A organização terrorista ETA anunciou a sua dissolução na quarta-feira (2 de maio), através de uma conta divulgada, encerrando um ciclo de mais de seis décadas, onde mais 800 pessoas acabaram morrendo, em virtude de suas operações.
A sigla da organização ETA significa no idioma basco "Pátria Basca e Liberdade". A dissolução do grupo ocorreu na França, onde havia a presença do ETA. A pátria basca ocupa o norte da Espanha e o sul da França.
Um manifesto divulgado por vítimas do ETA, dizem que a ferida deles também sangra. O governo espanhol informou que seguirá no encalço dos líderes da organização terrorista para que eles paguem pelos seus crimes. O ETA iniciou as suas atividades em 1959, no período da ditadura Franco, que se iniciou em 1939 e se estendeu até 1975. O objetivo era exigir com luta armada a independência do país Basco, região que tem língua e história própria. Ainda há o desejo na população local a sua independência.
Seus alvos incluíram policiais e políticos espanhóis. Das 820 vítimas contabilizadas, das quais metade morreu em crimes ainda não solucionados, 340 eram civis e centenas de pessoas foram mutiladas.
Apesar da carta de sua dissolução, a organização já estava inoperante há bastante tempo. As ações terroristas do grupo começaram em 1968. Em 1973, cometeram um dos mais audaciosos atentados, matando o então primeiro-ministro espanhol, Luis Carrero Blanco. Um atentado em Madrid, onde o automóvel dele foi parar na marquise de um edifício. Em 1980, tivemos o ano mais sangrento das ações da ETA, com 118 mortos. Em 1985, o primeiro carro-bomba, atinge Madrid, deixando um morto e 16 feridos. Em 1986, 12 policiais foram mortos em Madrid. Em 2000, um separatista basco foi condenado a 1.401 anos de prisão pelo ato. Em 1987, mais outro tenebroso atentado. Uma bomba colocada pelo ETA deixa 21 mortos em um supermercado em Barcelona. Depois, a organização pediu "perdão" pelo erro. Em 1997, o ETA sequestra e mata Miguel Ángel Blanco, conselheiro municipal do Partido Popular.
Seis milhões de espanhóis foram às ruas para protestar contra os atos da organização. Em 2006, a organização terrorista anunciou um cessar-fogo. Porém, em dezembro, um carro-bomba deixou dois mortos no aeroporto de Madrid. Em 2011, após prisão de líderes, o ETA anunciou o cessar-fogo definitivo e decretou o fim da luta armada. E no ano passado, informando a localização dos seus últimos arsenais na França, o ETA afirmou que estava completamente desarmado e decretou o fim de todas as suas operações.
Os cerca de 300 integrantes do ETA, estão espalhados pela Espanha e pela França. A política de dispersão, quando ficam isolados e separados de seus familiares, é algo que eles ressentem, mas estão sendo responsabilizados pelos seus atos. O ETA é visto pela Europa como uma entidade terrorista. O ETA acabou, mas não acabou o sentimento separatista do povo basco, algo que o governo da Espanha terá que administrar, assim como ele está tentando fazer com a Catalunha.
*Editor do site RS Notícias
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