Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também defende articulação com partidos de esquerda
Jaques Wagner cogita PT ser vice de Ciro Gomes nas eleições | Foto: José Cruz / Agência Brasil / CP
Apontado como uma das alternativas do PT para a disputa da Presidência da República, o ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner admitiu nesta terça-feira, durante o ato das centrais sindicais em Curitiba que o partido pode aceitar ficar com a vaga de vice na chapa de Ciro Gomes (PDT).
Mais cedo, o ex-prefeito Fernando Haddad, também cotado para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, defendeu articulação com partidos de esquerda. Tanto Wagner quanto Haddad, no entanto, defenderam estratégia petista de manter o nome do ex-presidente como candidato. Os dois estiveram juntos no evento do 1.º de Maio organizado pelas centrais sindicais em Curitiba em defesa do ex-presidente Lula, preso na Superintendência da Polícia Federal desde o dia 7 de abril, após condenação a 12 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ato, segundo a Polícia Militar, contou com cerca de 5 mil pessoas. Após a prisão do ex-presidente, o PT decidiu, em reunião da executiva do partido, manter a candidatura de Lula como opção única para as próximas eleições. O ex-governador da Bahia disse que é favorável à estratégia petista e desautorizou a inclusão de seu nome entre os prováveis planos "B" da legenda enquanto a candidatura do ex-presidente estiver colocada pelo partido.
Para ele, a manutenção da prisão de Lula dificulta a aceitação de outras alternativas pela cúpula petista, mas, indagado por jornalistas sobre a possibilidade de o PT aceitar ser vice de Ciro, ele confirmou a alternativa. "Pode. Sou suspeito nesta matéria porque sempre defendi que após 16 anos estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos (no poder). Em geral fica 12, 16, 20 anos. Defendi isso quando o Eduardo Campos ainda era vivo. Estou à vontade neste território", respondeu. Wagner defendeu as articulações feitas pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que já se reuniu duas vezes com Ciro neste ano.
"O Haddad teve uma conversa sobre a economia brasileira e acharam que era sobre política eleitoral no estrito senso. Esse é o caminho". Nesta linha, Wagner disse que o PT deve estar aberto para conversar com todas as forças do campo progressista, inclusive do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, algoz de líderes petistas como José Dirceu e José Genoino no julgamento do mensalão.
"Acho que tem que conversar com todo mundo. Não só pensando na questão eleitoral mas pensando em como retomar um processo de crescimento sustentável com distribuição de renda no Brasil. Então eu acho que conversar com Ciro, Manuela (D'Ávila, do PCdoB) e Joaquim - se vier pelo PSB -, acho que conversar faz parte da política, você buscar entendimento", defendeu. Indagado especificamente sobre Barbosa, Wagner disse que se trata de um outsider e que suas ideias e propostas ainda não estão claras. "O Ciro eu sei mais ou menos o pensamento dele, a Manuela eu sei mais ou menos o pensamento dela, o Joaquim está começando a apresentar o seu pensamento. Óbvio que de todos que eu falei o Joaquim é o mais outsider. Nunca foi uma pessoa dedicada propriamente à política", afirmou o ex-ministro.
Carta
Durante o ato das centrais, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, leu uma carta do ex-presidente. Ele disse "sentir tristeza" porque a "democracia está incompleta" e compara o desempenho do governo Michel Temer na economia com os seus dois governos. Durante os discursos, o ex-ministro Aldo Rebelo, candidato do Solidariedade à Presidência, foi vaiado e reagiu: "Se nós não somos capazes de manter a tolerância num ato como este não temos autoridade para pedir unidade em defesa da democracia. Que eles (adversários) alimentem este clima, compreendo. Só não compreendo quem se declara democrata não ter capacidade de tolerar".
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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