Entidade avaliou que inflação baixa se deve por fraqueza da economia
O Brasil registra "uma suave recuperação", apoiado pela política monetária acomodatícia e por medidas fiscais, mas a economia registra um desempenho abaixo do potencial, a dívida pública é alta e está subindo e as perspectivas de crescimento no médio prazo continuam "não inspiradoras", em meio à ausência de reformas. Estas foram as análises do Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) no comunicado sobre a conclusão das consultas do capítulo IV para o Brasil. O documento mostra projeção de crescimento de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, abaixo da estimativa de expansão de 2,3% esperada pela instituição em abril.
A projeção para o PIB de 2019 também estava em 2,5% em abril. Na avaliação do Fundo, como contraponto ao aperto das condições financeiras globais, o "compromisso com a busca de consolidação fiscal, ambiciosas reformas estruturais e o fortalecimento da arquitetura do setor financeiro" são necessários para colocar o Brasil "em um caminho de forte, balanceado e duradouro crescimento".
O FMI destacou, ainda, que o Brasil precisa avançar com o ajuste das contas públicas porque ressalta que, mesmo que os gastos federais continuem constantes em termos reais no nível registrado em 2016, a dívida pública bruta deve continuar subindo e atingirá um pico numa marca pouco acima de 90% do PIB em 2023. "A consolidação fiscal é chave para manter a confiança na sustentabilidade da dívida", destacou a instituição. O FMI ressaltou, ainda, que "o Brasil também é vulnerável ao aperto das condições financeiras globais e possíveis interrupções no comércio" e que esses riscos podem ser ampliados caso não haja continuidade da agenda de reformas.
Ainda no comunicado, o FMI enfatizou que a inflação no Brasil atinge mínimas históricas, o que ocorreu, em boa medida, devido à fraqueza da economia, à queda de preços de alimentos e a expectativas bem ancoradas. "A inflação é projetada para subir na direção da meta de 4,25% em 2019 com dissipação de choque de preços de alimentos e redução do hiato do produto."
O Fundo destacou, ainda, que o déficit de transações correntes atingiu 0,5% do PIB em 2017, com contração de importações motivada, em parte, pelo colapso de investimentos privados. Com a recuperação da economia em curso, a instituição acredita em uma piora das contas correntes, cujo déficit deve ficar próximo de 2% no médio prazo. Por outro lado, o FMI afirmou que os bancos brasileiros são resilientes, apesar de perdas registradas durante a recessão econômica em 2015 e em 2016.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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