sexta-feira, 27 de abril de 2018

Toxoplasmose em grávidas pode causar cegueira e microcefalia em bebês

Saiba quais os cuidados para evitar contato com a doença que já infectou 51 pessoas em Santa Maria

Toxoplasmose pode ser passada da mãe para o feto | Foto: Shutterstock / CP

Toxoplasmose pode ser passada da mãe para o feto | Foto: Shutterstock / CP

As causas do surto de toxoplasmose – que tem 51 casos confirmados em Santa Maria – ainda são desconhecidas. Algumas hipóteses estão sendo estudadas, mas os especialistas envolvidos nas análises não acham prudente divulgá-las. Enquanto o foco de transmissão da doença não poder se combatido, a população precisa ter cuidados – principalmente as grávidas.

De acordo com o professor de parasitologia humana da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Daniel Roulim Stainki, “a doença pode ser perigosa para o bebê”. “(A toxoplasmose) pode causar no feto problemas como cegueira, estrabismo, retardo mental, hidrocefalia, microcefalia, convulsões, pneumonia entre outras patologias”, alerta o especialista.

A toxoplasmose pode ser repassada da mãe para o bebê através da placenta e transfusão sanguínea. Segundo Stainki, o parasita pode atingir diversos órgãos – que ainda estão em formação no feto – e os sinais clínicos da doença podem ser observados nos tecidos afetados.

Dos 51 casos confirmados da doença em Santa Maria, oito pacientes são gestantes. A prefeitura ainda tem 30 amostras de casos suspeitos para analisar, sendo que seis são de grávidas. A doença foi contraída em 18 bairros – como não se sabe a fonte de infecção, Stainki explica que não tem como saber se o surto pode se espalhar para outros pontos da cidade ou para outras regiões.

• Equipes seguem investigando surto de toxoplasmose em Santa Maria

Os cuidados

A forma mais comum de contrair a toxoplasmose é pela ingestão de carnes cruas ou pouco cozidas – como salames e linguiça – ingestão de água ou leite não fiscalizado. A contaminação também pode se dar pelo oocisto do parasita (local onde o parasita se desenvolve) – que se encontra nas fezes de gatos doentes.

O professor da UFSM explica que as medidas preventivas para evitar o contato com a doença são “medidas básicas de higiene”:






Na maioria das pessoas, segundo Stainki, a doença “apresenta-se de forma benigna”. “Muitos se contaminam sem nunca ficar sabendo, adquirindo uma certa imunidade contra a doença, já que em muitos casos, a doença cursa como uma gripe”, explica.

Apenas pessoas que já estão com o sistema imunológico debilitado podem ter complicações com a doença, como problemas de coordenação, convulsões, confusões, visão turva e, em alguns casos, até mesmo infecções respiratórias, como pneumonia e tuberculose.

A toxoplasmose

A doença é causada por um protozoário chamado de Toxoplasma gondii, que tem como hospedeiro definitivo os felinos – sendo o gato o animal mais próximo e de maior contato com a população. Contudo, apenas 1% da população felina pode eliminar o parasita. O professor da UFSM enfatiza que “não se pode incriminar só os gatos pelos surtos da doença”.

Além disso, gatos que se alimentam somente com ração nunca terão a parasitose, pois necessitariam comer um roedor ou ave contaminados para adquirir o parasita. Stainki explica ainda que – mesmo que o felino se contamine com a doença – eles precisam estar doentes para eliminar nas fezes “óvulos” da toxoplasmose.


Correio do Povo



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