda radical e foram para a direita radical, onde procuraram mesclar catolicismo militante e patriotismo francês, com seus pontos de vista - defendendo patriotas anti-republicanos cristão francês como ideais revolucionários.[83] Inicialmente Sorel tinha sido oficialmente um revisionista do marxismo, mas em 1910 anunciou o seu abandono da literatura socialista e afirmou, em 1914, usando um aforismo de Benedetto Croce que "o socialismo está morto" por causa da "decomposição do marxismo".[84] Maurras teve interesse em fundir seus ideais nacionalistas com o sindicalismo soreliano como um meio de enfrentar a democracia.[85] Maurras afirmou "um socialismo liberado do elemento democrático e cosmopolita se encaixa no nacionalismo como uma bela luva se encaixa uma bela mão."[86]

A fusão do nacionalismo maurassiano com o sindicalismo de Sorel influenciou o radical e nacionalista italiano Enrico Corradini.[87] Corradini falou da necessidade de um movimento de sindicalismo nacional, liderado por aristocratas elitistas e anti-democratas que compartilhavam um compromisso sindicalista revolucionário para dirigir a ação e desejosos por lutar.[87] Corradini falou da Itália como uma "nação proletária" que precisava perseguir o imperialismo, a fim de desafiar a "plutocracia" francesa e britânica.[88] Pontos de vista de Corradini faziam parte de um conjunto mais amplo de percepções dentro da direita Associação Nacionalista Italiano (ANI), que alegou que o atraso econômico da Itália foi causado pela corrupção da sua classe política, o liberalismo e a divisão causada por um "socialismo ignóbil", a ANI manteve laços e influências entre os conservadores, os católicos e a comunidade empresarial.[88] Sindicalistas nacionais italianos realizaram um conjunto de princípios comuns: a rejeição de valores burgueses , a democracia, o liberalismo, o marxismo, o internacionalismo e o pacifismo, bem como a promoção de heroísmo, vitalismo e violência.[89] A ANI alegou que a democracia liberal não era mais compatível com o mundo moderno e defendeu um Estado forte e o imperialismo, afirmando que os seres humanos são naturalmente predatórios e que as nações estavam em uma luta constante, no qual apenas os mais fortes poderiam sobreviver.[90]

O futurismo foi ao mesmo tempo um movimento artístico-cultural e, inicialmente, um movimento político na Itália, liderado por Filippo Tommaso Marinetti, fundador do Manifesto Futurista (1908), defendeu as causas do modernismo, a ação e a violência política como elementos necessários de política, enquanto denunciava o liberalismo e a política parlamentar. Marinetti rejeitou a democracia convencional com base na regra da maioria e igualitarismo, promovendo uma nova forma de democracia que descreveu em sua obra "A concepção futurista da democracia".[91]

O futurismo influenciou o fascismo em sua ênfase em reconhecer a natureza viril da ação violenta e a guerra como sendo necessidades da civilização moderna.[92] Marinetti promoveu a necessidade de treinamento físico aos jovens, dizendo que na educação masculina, a ginástica deve ter precedência sobre os livros, e defendia a segregação dos sexos sobre esta matéria, em que a sensibilidade feminina não deve entrar na educação de homens que Marinetti alegou devem ser "animados, belicosos, musculares e violentamente dinâmicos".[93]

Primeira Guerra Mundial e após (1914-1929)

Ver artigo principal: Itália fascista

Benito Mussolini em 1917, como soldado na Primeira Guerra Mundial.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914, a esquerda política italiana ficou gravemente dividida sobre sua posição a respeito da guerra. O Partido Socialista Italiano (PSI) se opôs à guerra por razões de internacionalismo, mas um número de sindicalistas revolucionários italianos apoiaram a intervenção contra a Alemanha e a Áustria-Hungria, alegando que os seus regimes reacionário precisavam ser derrotados para garantir o sucesso do socialismo.[94] Corradini apresentou a mesma necessidade para a Itália como uma "nação proletária" de derrotar a Alemanha reacionária de uma perspectiva nacionalista.[95] As origens do fascismo italiano resultou dessa divisão, primeiro com Angelo Oliviero Olivetti formando um pró-intervencionismo fasci chamado Fasci d'Azione Internazionalista em outubro de 1914.[94] Benito Mussolini após ser expulso de sua posição como editor-chefe do jornal Avanti! do PSI por sua postura pró-Entente, aderiu à causa intervencionista em um fasci separado.[96] O termo "fascismo" foi usado pela primeira vez em 1915 por membros do movimento de Mussolini, o Fasci d'Azione Rivoluzionaria.[97]

