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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Homem é baleado em caravana contra Ortega na Nicarágua

Manifestantes acusaram grupos ligados à Frente Sandinista de Libertação Nacional de terem cometido o ataque

Marcha das Flores reuniu milhares de manifestantes | Foto: Marvin Recinos / AFP / CP

Marcha das Flores reuniu milhares de manifestantes | Foto: Marvin Recinos / AFP / CP

Um manifestante ficou ferido neste fim de semana durante um breve ataque a tiros contra uma caravana que percorre vários bairros de Manágua para exigir a saída do presidente Daniel Ortega. "Temos um companheiro baleado que foi levado ao hospital", declarou um homem que participava da caravana, com o rosto coberto com um pano azul e branco, as cores da bandeira da Nicarágua.

Uma jornalista local disse ter presenciado o momento em que um homem foi ferido no braço. A imprensa reportou ao menos um ferido quando a caravana passava pelo bairro Altagracia, no oeste de Manágua. Os manifestantes acusaram grupos ligados à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que têm uma casa do partido nesse local. O governo ainda não se pronunciou.

Agitando bandeiras nicaraguenses e buzinando, uma longa caravana de veículos percorreu vários bairros do oeste de Manágua, atraindo moradores. "Viva Nicarágua livre", "Vá embora" - gritaram moradores de alguns bairros, como San Judas, onde várias pessoas bateram panelas nas calçadas. A caravana chamada "Nicarágua não se rende" foi realizada um dia depois de duas pessoas morrerem e 11 ficarem feridas em ataques a tiros durante um dia em que milhares marcharam em Manágua e outras cidades do país. "Eles têm armas e nós, nada. Pedimos a Ortega que vá embora", declarou a jornalistas uma mulher que bateu panelas no bairro de San Judas.

A "Marcha das Flores", em homenagem aos menores que estão entre os mais de 220 falecidos em dois meses e meio de violência, foi a primeira de milhares desde o gigantesco protesto de 30 de maio, Dia das Mães, que deixou 18 mortos por um ataque de policiais e paramilitares. Os protestos exigem a renúncia de Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda de 72 anos acusado de instaurar, junto com sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo, o nepotismo, uma ditadura, e de provocar uma brutal repressão. "Mentirosos, ladrões e assassinos, quem são os vândalos de verdade?!" - dizia um cartaz segurado por um homem durante a passagem da caravana.

O governo acusa os manifestantes de "golpistas", "delinquentes" e "vândalos". Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o papa Francisco pediu pela Nicarágua. "Renovando minha oração pelo amado povo da Nicarágua, desejo me unir aos esforços que estão realizando os bispos deste país e tantas pessoas de boa vontade, em seu papel de mediação e testemunho para o processo de diálogo nacional em curso no caminho para a democracia", afirmou. A Igreja católica, mediadora em um diálogo entre o governo e a oposição formada por grupos da sociedade civil, pede a

Ortega, cujo terceiro mandato consecutivo acaba em janeiro de 2022, responder à proposta de antecipação das eleições de 2021 para março de 2019.


AFP e Correio do Povo


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