1. Em entrevista ao Valor, o professor estatístico (aposentado) da Unicamp, Paulo Guimarães, falou de um método aplicado nas pesquisas desde o GPP e pelo instituto Guimarães, que preside. Batizaram de "Grupo Controle". Quando realizam pesquisas eleitorais, buscam destacar uns 2% da amostra pesquisada com a melhor proporcionalidade espacial e por gênero possível. Depois das entrevistas cara a cara, perguntam a alguns entrevistados se aceitariam dar seus telefones e responder a poucas perguntas em uns 7, 15 dias ou mais, conforme a distância para a eleição.
2. A proporção daqueles que no contato telefônico seguido à pesquisa mudam seu voto nunca foi desprezível. Mas agora tem sido muito maior que em outras eleições. Naquela entrevista, Guimarães citou alguns números e exemplificou dizendo que nos últimos -Grupo Controle- uns 20 eleitores do candidato X tinham mudado seu voto e que era uma tendência. Um assessor desse candidato reagiu ingenuamente. Com o Grupo Controle, alguns desistem de seu voto, mas eleitores de outros candidatos também mudaram seu voto.
3. Com isso, a % de intenções de voto na próxima pesquisa pode ser parecida com a pesquisa anterior. Esse método permite mensurar a taxa de volatilidade do voto, neste e naquele candidato. E com uma breve pergunta seguinte “Por quê?”, se pode inferir as razões. Dessa forma, o uso desse método permite o candidato ajustar sua comunicação.
4. Pesquisas pré-eleitorais em 2018 têm mostrado uma volatilidade muito maior que em outras eleições. E mais ainda, tem apontado para a imprevisibilidade do Não Voto (brancos, nulos, abstenção), confirmada nas eleições estaduais e municipais que ocorreram recentemente. Vários analistas afirmam que o Não Voto em 2018 estará na faixa dos 40% ou mais. Outros afirmam que o calor da eleição corrigirá esta tendência.
5. A volatilidade dos eleitores ideológicos e religiosos e corporativos é naturalmente, muito menor: é o Voto Fixo. Mas isto não quer dizer que o Voto seja Fixo num mesmo candidato. Ele pode variar entre candidatos de um mesmo perfil de valores. Ou seja, o Voto Útil do eleitor que decide seu voto no final pragmaticamente indo para o candidato de seu perfil de voto, com mais chances de vencer. As pesquisas procuram avaliar isto com a pergunta final: "Quem você acha que vencerá esta eleição?". A comparação entre a pergunta inicial e a final ajudará a avaliar a tendência do Voto Útil.
6. Na pré-campanha e na primeira parte da campanha, os candidatos devem procurar ampliar a proporção de seus Votos Fixos, dar flexibilidade a seu discurso para captar o Voto Útil, e criar uma expectativa otimista de vitória.
7. Nesta pré-campanha-2018, a volatilidade de Alckmin e Ciro era maior. O Voto Fixo em Alckmin era reduzido assim como em Ciro. Com isso, risco do eleitor sair do candidato que marcou na pesquisa em direção ao Não Voto é muito grande. E além disso o fator Lula colando a comunicação de Haddad nele faz este crescer de uns 2% para 10%. Isso reduz o Não Voto e a intenção de voto em seu candidato com um perfil assemelhado, digamos, mais a esquerda/corporativa.
8. Esses comentários permitem entender a importância nessa eleição do movimento do chamado "Blocão". Transformar este movimento do "Blocão" em voto de clientela, é no mínimo ingenuidade. O primeiro impacto da decisão do Blocão apoiar Alckmin foi múltiplo. Aumentará seu Voto Fixo, reduzirá a volatilidade de seu eleitor em direção ao Não Voto ou a outro candidato como Bolsonaro, e vai gerar expectativa de vitória muito maior que antes.
9. Bem, começa a campanha e seguem as pesquisas e os estudos relativos, especialmente através do método do Grupo Controle. Acompanhemos.
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