Os fascistas viram a Primeira Guerra Mundial como uma forma para trazer mudanças revolucionárias na natureza da guerra, da sociedade, do Estado e da tecnologia, como o advento da guerra total e da mobilização em massa havia quebrado a distinção entre civis e combatentes, assim como civis tiveram um papel crítico na produção econômica para o esforço de guerra e, assim, surgiu uma "cidadania militar", no qual todos os cidadãos estavam envolvidos com os militares, de alguma maneira durante a guerra.[5][98] A Primeira Guerra Mundial resultou na ascensão de um Estado forte, capaz de mobilizar milhões de pessoas para servir na linha de frente, ou proporcionar a produção econômica e de logística para apoiar aqueles na linha de frente, bem como tendo autoridade precedente para intervir na vida dos cidadãos .[5][98] Os fascistas viram o desenvolvimentos tecnológico do armamento e a mobilização total do estado de sua população na guerra como simbolizando o início de uma nova era de fusão do poder do Estado com a massa política, a tecnologia e particularmente o mito da mobilização que sustentavam havia triunfado sobre o mito do progresso e da era do liberalismo.[5]

Um grande evento que muito influenciou o desenvolvimento do fascismo foi a Revolução de Outubro de 1917, em que bolcheviques comunistas liderados por Vladimir Lenin tomaram o poder na Rússia. Em 1917, Mussolini como líder da Fasci d'Azione Rivoluzionaria elogiou a Revolução de Outubro, no entanto Mussolini tornou-se menos impressionado com Lenin, ao considerá-lo como apenas uma nova versão do czar Nicolau II.[99] Depois da Primeira Guerra, os fascistas comumente fizeram campanhas com agendas anti-marxistas,[100] no entanto, tanto o bolchevismo e o fascismo mantiveram semelhanças ideológicas: ambos defendiam uma ideologia revolucionária, ambos acreditavam na necessidade de uma elite de vanguarda, ambos têm desprezo pelos valores burgueses e ambos tinham ambições totalitárias.[100] Na prática, o fascismo e o bolchevismo comumente enfatizaram a ação revolucionária, as teorias de nação proletária, os estados de partido único e partidos-exércitos.[100] Com o antagonismo entre os marxistas anti-intervencionistas e fascistas pró-intervencionistas completos até o final da guerra, os dois lados se tornaram irreconciliáveis. Os fascistas se apresentavam como anti-marxistas e ao contrário dos marxistas.[101]

Moradores de Fiume animam a chegada de Gabriele d’Annunzio e seus nacionalistas camisas negras. D'Annunzio e o fascista Alceste De Ambris desenvolveram a quasi-fascista Regência Italiana de Carnaro, uma cidade-Estado em Fiume.

O evento seguinte a influenciar os fascistas na Itália foi o ataque a Fiume (atual Rijeka) pelo nacionalista italiano Gabriele d’Annunzio e da fundação da Carta de Carnaro em 1920.[102]

Com a década de 1920, a atividade grevista de militantes por parte dos trabalhadores industriais atingiu o seu auge na Itália, onde 1919 e 1920 ficaram conhecidos como os "Anos Vermelhos". Mussolini e os fascistas se aproveitaram da situação, aliando-se com empresas industriais e atacando os trabalhadores e camponeses em nome da preservação da ordem e da paz interna na Itália.[103]

Os fascistas identificaram seus principais adversários como uma maioria de socialistas de esquerda que se opunham a intervenção na Primeira Guerra Mundial. Os fascistas e a direita política italiana tinham em comum: o desprezo pelo marxismo, a consciência de descontentamento das classes e ambos acreditavam em um governo de elites; fascistas ajudaram a campanha anti-socialista se aliando a outros partidos e à conservadora direita em um esforço mútuo para destruir o Partido Socialista Italiano e organizações sindicais comprometidas com a identidade de classe acima da identidade nacional.[104]

