Arrecadação de impostos em junho chegou a quase R$ 111 bilhões, patamar que não era atingido desde 2015 e que dá fôlego para cumprimento da meta
O governo federal bateu recorde de arrecadação de impostos no mês de junho. No total, o valor arrecadado pela União no período chegou a R$ 110,855 bilhões, com crescimento real (descontada a inflação) de 2,01% comparado a igual mês do ano passado. O montante é o maior para o mês desde 2015, quando o valor foi de R$ 113,625 bilhões.
Com esse valor, a arrecadação de impostos no primeiro semestre chegou a R$ 714,255 bilhões, um crescimento de 6,88% em relação ao mesmo período de 2017. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (24) pela Receita Federal. Entretanto, o ritmo de crescimento caiu: em janeiro, chegou a 10,12%, em fevereiro a 10,34%, em março a 8,42%, em abril, 8,27%, e em maio, 7,81%.
Assim, as receitas administradas pela Receita Federal chegaram a R$ 108,132 bilhões, com crescimento real de 1,23%, em junho. No primeiro semestre, o valor ficou em R$ 689,309 bilhões, com alta de 6,05% (crescimento real).
Segundo a Receita, “o resultado pode ser explicado, principalmente, pela recuperação da atividade” e pelo aumento da arrecadação com programas de regularização tributária como o Refis Nacional. Com esses programas, a Receita arrecadou R$ 13,511 bilhões, no primeiro semestre deste ano, contra R$ 3,551 bilhões, no mesmo período de 2017.
O resultado foi influenciado também pelo crescimento na arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de empresas não financeiras, de 11,99%.
Também houve impacto do aumento das alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre combustíveis, em vigor desde o fim de julho do ano passado. De janeiro a junho, a arrecadação chegou a R$ 15,280 bilhões, contra R$ 7,162 bilhões, no primeiro semestre de 2017.
As ações de cobrança de contribuições previdenciárias em atraso e depósito judiciais também contribuíram para o aumento da arrecadação. No período de janeiro a junho de 2018, foram R$ 53 bilhões. Esse resultado é 13,3% superior ao mesmo período de 2017.
Por outro lado, houve redução na arrecadação sobre o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRRF) sobre rendimentos de capital, em função da queda dos juros. Segundo a Receita, em junho e dezembro são concentrados os pagamentos do imposto incidentes sobre o capital de fundos de renda fixa. Em junho, a arrecadação do IRRF sobre rendimentos de capital chegou a R$ 7,771 bilhões, com queda de 27,93%. No primeiro semestre, a arrecadação chegou a R$ 26,231 bilhões, com queda de 16,38%.
A arrecadação das contribuições para a Previdência Social caiu 2,04% em junho, descontado o IPCA, na mesma comparação com junho de 2017. Segundo a Receita, a soma dos salários na economia cresceu 3,46% em junho (fato gerador para o mês de maio), atualizado pela inflação oficial, houve um aumento real de 0,59% dos salários. No primeiro semestre, as receitas previdenciárias cresceram 1,46%, chegando a R$ 199,776 bilhões.
Em junho, a Receita informou que houve influência da greve dos caminhoneiros nos resultados. O mês foi afetado pela queda de 6,67% na produção industrial, na comparação com o mesmo período de 2017, influenciando a arrecadação de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI). “Essa retração está diretamente relacionada com a paralisação dos caminhoneiros, em maio de 2018”, diz a Receita. Em junho, o IPI registrou queda de 14,28% na comparação com igual mês de 2017.
Governo bate recorde em meio a problemas na economia
A divulgação do recorde acontece, ironicamente, após uma semana em que as notícias do desempenho econômico não foram nada positivas.
Na últimas sexta-feira (20), o Ministério do Planejamento divulgou o relatório bimestral de avaliação das receitas e despesas e reduziu de 2,5% para 1,6% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018.
Essa foi a segunda vez consecutiva que o governo alterou para baixo a previsão do PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma das riquezas produzidas pelo país em um período determiando de tempo, no caso, o ano de 2018.
Isso é sinal de que a economia não está caminhando como planejado pelo governo. A previsão inicial era de crescimento de 2,97% e foi revisada, ainda em maio, para 2,5%. Agora, no entanto, a queda foi ainda mais acentuada.
Em adição a isso, o governo federal também aumentou a expectativa da inflação de 3,4% para 4,2%. Nesse caso, porém, a inflação se aproximou mais daquela que era esperada pelo governo no começo do ano para 2018: que é de 4,5%. O sistema de metas implementado no Brasil há alguns anos, porém, prevê uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, estabelecendo como limite os 3% e os 6%. Dessa forma, se as expectativas se confirmarem, a inflação desse ano deverá ficar dentro do planejado.
Esse movimento, porém, veio na contramão do mercado que, pela segunda semana consecutiva rebaixou a expectativa de inflação para 2018. As estimativias ainda estão próximas, mas enquanto o governo previu 4,2%, o mercado financeiro, através do Boletim Focus divulgado pelo Banco Central semanalmente , rebaixou de 4,15% para 4,11%.
O dado mais preocupante para os trabalhadores brasileiros, porém, é o de desemprego . Isso porque, no mesmo mês de junho, o Brasil, pela primeira vez no ano, fechou mais vagas de emprego formal do que abriu. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram 1.167.531 contratações e 1.168.192 demissões no mesmo período, um saldo negativo de 661 vagas com carteira assinada.
O resultado foi considerado uma surpresa pelo Caged, já que em abril, o Brasil havia criado 121.146 empregos formais; no mês seguinte, em maio, o saldo positivo foi de 33.659 postos de trabalho.
O último revés tinha acontecido em dezembro de 2017, quando o país perdeu 340.087 empregos formais. Já no mesmo período do ano passado, junho, o Brasil havia registrado a abertura líquida de 16.702 vagas formais. Nada disso, porém, parece estar afetando a arrecadação de impostos por parte do governo federal.
Fonte: Brasil Econômico - 24/07/2018 e SOS Consumidor
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