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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Itália será governada pela primeira vez pelos populistas

Jurista Giuseppe Conte será o novo primeiro-ministro do país

Itália será governada pela primeira vez pelos populistas  | Foto: Tiziana Fabi / AFP / CP

Itália será governada pela primeira vez pelos populistas | Foto: Tiziana Fabi / AFP / CP

O primeiro governo populista da história da Itália será liderado pelo jurista Giuseppe Conte, depois de um acordo alcançado pelo líder do populista Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, e o líder da direitista Liga, Matteo Salvini, que ocuparão ministérios importantes.

“Reuniram-se todas as condições para se formar um governo”, anunciaram em um comunicado conjunto, solucionando a grave crise política gerada pelo veto, no último domingo, ao ministro da Economia.

Desta vez, o presidente da república, Sergio Mattarela, aprovou sem objeções a lista de ministros, fruto de negociações entre os dois aliados para implementar um complexo programa de governo, marcado por políticas contra a austeridade e fortes medidas contra a imigração.

O governo será liderado pelo professor Giuseppe Conte, um jurista sem experiência política, e contará com os dois líderes – Di Maio e Salvini – como ministros e vice-primeiros-ministros. Salvini, conhecido por suas posições contrárias à imigração e que prometeu a expulsão de 500 mil imigrantes ilegais, ocupará o Ministério do Interior. Di Maio irá comandar a nova pasta do Trabalho e Desenvolvimento Econômico, reflexo de suas promessas de caráter social, como o salário de cidadania.

Em suas primeiras declarações nesta quinta-feira, ante um grupo de manifestantes na localidade de Sondrio, Salvini usou o tom agressivo da campanha eleitoral: "Comprometo-me a garantir a segurança de 60 milhões de italianos. As portas da Itália estarão abertas para gente de bem; para os preguiçosos e os que querem ser mantidos, há um bilhete de retorno para suas casas", disse, ao prometer "uma linha muito diferente da do passado" em relação ao fenômeno migratório.

Os ministros irão prestar juramento amanhã diante do presidente, antes de se submeterem ao voto de confiança da Câmara dos Deputados e do Senado, na semana que vem.

Com uma mudança de cenário surpreendente e após quase quatro horas de reunião, Di Maio e Salvini chegaram a um acordo sobre a nova lista de ministros, que substitui na pasta de Economia Paolo Savona, vetado no último domingo por Mattarella por suas posições contrárias ao euro.

A ideia de um governo M5E-Liga havia sido abandonada no domingo à noite, após o veto de Mattarella à nomeação à frente do Ministério de Economia e Finanças de Paolo Savona, um economista que considera o euro "uma prisão alemã". Na quarta-feira à noite, Luigi Di Maio propôs um compromisso: manter Savona, mas em outra posição, e nomear em seu lugar uma personalidade "do mesmo escopo".

Savona será ministro dos Assuntos Europeus, enquando o estratégico Ministério da Economia ficaria a cargo do professor de economia política e jurista Giovanni Tria.

Tria é apreciado pela Liga pela defesa da simplificação da burocracia, mas é favorável à permanência da Itália com o euro. "Já que não é necessário um governo técnico, renunciei ao cargo dado pelo presidente Mattarella", anunciou o economista Carlo Cottarelli no palácio presidencial. "Um governo de caráter político é a melhor solução para o país e evita a incerteza que novas eleições geram", acrescentou Cottarelli, a quem haviam pedido que formasse um governo de transição ante a crise política.

A Itália estava há 89 dias sem governo, desde as eleições de 4 de março. Nesta república parlamentarista, os ministros têm que ser aprovados pelo presidente antes de o Executivo ser ratificado pelo parlamento.


AFP e Correio do Povo


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