Antes da acomodação do fascismo na direita política, o fascismo foi um pequeno movimento urbano italiano que tinha cerca de mil membros; depois de sua associação com a direita, o número de membros passou de 250.000 por volta de 1921.[103]

Aumento internacional do fascismo e a Segunda Guerra Mundial (1929-1945)

Benito Mussolini (esquerda) e Adolf Hitler (direita)

Os movimentos fascistas cresceram com força no resto da Europa. O fascista húngaro Gyula Gömbös subiu ao poder como primeiro-ministro da Hungria em 1932 e tentou consolidar seu Partido de Unidade Nacional em todo o país, ele criou a jornada de trabalho de oito horas/dia, uma semana de quarenta e oito horas de trabalho para a indústria e procurou consolidar uma economia corporativista e perseguiu reivindicações irredentistas nos vizinhos da Hungria.[105] O movimento fascista Guarda de Ferro da Romênia cresceram em apoio político a partir de 1933, ganhando representatividade no governo romeno e um membro da Guarda de Ferro romena assassinou o primeiro-ministro Ion Duca.[105] Em 6 de fevereiro de 1934, a França enfrentou a maior crise política interna desde o Caso Dreyfus, quando os fascistas do Mouvement Franciste e vários movimentos de extrema-direita se revoltaram em massa em Paris contra o governo francês, resultando em grande violência política.[106] Uma variedade de governos para-fascistas que emprestavam elementos do fascismo foram formados durante a Grande Depressão, incluindo os da Grécia, Lituânia, Polônia e Iugoslávia.[105]

Os movimentos fascistas chegaram ao poder de forma endógena (ou seja, sem imposição externa) em alguns países mas não em outros. Os diferentes níveis de desenvolvimento econômico e à consolidação de um regime político dentro de um sistema político são bons indicadores para isso: as democracias estáveis e economicamente desenvolvidos, com uma identidade nacional consolidada, não tiveram movimentos fascista em potencial e de sucesso. Em contraste, a Alemanha e a Itália tiveram fraquezas nessas áreas: as unificações nacionais eram muito recentes (1870), as economias industrializadas estavam atrasadas (em relação à Europa). A Itália era ainda um país relativamente atrasado. A Alemanha havia introduzido um desenvolvimento econômico e social marcadamente acelerado (cerca de 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial) veio em condições particularmente duras através do Tratado de Versalhes, resultando em turbulência econômica séria durante todo o período entre guerras e um profundo ressentimento. No entanto, o triunfo do nazismo teve que esperar o pior da Grande Depressão depois da Terça-feira Negra de 1929.[107]

Pós-Segunda Guerra Mundial (1945 - presente)

Na sequência da Segunda Guerra Mundial, a vitória dos Aliados sobre as potências do Eixo levaram ao colapso vários regimes fascistas na Europa. O Julgamento de Nuremberg condenou vários líderes nazistas por crimes contra a humanidade, envolvendo o Holocausto. No entanto, ainda permaneceram várias ideologias e governos que foram ideologicamente ligados ao fascismo.

O Estado de um partido só do falangista Francisco Franco na Espanha ficou oficialmente neutro durante a Segunda Guerra Mundial e sobreviveu ao colapso das Potências do Eixo. A ascensão de Franco ao poder tinha sido assistida diretamente pelos militares da Itália fascista e da Alemanha nazista durante a Guerra Civil Espanhola, e tinha levado voluntários a lutar ao lado da Alemanha nazista contra a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Após a II Guerra Mundial e de um período de isolamento internacional, o regime de Franco normalizou as relações com as potências ocidentais durante a Guerra Fria, até a morte de Franco, em 1975, e a transformação da Espanha em uma democracia liberal.[carece de fontes]

