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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

"É como coração de mãe, sempre cabe mais um, diz Bolsonaro sobre sistema penitenciário

Candidato à Presidência pelo PSL está em Porto Alegre, onde concedeu entrevista coletiva à imprensa

Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva em Porto Alegre | Foto: Flavia Bemfica / Especial / CP

Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva em Porto Alegre | Foto: Flavia Bemfica / Especial / CP

Uma plateia entusiasmada recebeu o candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro, no almoço desta quarta-feira promovido pela Revista Voto no Sheraton Hotel, em Porto Alegre. Nos poucos mais de 60 minutos em que permaneceu expondo suas ideias para o público composto por empresários e simpatizantes, Bolsonaro foi aplaudido em pelo menos 10 ocasiões. Em outras, arrancou risos dos ouvintes. Ao final, os participantes fizeram fila junto ao palco para tirar fotos com o deputado. Antes da recepção calorosa, Bolsonaro atendeu a imprensa, também no Sheraton. Assim como na palestra, a coletiva foi pontuada por frases de efeito, principalmente quando as perguntas trataram das áreas da educação e da segurança, mas o deputado não detalhou proposições.

Questionado sobre quais suas propostas para resolver os problemas do sistema prisional, como a superlotação e o tratamento dispensado a presos, respondeu: "Eu sei que a cadeia é a antessala do inferno. E quem se preocupa com sua integridade física não deve querer entrar lá, porque o bicho vai pegar. Mas prefiro que a vida deles seja um inferno do que a do pessoal aqui fora.” Ante a insistência sobre se é possível ‘encher’ mais as cadeias, rebateu: “Se o Brasil não tiver recursos para fazer novas penitenciárias, no que depender de mim, vamos encher aquele negócio lá, igual coração de mãe, cabe mais um, vai, sem problema, ok? Não sei o que esses caras pensam, uma parte deles, quando sai, volta a cometer crimes. Parece que gostaram da convivência."

Durante toda a conversa com os jornalistas, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), coordenador da campanha de Bolsonaro no RS, orientava o candidato, cochichando dicas e advertências como "cuidado", quando os questionamentos tinham maior potencial de polêmica.

Em outro momento da coletiva, quando falava da polêmica que ele mesmo reacendeu a respeito do livro “Aparelho Sexual e Cia”, o deputado disse que “O MEC está mentindo. São uns canalhas". Há dois anos, ele acusou o MEC de distribuir a obra, editada pela Companhia das Letras e atualmente fora de catálogo, em programas federais. Na última terça à noite, em entrevista ao Jornal Nacional, voltou ao assunto. Nesta quarta, a Companhia das Letras divulgou nota na qual afirma que o livro nunca foi comprado pelo MEC para distribuição a escolas. E que o Ministério da Cultura comprou 28 exemplares em 2011. Na palestra no Sheraton, Bolsonaro fez questão de mostrar o livro e ler algumas de suas páginas, apontando o que denominou de “canalhice do MEC.”

Ainda na coletiva, quando reafirmou a realização de um seminário LGBT na Câmara dos Deputados que teria ocorrido em 2012, ao se referir a ativistas de movimentos LGBT, afirmou: “Não dá para discutir com essa raça.” Na sequência, citou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), “Por quê a Dilma não mostra o kit gay para o neto dela?”

Entre os que prestigiaram o deputado no Sheraton estavam os empresários Jorge Gerdau e Otelmo Drebes e representantes da Federasul, Fecomércio, Agas e Sindifumo. A Fiergs, de acordo com a organização do evento, não enviou representante oficial. Também compareceu o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Cleber Benvegnù. Do Sheraton, Bolsonaro seguiu para a Expointer, onde passa a tarde. À noite ele participa do lançamento da candidatura ao Senado pelo PSL, Carmen Flores, na Casa do Gaúcho.

As frases de Bolsonaro que a plateia aplaudiu no Sheraton:

• “O objetivo da educação, na ponta da linha, é formar um bom empregado, um bom patrão, um bom liberal. Hoje estamos formando o quê? Militantes políticos.”

• “Quero um STF independente e que não legisle.”

• “Vamos fundir (os ministérios) da Agricultura e Meio Ambiente porque eu não quero mais ONGs internacionais dentro do ministério.”

• “Educação eu já disse. Temos que entrar lá no MEC com lança-chamas e expulsar o Paulo Freire.”

• "Por que (dizem) que eu não gosto de mulher? Só se eu fosse gay né?”

• “Não é dar carta branca para o policial matar. É dar carta branca para ele não morrer.”

• “Se o lado que está fora da lei tem um potencial de fogo, nós temos que ter, no mínimo, o dobro do potencial de fogo do lado de cá.”

• “Eu não vou ser o Jairzinho paz e amor.”

Correio do Povo

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