Governo sabe que a decisão contra o petista pode futuramente influenciar a situação de diversos políticos
No momento do pedido de prisão, Temer estava com alguns auxiliares, entre eles, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha | Foto: Alan Santos / PR / CP
A notícia da decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu o Palácio do Planalto pela velocidade com que aconteceu. Auxiliares do presidente Michel Temer afirmaram que o momento pede "serenidade" e que é preciso avaliar o impacto da prisão do ex-presidente tanto na situação atual do País - que passa por uma admitida crise institucional - como no cenário eleitoral.
Oficialmente, o Planalto informou que não iria comentar. Interlocutores destacam que ter um ex-presidente da República preso, além de inédito, é uma situação grave para o País institucionalmente e justamente por isso é preciso aguardar o desenrolar dos fatos com serenidade.
No momento da notícia de que o juiz Sérgio Moro havia decretado a execução da pena e dado um prazo até amanhã as 17h para se entregar, Temer estava com alguns auxiliares, entre eles, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo interlocutores, ao receber a noticia, Temer estava em uma ligação e depois atendeu outros telefonemas. Uma explicação para o motivo da cautela nas declarações de aliados de Temer é que o governo sabe que a decisão contra o petista pode futuramente influenciar a situação de diversos políticos, incluindo os caciques do MDB e de outros partidos, que são investigados.
Segurança
A maior preocupação neste momento, ressaltam, é com a segurança, já que aliados de Lula já iniciaram manifestações pelo País. Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, o episódio de tiros disparados contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula elevou a preocupação com a segurança do presidente, principalmente, caso ele leve adiante o plano de disputar a reeleição. Autoridades do governo avaliam que se instaurou no País, de maneira inédita, um clima de rivalidade e ódio político, como ficou patente nos confrontos entre militantes petistas e opositores ao longo do trajeto da caravana de Lula.
Segundo uma fonte ouvida sob a condição de anonimato, o "humor" da campanha preocupa e não haveria como oferecer "garantia absoluta" de segurança a Temer. Até agora, Temer não pensa em cancelar nenhuma das agendas programadas para os próximos dias, incluindo a viagem para Salvador amanhã à noite, mesmo sabendo que a capital baiana é um importante reduto petista.
Temer vai a capital baiana na sexta para participar da cerimônia de posse da diretoria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e das comemorações dos 70 anos da entidade. No sábado deve ir a Foz do Iguaçu para o Simpósio nacional de Varejo e Shopping.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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