Em várias democracias europeias coincide com a presença de extrema direita ou personalidades com um passado nazista ou fascista ganharam posições políticas Kurt Waldheim para a presidência da Áustria (1996) ou a entrada no governo de Jörg Haider, do Freiheitliche Partei Österreichs (Partido Liberal de Austria, FPÖ), em 1999. Na Holanda Lijst Pim Fortuyn (Lista Pim Fortuyn, LPF) em 2002.[108][109] o Movimento Popular Nacional Hrisi Avgi ("Aurora Dourada" em grego) estando atualmente no parlamento grego. O "Aurora Dourada" opõe-se à imigração e conquistou 18 dos 300 assentos no parlamento em junho de 2012.[110][111] Nas eleições municipais de novembro de 2010, a Aurora Dourada obteve 5,3% dos votos em Atenas. Em alguns bairros o partido chegou a obter 20% dos votos.[112]

Outra ideologia fortemente influenciado pelo fascismo é o baathismo.[5] O baathismo é uma ideologia árabe revolucionária que busca a unificação de todas as terras afirmadas árabes em um único Estado árabe.[5] Zaki al-Arsuzi, um dos principais fundadores, foi fortemente influenciado e também solidário ao fascismo e ao nazismo.[113] Vários colaboradores mais próximos do ideólogo chave do baatismo, Michel Aflaq, admitiram que Aflaq tinha sido inspirado diretamente por certos teóricos fascistas e nazistas.[5]

O Iraque Baathista sob Saddam Hussein objetivou a limpeza étnica ou a liquidação das minorias, guerras expansionistas contra o Irã e Kuwait, e gradualmente substituiu o pan-arabismo por um nacionalismo iraquiano que enfatizava a conexão do Iraque às glórias dos antigos impérios da Mesopotâmia, incluindo a Babilônia.[114] Abertamente promoveu o sentimento anti-persa e anti-semita, como o endosso da obra de Khairallah Talfah O Partido Baath do Iraque Deus não deveria ter criado: os persas, os judeus e as moscas (1940), durante a Guerra Irã-Iraque, incluindo outros trabalhos alegando uma conspiração judaico-persa contra o Iraque que remontaria aos tempos antigos, quando Nabucodonosor II perseguiu os judeus na Babilônia, enquanto a Pérsia permitiu que os judeus da Babilônia tivessem refúgio em suas terras.[115] O historiador do fascismo Stanley Payne disse sobre o regime de Saddam Hussein: "Provavelmente nunca haverá uma reprodução do Terceiro Reich, mas Saddam Hussein chegou mais perto do que qualquer outro ditador desde 1945".[114]

Cristianismo e fascismo

Ver artigos principais: Tratado de Latrão e Questão Romana

Papa Pio XI na inauguração da rádio Vaticano acompanhado do cardeal Pacelli, futuro papa Pio XII, em 1931.

Em 11 de fevereiro de 1929, Pietro Gaspari, Cardeal Secretário do Estado do Papa Pio XI e Mussolini, assinaram o Tratado de Latrão que colocava um fim na Questão Romana, a disputa de seis anos entre o papado e o reino da Itália.

O Tratado de Latrão de 1929 foi uma tentativa de acabar com um conflito que existia desde 1870-1871 entre o Estado italiano e a Igreja Católica Romana. Entre 1870 e 1929, os papas eram "prisioneiros do Vaticano", e eram opositores do "liberal" Estado italiano. A maioria dos políticos italianos eram abertamente anticlericais e procurou limitar o controle católico na educação e no casamento.[116]

Desde que Mussolini sabia ele não deveria atacar a Igreja Católica ou os seus apoiantes camponeses, ele posou como o "protetor" dos católicos italianos. Ele abriu negociações com o papado, em 1926, para curar a ferida entre a Igreja e o "poder usurpador", como oficiais da Igreja que se referiam ao Estado italiano. As negociações não foram fáceis, mas Mussolini logo mostrou que tinha vantagem quando proibiu a organização da juventude católica Exploratori cattolici.[117] A hierarquia da Igreja foi dividida entre "católicos sociais" que se oponham ao fascismo, e os conservadores e pragmáticos que aceitaram o governo de Mussolini como desejável. A maioria dos católicos italianos não eram antifascistas, pois o nacionalismo os empurrou contra o fascismo e muitos viram a questão como dos males o menor, Mussolini era preferível à anarquia ou ao marxismo.[118]

