Cerimônia de abertura ocorreu neste sábado em Esteio
Se a Expointer passada foi a da superação, diante do quadro de crise vivido pelo país, a 41° edição foi classificada neste sábado, durante a cerimônia de abertura no Parque Assis Brasil, como a Expointer da expectativa. O "apelido" foi dado pelo presidente da Farsul, Gedeão Pereira, durante o seu discurso. Para ele, diante do cenário "confuso" que o país atravessa, são geradas expectativas sobre o futuro, inclusive em relação à safra 2018/2019. "O câmbio valorizado eleva nossos custos de produção, mas não sabemos que preços iremos receber", disse Pereira, em tom de preocupação.
Durante a cerimônia de abertura, que se estendeu por duas horas, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, representando o governo federal, disse se orgulhar do setor agropecuário que deu um salto em produção e produtividade nos últimos 40 anos. Anunciou que, assim como já existe na agricultura familiar, o governo pensa em elaborar um Plano Safra plurianual para a agricultura empresarial, informando a projeções de valores para três anos. "Queremos ver se, antes do fim desse governo, já deixamos isso estabelecido", informou.
Na solenidade, também foram enaltecidas as características da Expointer que aproxima o campo da cidade, que a cada ano apresenta novas tecnologias, surpreende com as máquinas e implementos agrícolas, que serve de palco para o desfile dos animais referência em genética, que reúne em um pavilhão os sabores da agricultura familiar. Neste ano, com a inauguração de um novo espaço, o pavilhão da agricultura familiar tem as dimensões de um campo de futebol, 7,4 mil metros quadrados.
O secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Tarcísio Minetto, destacou que há 20 anos a agricultura familiar iniciava sua participação no parque com 30 expositores. Neste ano, são 285.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), Odacir Klein, chamou esta edição do evento de "Expointer da interação", ao agradecer o engajamento de todos para a realização da feira. Disse ter certeza sobre a concretização de bons negócios durante os 9 dias de evento. "Aqui, quem vem fazer investimentos, vem olhando para o futuro e não para a crise circunstancial do presente".
Algumas lideranças aproveitaram para fazer reivindicações. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Leonardo Lamachia, lamentou que os produtores enfrentem alta carga tributária, gargalos na infraestrutura, criminalidade no campo, mesmo fazendo "tão bem o seu papel porteira para dentro".
O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, fez referência a dois pontos demonstrados pelo Censo Agropecuário de 2017: a falta de interesse dos jovens permanecerem no meio rural e o acesso de apenas 50% das propriedades à assistência técnica. Solicitou mais orçamento para a Seapi, a SDR, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) para aumento da assistência técnica, mais recurso para programas de comercialização e para seguro rural. Também cobrou mais segurança jurídica para os produtores rurais.
Durante a cerimônia, Gedeão Pereira e outras autoridades mencionaram o legado de Carlos Sperotto, falecido em dezembro do ano passado. A solenidade também foi marcada pela entrega da Medalha Assis Brasil ao advogado especialista em direito agrário e ambiental e em dívidas agrícolas, Ricardo Alfonsin; ao presidente do Fundesa e diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber, e ao criador de gado, ovinos e equinos e orizicultor, Vasco da Costa Gama. Neste sábado, até as 17h, passaram pelo Parque Assis Brasil 33 mil visitantes.
Correio do Povo
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