quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Phil Collins comanda viagem aos anos 80 com show enérgico em Porto Alegre

Sentado em sua cadeira, artista levantou o público com sucessos de uma década musical

Sentado em sua cadeira músico levantou o público com sucessos de uma década musical | Foto: Guilherme Testa

Sentado em sua cadeira músico levantou o público com sucessos de uma década musical | Foto: Guilherme Testa

Em uma época em que a "fast food music" é consumida sem moderação e que novos cantores surgem a todo momento, são os veteranos da indústria que se apresentam com frescor, mostrando que as grandes canções produzidas na era em que o streaming não existia são atemporais. É o caso de Phil Collins, que promoveu em Porto Alegre na noite desta terça-feira uma viagem pelo topo das paradas da década de 1980 com um desfile de hits de diferentes momentos de sua carreira e emocionando o público. Nem mesmo a forte chuva que caiu na Capital horas antes do evento foi capaz de apagar a paixão que o artista tem pelo trabalho e pelos fãs. Nem sua condição de saúde, a qual torna necessário que ele fique o show inteiro sentado em uma cadeira, consegue apagar o brilho do britânico, um exemplo de que a aposta no "mais é menos” é certeira.

Nos telões erguidos ao fundo e nas laterais da estrutura armada no Beira-Rio, imagens do artista em diferentes fases eram reproduzidas em sequência quando Collins apareceu pela primeira vez no palco, 30 minutos depois do horário previsto, e apoiando-se em uma bengala para caminhar. Gritos eufóricos mesclaram-se com palmas e assobios, preparando a atmosfera para uma noite de nostalgia. “Boa noite, Porto Alegre", disparou em português. “Isso é tudo que eu sei em português”, completou no seu idioma materno. Foi ao som de “Against All Odds (Take a Look At Me Now)" que o vencedor de oito Grammys abriu os serviços. Pinçada do álbum homônimo, de 1984, a faixa, que fez parte da trilha do filme “Paixões violentas”, foi entoada a plenos pulmões pela plateia. Na sequência, um dos maiores sucessos do inglês tomou conta do local: “Another Day in Paradise”, do politizado “...But Seriously”, lançado em 1989. A polêmica oomposiçãi, que denuncia o descaso com a população sem-teto, rendeu no passado críticas ao cantor, que acabou por ser taxado de hipócrita por alguns segmentos da sociedade.

Durante sua trajetória profissional, o londrino de 67 anos inspirou-se na própria vida e suas circunstâncias para compor. “I Missed Again”, do CD “Face Value”, a terceira a ser apresentada na noite, é um exemplo. Esta, como as demais faixas do disco de estreia solo, retratam a dor e raiva que dominavam o autor após se divorciar de sua primeira esposa, Andrea Bertorelli, em 1980. A letra irônica e a melodia ritmada pelo saxofone tocado por integrantes da banda que o acompanha embalaram o público. “... But Seriously”, rapidamente voltou à cena com “Hang in Long Enough”, uma de suas produções mais dançantes e enérgicas, um lembrete de que, apesar das dificuldades, é possível ter o que se quer se tivermos perseverança e não desistirmos. Depois, foi vez de “Wake Up Call”, a mais nova do repertório e que integra “Testify”, que chegou às lojas em 2002.

O propósito de Collins, contudo, era transportar sua legião de admiradores para os anos 80. Ainda que não seja possível viajar no tempo fisicamente, ao menos emocionalmente a tarefa foi cumprida com maestria. O Genesis, do qual o artista fez parte e que surfou como nenhum outro grupo pelas ondas dos rádios, não poderia ficar de fora. “Throwing It All Up”, de "Invisible Touch” (1986), cantada com consistência vocal, colocou o público para dançar e foi seguida por “Follow You Follow Me”, extraída de “And Then There Were Three” (1978), o disco mais antigo representado na Capital. Enquanto as músicas eram apresentadas, os telões reproduziam gravações da banda, o que fez com que muitos fãs sacassem seus celulares para registrar o momento. “Only You Know And I Know” levou o público de novo à fase solo do britânico.

