Investigação aponta que deputada manipulava processos de registro sindical
Investigação aponta que deputada manipulava processos de registro sindical | Foto: Wilson Dias / ABr / CP
No pedido que baseou a segunda fase da Operação Registro Espúrio, a Polícia Federal apontou que a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), mesmo tendo sido vetada pela justiça de assumir o Ministério do Trabalho, passou a ter um “posto de comando” na Secretaria de Relações do Trabalho, "com evidentes indícios de manipulação e direcionamento de processos de registro sindical". Investigadores apontam que a petebista integrou a organização criminosa que atuou na Secretaria de Relações do Trabalho.
Os indícios que motivaram a realização de busca e apreensão no gabinete e em dois endereços residenciais da deputada federal foram colhidos após a apreensão do celular do “braço direito” dela na secretaria, Renato Araújo Júnior, preso na primeira fase da operação, no dia 30 de maio. Dois dias depois a PF pediu medidas contra a parlamentar, endossadas pela Procuradoria-Geral da República e autorizadas pelo ministro relator Edson Fachin. A relação com Renato, ora chamada de “ingerência”, ora de “sociedade”, foi uma das constatações dos investigadores.
“O conteúdo das conversas revela que, em que pese ter sido impedida por decisão judicial de tomar posse como Ministra do Trabalho no início do corrente ano, Cristiane Brasil passou a exercer grande influência no órgão. Os diálogos demostram que Cristiane Brasil, mesmo não ocupando formalmente qualquer cargo na estrutura do Ministério do Trabalho, foi alçada, na prática, a um posto de comando na Pasta, fortalecendo a estrutura de atuação do ‘Subnúcleo PTB’”, afirmou a PF ao Supremo.
Para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, “a breve análise feita em um dos telefones deste investigado (Renato Araújo) deixou patente a existência de veementes indícios da participação da filha de Roberto Jefferson, a deputada federal Cristiane Brasil, na Organização Criminosa”.
Um dos pontos que a PF aponta como graves, mas sobre os quais não é possível ter clareza sobre possível cometimento de crime, é uma mensagem que a deputada copia e cola para o celular de Renato Araújo falando que está sofrendo pressão. A PF suspeita que a mensagem se refere a pagamento de valores acertados anteriormente.
“A análise isolada da mensagem não permite entender o seu contexto, mas o fato de ter sido encaminhada a Renato indica a possibilidade de ser relacionada a propina acertada para manipulação de processos sindicais, devendo tal hipótese criminal ser averiguada após o deferimento das medidas que serão pleiteadas nesta peça (busca e apreensão)”, diz a PF.
Autorização. A deputada obteve, nesta quinta-feira, uma decisão favorável do ministro Edson Fachin, que a permitiu a ir a aniversário do pai, Roberto Jefferson, mesmo diante da proibição que ele próprio lhe havia imposto quanto a falar com os demais investigados. O pai é também suspeito de dar ordens executadas no ministério.
Fachin disse que este é um “imperativo e humanamente compreensível dever familiar”, e pediu que a PGR opine, em até cinco dias, sobre o alcance das medidas determinadas contra a deputada, que também deseja permissão para se reunir com dirigentes do PTB, como o próprio pai, que é presidente do partido, e Jovair Arantes, que é o líder na Câmara.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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