Procurador afirmou em Porto Alegre que Brasil segue com uma "curva de impunidade"
Procurador afirmou em Porto Alegre que Brasil segue com uma "curva de impunidade" | Foto: Fabiano do Amaral
Coordenador da Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol defendeu na noite desta quinta-feira, em palestra na Capital, a continuidade das investigações da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF). Atração principal de evento promovido pela Unimed Porto Alegre, Dallagnol afirmou que é necessário que a sociedade "proteja a operação" e eleja nessas eleições representantes com "passado limpo".
Antes de palestrar para um plateia que lotou o Teatro do Bourbon Country, o procurador fez uma avaliação do contexto político e pontuou dois cenários possíveis para o pleito deste ano. "É muito difícil prever o que vai acontecer, porque a Lava Jato pode ter dois efeitos opostos, que é a renovação, onde as pessoas escolham melhor seus representantes. E o efeito oposto é criar no imaginário das pessoas uma ideia de que todo político é corrupto, um conceito que não é verdadeiro", observou.
O procurador garantiu que a Lava Jato não tem objetivo específico. “Busca aplicar a lei a fatos criminosos, a pessoas que praticaram graves crimes de corrupção”, ressaltou. “Existe uma curva de impunidade que ainda está lá e precisa ser mudada”, acrescentou.
Embora reconheça que o cenário político é incerto, Dallagnol salientou que apenas a sociedade brasileira pode ser vetor de uma mudança profunda. "Podemos influenciar esse processo de modo cívico, apartidário, para buscar que as pessoas ao nosso redor, e nós mesmos, escolhamos nossos representantes com base no critério do comprometimento dessas pessoas com a agenda de combate à corrupção e no passado limpo que elas tenham", avaliou.
O procurador também abordou a importância de aprofundar a participação da população na política. "O compromisso com a democracia é sempre essencial. Algumas pessoas acabam, num ambiente de tanta corrupção, flertando com ideias autoritárias, mas isso não é a solução. Só existe solução para esse problema, que é a corrupção, que corrói a nossa democracia, por meio de mais democracia. Por meio de mais participação da sociedade na coisa pública".
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