Achille Ratti, Cardeal Arcebispo de Milão, tornou-se o Papa Pio XI em 1922. Ele havia testemunhado a luta dos comunistas e dos anarco-sindicalistas na área industrial milanesa. Ele também testemunhou a ascensão do fascismo, já que Milão foi um dos principais centros de atividade fascista.[119] Os fascistas milaneses serviram como fura-greves, espancavam adversários políticos e envolviam-se em brigas de rua com os comunistas. Mesmo assim, Pio XI, aparentemente, estava convencido de que o fascismo era uma força menos destrutiva do que o comunismo e que Mussolini seria um líder responsável.[120]Depois de se tornar Papa, ele ativamente promoveu uma frente política unida contra a Esquerda, repreendendo o Partito Popolari que queria se aliar-se com socialistas e outros contra a rápida ascensão do partido fascista. Um pequeno número de líderes católicos - por exemplo, aqueles em torno da revisão jesuíta La Civilità Cattolica - clamou que o fascismo tinha efetivamente sintetizado os valores do Popolari, tornado-o redundante.[120]

Recentemente a relação da igreja católica com o fascismo italiano voltou a ser discutido após uma reportagem investigativa do jornal britânico The Guardian. A reportagem revela que por trás de uma estrutura de paraíso fiscal disfarçada de empresa, o portfólio internacional da Igreja foi construído ao longo dos anos, usando o dinheiro originalmente entregue por Mussolini em troca do reconhecimento papal do regime fascista italiano em 1929, o jornal cita como fonte das pesquisas, arquivos públicos antigos e históricos de empresas, que indicariam que o início dos investimentos da Igreja aconteceu depois de milhões recebidos do regime fascista em troca da independência do Estado do Vaticano - e do reconhecimento do governo do ditador. Após anos, o capital se multiplicou e teria chegado a €680 milhões, cerca de US$ 904 milhões.[121][122] o Vaticano declarou que a reportagem como "um conjunto de notícias imprecisas ou infundadas, reunidas de forma tendenciosa e pouco rigorosa"[123][124]

Regimes fascistas pelo mundo

A aparição do fascismo como uma força dominante é um fenômeno de apenas alguns anos que pode ser datado precisamente, ele começou em 1922/1923, com a emergência do Partido Nacional Fascista italiano liderado por Mussolini e terminou em 1945 com a derrota e morte de Mussolini e Hitler.[125] Além da Itália e Alemanha, registraram-se movimentos fascistas de destaque na Áustria, Bélgica, Grã-Bretanha, Finlândia, Hungria, Romênia, Espanha bem como na África do Sul e Brasil.[126]

Europa
Albânia

O Partido Fascista albanês (albanês: Partia Fashiste e Shqipërisë - pFSH) foi um movimento fascista, que detinha o poder nominal na Albânia em 1939, quando o país foi conquistado pela Itália, até 1943, quando a Itália se rendeu aos Aliados. Depois disso, a Albânia caiu sob ocupação alemã, e o pFSH foi substituído pela Guarda da Grande Albânia. Nunca foi um movimento de massas, com uma adesão relatada em 13.500, em maio de 1940, no entanto, durante o tempo do pFSH no poder, fez perceber a visão da Grande Albânia, expandindo as fronteiras da Albânia com o atual Epiro e com Kosovo. Após a queda do Terceiro Reich, a Albânia entrou em guerra civil. Os comunistas voltaram contra seu monarca, efetivamente ganhando o controle do país em 29 de novembro de 1944. A resistência limitada realizada por forças nacionalistas continuaram ambas na Albânia e em Kosovo, com o último deles relatou ter deixado de lutar em 1951, após as operações de apoio secreto britânico-americanas terem sido expostas pelo agente soviético Kim Philby.[127][128]

Alemanha

Ver: Alemanha nazista

Áustria

Bandeira da Vaterländische Front, Frente Patriótica

Uma coalizão de partidos de direita levou ao poder Engelbert Dollfuss em 1932. Seus principais defensores foram o tradicional Christlichsoziale Partei (Partido Social Cristão) e uma amálgama de movimentos extremistas como o paramilitar Heimwehr, aglomerados por Ernst Rüdiger, Stahremberg criou o Vaterländische Front (Frente Patriótica), de clara orientação fascista. Dollfuss dissolveu o parlamento por tempo indeterminado (março de 1933) e iniciou um regime autoritário que foi chamado Ständestaat. Em resposta ao aumento da atividade dos movimentos pró-nazistas, os defensores da anexação à Alemanha (Anschluss), proibiu a NSDAP e a SDAPÖ. Em julho do mesmo ano, foi assassinado por membros do partido nazista austríaco. Ele foi substituído por Kurt Schuschnigg, que continuou a se opor às pretensões de anexação. Em troca, Arthur Seyss-Inquart, seu ministro do Interior e vice-chanceler, exigiu a presença militar alemã terminando assim com a independência da Áustria.[129][130][131][132]

