sábado, 3 de março de 2018

Inflação da indústria registra alta de 0,43%, aponta IBGE

Combustíveis pressionaram subida, mas alimentos contiveram acréscimo de valores

Combustíveis pressionaram subida, mas alimentos contiveram acréscimo de valores | Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória

Combustíveis pressionaram subida, mas alimentos contiveram acréscimo de valores | Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória

Os preços dos produtos ao saírem das fábricas, sem impostos e fretes, subiram 0,43% em janeiro, segundo os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Combustíveis, herbicidas, inseticidas, automóveis, caminhões e ônibus ficaram mais caros. Por outro lado, o açúcar cristal e a carne bovina mais baratos impediram uma inflação mais elevada.

Os alimentos têm ajudado a diminuir o impacto do aumento nos preços dos combustíveis na inflação da indústria, segundo os dados apresentados pelo IBGE. Os produtos alimentícios ficaram 6,18% mais baratos na porta de fábrica nos 12 meses encerrados em janeiro. Por outro lado, os derivados de petróleo e biocombustíveis estão 16,01% mais caros. A taxa do IPP acumulada em 12 meses está em 4,28%.

“Temos dois extremos muito grandes, petróleo subindo muito acima da média e alimentos caindo muito acima da média. São os dois setores de maior peso no IPP”, frisou Alexandre Brandão, gerente do IPP na Coordenação de Indústria do IBGE. Na série histórica da taxa em 12 meses, iniciada em dezembro de 2010, a variação média dos alimentos foi de 8,11%, enquanto a taxa média para o refino de petróleo é de 5,07%.

Segundo Brandão, os custos mais altos da extração do petróleo e o aumento da cotação internacional do produto estão por trás do comportamento recente do setor de refino. O IPP tem captado a nova política de preços adotada pela Petrobras. A petroleira estatal decidiu repassar para as para as refinarias as variações dos combustíveis no mercado internacional.

Quanto aos alimentos, desde janeiro de 2017, os preços da indústria alimentícia recuaram em 10 meses. Graças à safra agrícola recorde e à manutenção do clima favorável, os preços do setor subiram apenas em maio, outubro e novembro de 2017. “Em janeiro, os preços da carne costumam cair, depois das festas, e isso está se refletindo no IPP. Mas principalmente as chuvas de final de ano foram muito boas, o que tem continuado esse efeito sobre os alimentos. A gente não tem no IPP alimentos como verduras e frutas, mas a gente sabe que também está acontecendo, os alimentos estão com queda de preços. De maneira geral, esse clima bom está repercutindo nessa queda de preços de alimentos”, apontou Brandão.

O câmbio também pesou. Em janeiro, o avanço do real ante o dólar ajudou a conter um aumento maior da inflação da indústria. Segundo o IBGE, o real teve um avanço médio de 2,5% em relação à moeda americana no mês, a primeira apreciação da moeda brasileira desde setembro.

Entretanto, houve pressão do repasse de cotações internacionais mais elevadas sobre os bens intermediários, enquanto a matéria-prima mais cara e a melhora no ambiente da demanda abriram espaço para a alta de preços de bens de consumo duráveis, citou Brandão. “Foram questões de mercado que influenciaram o resultado: os preços internacionais e a demanda”, declarou o gerente do IPP.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

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