domingo, 6 de maio de 2018

General Geraldo Miotto fala sobre a Amazônia

General Geraldo Miotto fala sobre a Amazônia



Palestra proferida pelo General Geraldo Antônio Miotto, Comandante Militar da Amazônia, em 18 de setembro, na PUC-RS. O General alertou a platéia para a cobiça estrangeira pelas riquezas da região, que abriga um vasto acervo de jazidas minerais e recursos hídricos. Exibiu documentos produzidos pelos governos dos EUA, da Alemanha e da Inglaterra. Na seqüência, assinalou que no futuro o mundo poderá entrar em guerra devido à escassez de água. Nesse contexto, o Brasil seria alvo de pressões internacionais, uma vez que o maior aqüífero do globo está situado na Amazônia. As principais passagens da palestra estão transcritas abaixo:
DOS 07 MINUTOS E 10 SEGUNDOS AOS 13 MINUTOS E 50 SEGUNDOS:
"A cobiça internacional pela Amazônia é retórica ou realidade? É só conversa? Ou tem algum fundo de realidade? Vamos ver. Próxima transparência. Isso é a Agenda de Defesa dos Estados Unidos da América. Ela ainda está em vigor. Foi promulgada pelo Presidente Obama: 'Risco de que as pretensões por recursos naturais estimulem conflitos por energia e água, com possibilidade de escalada no Oriente Médio e na Ásia'. Pode seguir para a próxima tela. Wikileaks: um documento secreto do Departamento de Estado dos EUA no qual as minas brasileiras de nióbio eram incluídas entre os locais cujos recursos são considerados estratégicos e imprescindíveis para os americanos. O documento está aí [na tela]. Não sou eu que estou falando. Tudo de fonte aberta. Tudo que estou falando vem de fonte aberta. Não são os militares que estão falando. Fonte aberta. Próxima tela. Estratégia de Matérias-Primas da Alemanha: 'É vital que sejam fornecidos à economia da Alemanha recursos minerais'. A Alemanha é altamente dependente de importações, depende da oferta internacional de matérias-primas para a indústria alemã. Próxima tela. Grã-Bretanha. O que diz a Estratégia de Segurança Nacional Britânica: 'A grande demanda por recursos naturais escassos está atraindo o interesse nos países que controlam esses recursos. As ações de restrição de exportação e manutenção de estoques por certos países podem colocar em risco setores de indústrias estratégicas no Reino Unido (por exemplo: restrições à exportação de metais de terras-raras, componente-chave na fabricação de várias tecnologias militares. A busca por esses recursos também pode aumentar o prospecto de conflitos globais para obtenção de acesso a esses metais'. Estou falando de minerais porque depois vou falar de alguns locais onde temos esses minérios imprescindíveis a esses países. Próxima tela. Aí a contrapartida. O Presidente do Brasil esteve na Noruega e esta senhora [primeira-ministra Erna Solberg] disse que iria cortar os recursos para preservação da Amazônia em US$ 100 milhões. Mas vejam só: a Noruega é o país que estimula a caça à baleia, polui o meio ambiente explorando petróleo, autorizou neste ano a morte de mil baleias, 90% fêmeas e grávidas. Então vamos lá. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Mas há mais uma notícia da Noruega. Vamos lá. A Noruega é a maior acionista da mineradora denunciada por contaminação da Amazônia. É a principal acionista da mineradora Hydro, alvo de denúncia do Ministério Público Federal no Pará. Responde a dois mil processos por contaminação dos rios. Aliás, quero salientar o trabalho do Ministério Público Federal. Na semana passada, o procurador federal de Tabatinga, numa operação com o Exército e a PF, esteve em Jandiatuba e lá foram destruídos 16 poços de mineração ilegal. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Vamos ver alguma coisa da área amazônica, só para ter uma idéia. População de 7 milhões. Roraima tem 500 mil. Amazonas tem 4 milhões. Rondônia tem 1,7 milhão e Acre 800 mil. Aqui está aumentando. Eu vou mostrar o espinhaço que já existe em Rondônia por causa do desmatamento. Próxima tela. As áreas estratégicas na visão militar. A Amazônia é a prioridade para o Exército Brasileiro. Vou mostrar por que. Em 1950 o Exército tinha 1.000 homens na Amazônia. Hoje tem 30.000 homens. No Comando Militar da Amazônia, que abrange esses quatro Estados no mapa, eu comando 21.000 homens. Várias unidades saíram do Sul do Brasil e foram transferidas para a Amazônia. Portanto, o Exército Brasileiro está preocupado e está trabalhando na Amazônia. A FAB e a Marinha também, como vocês vão ver. Por que a prioridade é a Amazônia? Vejam nesta tela quanta coisa eu coloquei: dois terços das reservas hidrelétricas, maior banco genético, maior província de minérios, centenas de trilhões de toneladas de carbono, fronteiras com sete países. São 10.000 km de fronteiras que temos na Amazônia. Seus rios descarregam um quinto da água doce do planeta. Depois falarei sobre eles. Aqui todo mundo fala que o Aqüífero Guarani é o maior do mundo, mas ele está em vários países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Na verdade ele é o segundo maior do mundo. Sabem onde está o maior aqüífero do mundo? Na Amazônia. É o Aqüífero Alter do Chão. Manaus está encima dele. Capacidade: 85.000 km³. É o maior do mundo e está embaixo do rio. Poucos brasileiros sabem disso, mas há muita gente no exterior que sabe disso. E o mundo um dia fará guerra por causa de água. Em alguns lugares, o litro de água é mais caro do que o litro de gasolina"
DOS 22 MINUTOS E 20 SEGUNDOS AOS 23 MINUTOS E 30 SEGUNDOS:
"Os depósitos minerais já descobertos são esses pontinhos azuis [no mapa]. Agora vamos colocar tudo isso na mesma transparência. Vamos pensar nisso. Isso é o que o Brasil sabe sobre os seus depósitos minerais. Eu não sei se outros países, outras ONGs têm conhecimento. Pode ser que tenham mais. Eu tenho certeza de que eles têm mais conhecimento. Temos que pensar nisso. Temos que pensar que as coisas na Amazônia têm que ser sustentáveis. Nada predatório, sem destruição. Eu gostaria também de lembrar aos senhores que outros países, outras potências, pensam dessa forma: 'O que é meu é meu. O que é seu é meu também'. Pensem bem".

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