Bulgária

A personalidade mais próxima do fascismo de direita na política búlgara foi Alexander Tsankov, que controlou um regime autoritário de grande violência repressiva desde o golpe de 1923-1934, quando foi retirado do poder pelo Zveno (Звено, um movimento ultraconservador com presença no exército e defensor do corporativismo), por sua vez derrubado em 1935 pelo rei Bóris III, que iniciou um governo pessoal autocrático assistido pelo primeiro-ministro Georgi Kyoseivanov.[133]

Espanha

Francisco Franco, o quasi-fascista Caudilho da Espanha de 1939 a 1975.

Durante a ditadura de Primo de Rivera, Ernesto Giménez Caballero ministro propaganda começou a transmitir a ideologia fascista. Admirador de Mussolini, tinha visitado a Itália em 1928.[134] O Estado de um partido só do falangista Francisco Franco na Espanha sobreviveu ao colapso das Potências do Eixo. A ascensão de Franco ao poder tinha sido assistida diretamente pelos militares da Itália fascista e da Alemanha nazista durante a Guerra Civil Espanhola, e tinha levado voluntários a lutar ao lado da Alemanha nazista contra a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Após a II Guerra Mundial e de um período de isolamento internacional, o regime de Franco normalizou as relações com as potências ocidentais.

França

Ver: França de Vichy

Holanda

O Nationaal-Socialistische Beweging em Nederland (Movimento Nacional Socialista na Holanda, a NSB) foi um partido político fascista, que se desenvolveu durante a década de 1930 e tornou-se o único partido legal durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, período em que funcionou como um verdadeiro ramo do partido nazista. Seus fundadores foram Mussert Anton, que se tornou o líder, e Cornelis van Geelkerken. Ele baseou seu programa no fascismo italiano e o nazismo alemão.[135]

Hungria

Bandeira do Partido da Cruz Flechada

O Partido da Cruz Flechada foi um partido nacional socialista, fascista, pró-alemão e antissemita, semelhante ao Partido Nazista; era liderado por Ferenc Szálasi, que conduziu na Hungria a um governo conhecido como Governo de Unidade Nacional de 15 de outubro de 1944 a 28 de março de 1945. O partido foi fundado por Ferenc Szálasi em 1935 como Partido da Vontade Nacional.[136]

Romênia

Em 24 de julho de 1927 foi fundada a Legião do Arcanjo Miguel, uma organização anti-semita e nacionalista, cujos membros usavam camisas verdes. Os adeptos e membros do movimento foram chamados de Legion. Em março de 1930 Codreanu formou a Guarda de Ferro, um ramo paramilitar e político da Legião. Esse nome passou a ser aplicada a todo o Legion. Seus membros usavam uniformes verdes (considerado um símbolo de rejuvenescimento para seus uniformes ganhou o apelido de "camisas-verdes"). O principal símbolo utilizado pela Guarda de Ferro foi um cruzamento triplo, representando grades da prisão.[137]

Suíça

A Frente Nacional (Frente Nacional Suíça) foi fundada em 1930, com uma ideologia de extrema-direita e anti-semita. O partido usou o modelo de democracia da direta para forçar um referendo para alterar a Constituição em 1935, mas foi derrotado e suas atividades diminuíram. O Nationale Bewegung der Schweiz (Movimento Nacional da Suíça) foi fundado em 1940 e atuou como um guarda-chuva das atividades alemãs no país.[138]

