Apresentador teria acatado decisão familiar e focará na sua carreira na TV
Apresentador teria acatado decisão familiar e focará na sua carreira na TV | Foto: Pedro Ladeira / Folhapress / CP Memória
O apresentador Luciano Huck manteve a decisão de não se candidatar à Presidência da República na eleição deste ano. Ele optou pela carreira na televisão à aventura de uma disputa presidencial. Ele vinha sendo cobrado pela TV Globo a se definir, o que fez nesta quinta-feira. "Não serei candidato, mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão", disse Huck.
O apresentador chegou a anunciar que não seria candidato em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em novembro do ano passado, mas voltou a se movimentar em janeiro, se reunindo com líderes políticos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e representantes do setor econômico.
Huck passou a circular novamente justamente após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que tende a impedir sua candidatura a mais um mandado no Planalto. O apresentador, com o discurso da renovação na política, já começava a ser tratado como uma alternativa na disputa presidencial por líderes partidários e legendas que veem a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) com reticências - a principal desconfiança é em relação ao potencial eleitoral do governador paulista, que ainda não atingiu dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.
A acolhida de FHC ao tucano gerava constrangimento no entorno de Alckmin, mas o tucano costumava elogiar publicamente Huck. Segundo pessoas próximas ao governador, ele considera que o apresentador e seu movimento, o RenovaBR, deixaram um "legado" para a eleição de 2018. Alckmin vai tentar se aproximar do grupo. 'Solitária' "A decisão de entrar para a política é difícil e solitária. No Brasil, ela só é uma decisão fácil pra quem já tem família na política. Para alguém como ele, sem nenhuma clã política, é uma decisão muito difícil", disse deputado Roberto Freire, presidente do PPS, partido que negociava a filiação de Huck.
Além da questão profissional, que envolvia não apenas o próprio contrato com a Globo - Huck é dono de um dos maiores salários da televisão brasileira e sua saída da emissora obrigaria provavelmente à suspensão também do programa de sua mulher, Angélica -, mas também a exposição que uma candidatura ao Planalto provocaria. Familiares não endossaram o projeto político do apresentador global, mas era um desejo que ele alimentava. Com quem conversou, Huck se mostrou abatido com a decisão. Entre profissionais que discutiam a hipótese de candidatura do apresentador, a avaliação é que o projeto era viável eleitoralmente, mas exigia uma preparação prévia para enfrentar a arena política, o que não ocorreu.
A decisão de Huck foi recebida com desalento por participantes dos movimentos que pregam a renovação na política. Até esta semana, os grupos ainda fechavam o texto final de uma carta-convite para Huck participar de um debate com o apresentador. Humberto Laudares, um dos fundadores do Agora!, grupo do qual Huck faz parte, afirmou que "ele saindo do jogo não é uma boa notícia para a ideia de renovação". "Independentemente de ser candidato ou não, havia na presença dele um simbolismo de uma nova geração que começava a entrar no jogo político." Integrantes do Agora! e do RenovaBR avaliam que, sem Huck, os grupos perdem o que consideravam um trunfo: "a mola propulsora" de candidatos ao Legislativo oriundos do movimento. A assessoria da TV Globo afirmou que não tinha informações sobre eventual reunião de Huck com a direção da emissora.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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