Empresários afirmam não terem margem para manter preços competitivos
Empresários afirmam não terem margem para manter preços competitivos | Foto: Alina Souza / CP Memória
Com alta acumulada de 10% no primeiro semestre do ano, conforme balanço já anunciado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para uma inflação de 2,6% (IPCA) no período, a gasolina subiu 0,59% na refinaria (Petrobras) nesta quarta-feira. O litro foi para R$ 2,03 - era R$ 2,02. Na semana passada houve outra alta de 1,8%.
Os empresários do varejo de combustíveis defendem a adoção urgente pelo governo federal de um sistema "colchão" para amortecer o impacto negativo da dolarização dos preços no mercado consumidor. "Os preços dos combustíveis são europeus cobrados de salários nativos", compara o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal'Aqua. O conta-gotas dos aumentos "corrói a margem de lucro do varejo e reduz as vendas. Há insegurança no setor", acrescentou. Na proposta de colchão, quando o preço subisse o governo reduziria o imposto.
Na preocupação dos empresários do setor destaca-se a mudança de comportamento do mercado, acentuada após a greve dos caminhoneiros. "A sociedade está mais consciente das suas dificuldades na crise da economia e decidiu economizar mesmo. O consumo da gasolina está mais racional. Quem sai à noite usa aplicativo e não seu carro. As vendas após as 20h caíram", exemplifica.
Impostos
Conforme Dal'Aqua, a alta do preço da gasolina para cobrança do ICMS agravou a situação dos postos. "Não temos como baixar preço aos consumidores, compramos gasolina à vista das distribuidoras, mas 70% das nossas vendas são à prazo, por cartões", explica. A alíquota do ICMS, de 30%, incidia sobre o valor de referência de R$ 4,40 até 30 de junho. Depois foi corrigido para R$ 4,72.
Além do ICMS soma-se a tributação federal que, segundo o presidente do Sulpetro, totaliza 49% do valor do litro da gasolina pago pelo consumidor. Para Dal'Aqua a dolarização dos preços dos combustíveis, mais o peso dos impostos, sacrificam consumidores e revendedores. Mesmo tentando negociar com a União a aplicação de um sistema de colchão, as entidades representantes dos empresários varejistas reconhecem que a matéria não deve avançar dentro do governo devido às eleições. "É difícil, sabemos disso, mas alguma coisa precisa ser tentada", frisa Dal'Aqua.
Em sua última pesquisa de preços no Rio Grande do Sul, entre os dias primeiro e sete passados, a ANP registrou preço médio de R$ 4,70 para o litro da gasolina comum em Porto Alegre. O valor mais alto foi registrado em Bagé, R$ 5,12, e o menor pesquisado foi em Novo Hamburgo, R$ 4,46.
Correio do Povo
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