Ásia
Japão

Ver artigo principal: Fascismo japonês

A ideologia japonesa muitas vezes referida como nacionalista expansionista, militarista ou imperialista teve certa relação como fascismo, além dos fatos de que o Japão fez parte doEixo durante a Segunda Guerra Mundial e da ocupação japonesa de grandes territórios na Ásia, de alguma forma permite comparar com a dominação dos alemães e italianos na Europa. Na década de 20 e 30 existiu uma organização dentro do exército que procurou estabelecer um governo militar totalitário: a Kōdōha (Facção do Caminho Imperial) que embora nunca chegou a formar um partido político, interveio na política e ainda tentou tomar o poder através de fracassados golpes entre 1934 e 1936.[139]

Modernamente, está em discussão se existiu de fato um modelo de fascismo japonês,[140] de acordo com Richard Torrance, na época da invasão japonesa na Manchúria em 1931, os termos fascismo e fascistaestavam em circulação e era apoiados por um corpo de teorias políticas que pareciam corresponder às realidades sociais, políticas e culturais do Japão, para Tosaka Jun, em 1937 o debate sobre a existência do fascismo no Japão já tinha acabado, Tosaka descreveu o fascismo japonês como uma resposta às contradições do capitalismo, políticas inchadas, cultura e cotidiano, geralmente aceitas e experimentadas por uma grande faixa da sociedade.[141]

República da China

A Sociedade dos Camisas Azuis liderada por Chiang Kai-shek procurou implantar o fascismo na República da China.

Líbano

O Falanges, partido libanês, foi fundado em 1936 por Pierre Gemayel, seguindo os modelos italianos e espanhóis, entre os cristãos maronitas do Líbano. Seu lema é "Deus, Pátria e Família", sua ideologia foi nacionalista, mais particularmente fenicista (a idealização do passado fenício), depois de passar por várias divisões ainda hoje existe e a família Gemayel está na liderança.[142]

América Latina
Costa Rica

A partir dos anos trinta foi desenvolvido na Costa Rica um movimento de partidários do nazismo alemão. Havia simpatizantes nazistas em posições políticas funcionários nas administrações de León Cortés Castro e Rafael Angel Calderón Guardia.[143]

Chile

No Chile, Jorge González von Marées foi o principal líder do Movimento Nacional Chile (MNS) e foi eleito deputado 1937-1945. Inicialmente os membros do MSN entraram em confronto com membros da oposição correntes políticas, tanto liberais e grupos marxistas em 1933 criou os "nazistas de tropas de assalto". O grupo conseguiu penetrar sindicatos também em grupos de classe média e alta, no Chile, tendo, em 1935, com mais de 20.000 membros e com presença significativa em federações de estudantes universitários. Em 1934, eles fundaram a revista Ação Chilena. O MNS tentou provocar um golpe para derrubar o presidente Alessandri. Em 5 de setembro de 1938, cerca de 60 jovens nazistas tomaram a sede da Universidade do Chile.[144]

Brasil

Mais informações: Estado Novo (Brasil)

Ver também: Nazismo no Brasil

Bandeira da Ação Integralista Brasileira.

No Brasil, Plínio Salgado fundou em 7 de outubro de 1932 a Ação Integralista Brasileira, influenciado pelo fascismo italiano.[145][146] Porém o integralismo diverge, em pontos fundamentais, do fascismo e, sobretudo, do nacional-socialismo. Com efeito, a posição oficial do fascismo histórico era no sentido de que o Estado é um fim, encarnando a ética e criando todo o direito,[147] não aceitando, pois, a existência de direitos anteriores ao Estado, ao passo que o integralismo sempre proclamou que o Estado é um meio a serviço da pessoa humana e do bem comum,[148] do mesmo modo que sempre afirmou a existência dos "Direitos Naturais do Ente Humano", os quais antecedem o Estado, que, desta forma, não os cria, mas apenas reconhece[149]Getúlio Vargas, da mesma forma que Juan Domingo Perón na Argentina, tomou o poder de uma oligarquia e não de uma democracia falida e expandiu a participação política. Eles governaram em nações parcialmente formadas e tendo como objetivo unificar as populações e chefes locais em um Estado nacional, enquanto os ditadores fascistas governaram nações já estabelecidas obcecadas pela ameaça de sua unidade, poder e posição.[150]

