Por Leila Souza Lima | Valor
SÃO PAULO - Pesquisa de opinião Fenaprevi-Ipsos, apresentada no IX Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência, nesta terça-feira (12), em São Paulo, aponta que 43% dos brasileiros acreditam que é necessário fazer a reforma da Previdência no futuro, contra 38% que consideram que o sistema não precisa ser reformulado. Outros 19% não têm opinião formada.
A mesma aferição aponta que 49% acham que o tema deve ser tratado pelo novo governo, contra 33% que tratam da reforma como algo que deve ficar fora da agenda.
"Queremos entender como a sociedade está vendo esse problema após mais de um ano de debates intensos. Fica evidente, pelos números, que agora os brasileiros estão divididos sobre o tema. Há 18 meses, pouca gente tinha ouvido falar desse assunto", afirma Edson Franco, presidente da Fenaprevi, que reúne 67 seguradoras e entidades abertas de previdência privada.
O Sul do país é a região com maior percentual de pessoas que veem necessidade de haver reforma, para 58%, seguido do Sudeste (46%), Nordeste (36%), Centro-Oeste (35%) e Norte (31%).
A aferição aponta que 75% atribuem o déficit da previdência à corrupção no país o que, segundo Edson Franco, demonstra ainda alto grau de desinformação sobre o tema.
"O desequilíbrio nas contas da previdência é estrutural. Talvez aqui, a questão de corrupção esteja misturada com ideia de cobrar a conta dos maiores devedores. Mas grande parte desses devedores é de empresas de massa falida. Não tem como cobrar", ressalta.
Ele observa que o problema da previdência também não é o déficit de um ano, mas o somatório dos déficits futuros, uma projeção que está crescendo porque população está envelhecendo. Apesar de mais da metade dos pesquisados considerar que a reestruturação do sistema público deve ser feita, 51% acham o sistema atual sustentável e 28%, insustentável.
"Tudo isso ilustra o desafio de comunicação que existe. Erramos em algum ponto em comunicar porque, dadas a questões demográficas da população, de envelhecimento e todas as projeções, muitos não entenderam as dificuldades do sistema. O gasto com previdência vai tirar recursos de áreas como saúde e outros setores estratégicos para crescimento", diz Franco.
Outro dado é que 51% dos brasileiros esperam se aposentar antes dos 65 anos de idade - dos quais 9%, com 50 anos ou menos; 11%, entre os 51 e 59 anos; e 28%, aos 60 de idade. Quanto maior o grau de instrução, maior a resistência em se aposentar aos 65. De acordo com a pesquisa, 19% dos indivíduos com Ensino Fundamental I pretendem se aposentar aos 65 nessa faixa de idade - índice que cai para 15%, entre pessoas com Fundamental II; 13%, para quem tem Ensino Médio completo; 9%, com Nível Superior.
Para 31% das mulheres, a idade ideal para se aposentar é 60 anos - 29% indicam 50 anos e 21% optam pelos 50 anos. Já homens deveriam se aposentar aos 60 anos, para 47% dos entrevistados. Para 24%, a aposentadoria deveria ocorrer aos 65 anos, 10% apontaram 55 anos; 7%, 50 anos, e 5% não souberam responder.
Segundo a pesquisa, hoje, apenas 18% declaram ter alguma reserva. De acordo com a amostra, 20% pretendem guardar até 10% dos rendimentos; 11% estão dispostos a reservar entre 11% e 20%; e 7% guardariam entre 21% e 40% de suas receitas para construir poupança para o futuro.
O estudo ouviu 1,2 mil pessoas em 72 municípios no mês de abril. Os entrevistados tinham entre 16 e 60 anos ou mais, e a margem de erro é de três pontos percentuais.
Valor Econômico
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