Entre um desfile de verdadeiros hits, houve espaço para Collins apresentar sua excelente banda, na qual se destacam o bateirista Nicholas, seu filho de apenas 16 anos, e os antigos companheiros - "todos os meus amigos são velhos", brincou - , o baixista Leland Sklar com sua barba inconfundível e o guitarrista Daryl Stuermer. Deu tempo também para cantar covers. O primeiro deles foi “Separate Lives”, faixa composta por Stephen Bishop e que integrou a trilha do longa “O Sol da Meia-Noite”. Foi interpretada intimamente, sob um céu de estrelas LED que se projetavam nos telões, em dueto com a vocalista de apoio Bridgette Bryant. Na sequência, “Something Happened on the Way to Heaven” transformou o gramado do estádio numa pista de dança. O ápice foi atingido com “In The Air”, reconhecida pelo público antes mesmo do som de sua introdução somar dez segundos. O tom místico e obscuro do clássico de “Face Value” fez as luzes serem colocadas à meia fase, indicando a tensão existente na vida do artista quando escreveu a música, uma vez que sentimentos negativos estavam "no ar". foi seguida por “You Can’t Hurry Love”, originalmente gravada pelo The Pretenders em 1982 e “Dance Into The Light", do álbum homônimo de 1996.

“Invisible Touch”, da época do Genesis, deu continuidade ao show. Lançada em 1986 no álbum de mesmo nome, agitou a plateia que, junto aos músicos, ensaiaram os passos que eram coreografados nas discotecas. Para finalizar os covers, o artista escolheu a igualmente eufórica “Easy Love”, de Philip Bailey. A canção faz parte de “Chinese Wall”, disco produzido pelo dono da noite, e foi indicada ao Grammy de Melhor Performance Vocal de R&B. Foi com a balada pop “Sussudio” (de “No Jacket Required”), e com direito a explosão de confete, serpentina e muitos aplausos que ele encerrou o show e deixou o palco. Ainda que impossibilitado de caminhar - cenas tristes aquelas em que a banda de apoio dançava no tablado e ele permanecia sentado, mas mesmo assim sorrindo -, devido a problemas na coluna que também lhe tiraram a sensibilidade dos dedos, Collins valida o irônico nome da turnê que lhe trouxe a Porto Alegre: "Not Dead Yet", "Ainda não morri", mesmo título de sua biografia lançada em 2016

Eufórica da overdose, a plateia clamou por outra dose de saudosismo. Ela veio em medida pequena: após alguns minutos no breu, as luzes foram ligadas novamente para que o músico retornasse à sua cadeira. Com vocais precisos e afinados, intactos ao tempo e às suas questões de saúde, Collins escolheu para seu grand finale "Take Me Home”. O público, que não lotou o Beira-Rio, certamente levou para casa uma noite memorável, na qual navegou por diferentes sensações e ritmos. Carregou também a certeza de que assistiu a um dos poucos artistas que, mesmo sentado, conseguem transmitir uma energia capaz de dominar o palco e domar uma multidão faminta por músicas de uma era que não volta mais.

The Pretenders redefine os padrões de show de abertura

Hits também não faltaram no show de abertura, que mais pareceu um especial do The Pretenders, a banda anglo-americana comandada por Chrissie Hynde. Com uma disposição de dar inveja em muita gente aos 66 anos, ela cantou durante mais de uma hora, rompendo o padrão - coisa que fez muito durante a juventude - de apresentações do estilo, com um enfileiramento de clássicos do repertório. Simpática e visivelmente empolgada, a artista não poupou palavras ao interagir com o público, afirmando que era um prazer estar em Porto Alegre e que “vou voltar para um show sozinha, eu juro”. O repertório bombástico fez o Beira-Rio, que ao poucos se enchia para o evento principal, tremer.

Para agitar a plateia, algumas da músicas apresentadas foram "Message Of Love", "Don't Get Me Wrong", "Hymn to Her", "Alone" e "Stand By You", além de canções dedicadas a Collins e também a Bob Dylan, de quem tocou “Forever Young”. "Se não fosse por ele talvez nem gostássemos ou soubéssemos o que é música", anunciou, antes de entoar a faixa. Numa apresentação que valeria o preço do ingresso, tamanha qualidade vocal e instrumental, com solos efusivos de guitarra e bateria, o grupo teve o público aos seus pés do início ao fim.


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