Conceito atual

Neofascismo

Ver também: Extrema-direita e Neofascismo

O fascismo em sua forma mais tradicional reapareceu nas décadas de 80 e 90 do século XX sob os nomes de fascismo e movimento neonazista, que em suas forma mais marginais reproduz uma estética "retrô" e atitudes similares a violência juvenil. Como movimento político de presença institucional, surgiu na Itália após a Segunda Guerra Mundial, sob a forma do partido político Movimento Sociale Italiano(Movimento Social Italiano), que eventualmente buscaria uma forma mais acessível para o regime político democrático, sob o nome de Alleanza Nazionale e foi redefinido como pós-fascista, atingindo o governo italiano (Gianfranco Fini, sob a presidência de Silvio Berlusconi, 1994).[151][152]

Desde o final do século XX, aumentaram as chances eleitorais dos partidos que baseiam sua propostas políticas em distintas ofertas de dureza contra a imigração e a favor de uma manutenção da personalidade nacional.

Além da Itália, em várias democracias europeias coincide com a presença de extrema direita ou personalidades com um passado nazista ou fascista têm chegado a causar inclusive problemas internacionais: como o caso do escândalo da chegada de Kurt Waldheim para a presidência da Áustria (1996) ou a entrada no governo de Jörg Haider, do Freiheitliche Partei Österreichs (Partido Liberal de Austria, FPÖ), em 1999, neste mesmo país. Na Holanda, um caso semelhante ocorreu com Lijst Pim Fortuyn (Lista Pim Fortuyn, LPF) em 2002. Na França, a inesperada posibilidade de que Jean-Marie Le Pen (Front National, Frente Nacional) pudesse chegar a presidência da República, reuniu votos de todo o espectro político de esquerda e de direita contra ele nas Eleições presidenciais da França de 2002.[153]

Fascismo de esquerda

Ver também: Extrema-esquerda

O conceito, tal como utilizado originalmente por Jürgen Habermas, designava os movimentos terroristas de extrema esquerda dos anos sessenta.[154] Na década de 80, seu uso foi estendido para descrever pejorativamente a qualquer ideologia esquerdista (especialmente nos EUA).[155]

Fundamentalismos religiosos

O aparecimento do fundamentalismo islâmico no cenário internacional depois da Revolução Iraniana (1979), sua extensão a outras repúblicas islâmicas e o terrorismo internacional, revelaram a possibilidade de um totalitarismo religioso que emprega técnicas violentas comparável ao fascismo, sendo assim, tais movimentos têm sido qualificados pejorativamente pelo termo "Islamofascismo", embora tais movimentos ideológicos são muito distantes uns dos outros. Também é comum notar as semelhanças ao fascismo de movimentos chamado de fundamentalismo cristão, que em alguns casos têm vindo a chamar "cristofascismo".[156][157]

Fascista como insulto

Símbolo do Antifascismo.

Após a derrota das Potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial, o termo "fascista" tem sido usado como pejorativo,[158] muitas vezes referindo-se a grande variação de movimentos em todo o espectro político.[159] George Orwell escreveu em 1944 que "a palavra 'fascismo' é quase inteiramente sem sentido... quase qualquer inglês aceitaria 'valentão' como sinônimo de 'fascista'".[159] Richard Griffiths argumentou em 2005 que o "fascismo" é a "a palavra mais usada e mais mal usada dos nossos tempos".[37] "Fascista" é às vezes aplicado a organizações do pós-guerra e formas de pensar que os acadêmicos mais comumente definem como "neofascista".[160]

Ao contrário do uso comum do termo pelo mainstream acadêmico e popular, os estados comunistas têm sido por vezes referido como "fascistas", tipicamente como um insulto. A interpretação marxista do termo, por exemplo, foram aplicadas em relação a Cuba sob Fidel Castro e ao Vietnã sob Ho Chi Minh.[161] Herbert Matthews, do New York Times perguntou: "Será que devemos agora colocar a Rússia stalinista na mesma categoria da Alemanha hitlerista? Devemos dizer que ela é fascista?"[162] J. Edgar Hoover escreveu extensivamente "fascismo vermelho".[163] Os marxistas chineses usaram o termo para denunciar a União Soviética durante a ruptura sino-soviética e, também, os soviéticos usaram o termo para identificar os marxistas chineses.[164]

Ver também

Referências

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