O Brasil será um dos países mais atingidos pela medida, que será aplicada de maneira formal na próxima semana
Por Estadão Conteúdo
Os EUA vão cobrar um adicional de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio (Jonne Roriz/VEJA)
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgou nota nesta quinta-feira em que afirma que o governo brasileiro recebe com “enorme preocupação” a informação de que os Estados Unidos pretendem aplicar tarifa adicional de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio. A medida afetará os produtos brasileiros vendidos aos EUA.
“O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses no caso concreto”, afirma o texto.
O presidente norte-americano Donald Trump disse que decidiu impor a tarifa sobre a importação de aço. Segundo maior fornecedor do produto ao mercado americano no ano passado, o Brasil será um dos países mais atingidos pela medida, que será aplicada de maneira formal na próxima semana.
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“O governo brasileiro espera trabalhar construtivamente com os Estados Unidos para evitar eventual aplicação, o que traria prejuízos significativos aos produtores e consumidores de ambos os países, segundo relatou o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, ao secretário americano”, completa a nota.
O anúncio ocorre depois de o ministro se reunir, em Washington, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, criticou nesta quinta-feira a decisão do governo norte-americano de sobretaxar as importações de alumínio e aço no país. “O Brasil teve política protecionista por muitos anos e isso, no longo prazo, não dá certo”, comentou o ministro. “O presidente Trump tem essa visão. Na minha avaliação, não é algo que vai aumentar a competitividade da indústria americana, pelo contrário”, acrescentou Meirelles.
Apesar das críticas, Trump usou sua conta no Twitter na manhã desta sexta-feira para defender as tarifas na importação de aço e alumínio anunciadas ontem.
“Quando um país (EUA) perde muitos bilhões de dólares em comércio com virtualmente todo país com quem faz negócios, as guerras comerciais são boas e fáceis de vencer. Por exemplo, quando perdemos 100 bilhões de dólares com um certo país e eles se tornam engraçadinhos, não faça mais comércio – nós ganhamos muito. É fácil!”, escreveu Trump.
Encontro
Na reunião, Jorge afirmou que o aço brasileiro não representa ameaça à segurança nacional norte-americana e que as estruturas produtivas siderúrgicas de ambos os países são complementares, já que cerca de 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, que é um insumo da indústria siderúrgica norte-americana.
O ministro reiterou ainda que a produção brasileira de aço, parcialmente exportada aos Estados Unidas, é feita em parte utilizando carvão siderúrgico norte-americano, responsável por US$ 1 bilhão em importações em 2017, o que poderá ser prejudicado com a sobretaxa.
“No encontro, o ministro Marcos Jorge reforçou que Brasil e Estados Unidos são importantes e tradicionais parceiros comerciais. De sua parte, o secretário Ross afirmou disposição para buscar soluções positivas e que eventual decisão de aplicação da sobretaxa poderia ser recorrida pelos países interessados”.
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