Ministro Marun explicou que entendimento do presidente do Senado fez Planalto recuar
Marun reconheceu que governo não tem como tocar reforma da Previdência devido intervenção no RJ | Foto: Valter Campanato / ABr / CP
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afastou a possibilidade de votação da reforma da Previdência enquanto durar a intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Segundo ele, não há segurança jurídica para interromper a intervenção para votar a reforma e nem mesmo de continuar a tramitação do Projeto de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso. Com isso, o governo não trabalha mais com a ideia inicial de votar a reforma na Câmara dos Deputados ainda este mês.
“Eu até coloco que a votação em fevereiro já está fora de cogitação, porque nós teríamos que, para aprovar a PEC, pelo entendimento do presidente Eunício (Oliveira, presidente do Senado) e, de certa forma do presidente Maia (presidente da Câmara dos Deputados), suspender o decreto. Uma situação que é controversa, a de suspender o decreto e depois reeditá-lo”, afirmou o ministro.
Ele, porém, descarta que o governo tenha desistido da reforma, considerada prioritária, apesar de admitir que a intervenção federal no Rio é um impeditivo para a aprovação. “Eu reconheço que isso cria um óbice jurídico para a continuação da tramitação, para a evolução da discussão e consequente aprovação da reforma.”
Na sexta-feira, quando o presidente Michel Temer decidiu pela intervenção federal, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que quando o governo tivesse os votos necessários para aprovar a reforma, Temer revogaria o decreto de intervenção e entraria em vigor no Rio uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ampliada.
Mas hoje, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, afirmou que politicamente, não seria possível revogar o decreto e assinar outro em seguida a fim de beneficiar a aprovação de qualquer matéria no Congresso. “As palavras do senador Eunício não são de todo desarrazoadas. Até porque não temos previsão de suspendermos o decreto de intervenção nos próximos dias. Nós sabemos que é um trabalho que demandará tempo e é possível que isso interrompa a tramitação da PEC da Previdência”, disse Marun.
O ministro também reconheceu que o governo não tinha votos suficientes para a reforma passar. Acrescentou que vai continuar buscando os votos que faltam, mesmo sem ter uma previsão de data para sua aprovação.
Meirelles via reforma como prioridade
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a reforma da Previdência era “prioridade número um”, mesmo com a intervenção no Rio de Janeiro. “Evidentemente que, se as lideranças do Congresso concluírem que a reforma da Previdência tem voto suficiente para ser aprovada, a ideia, inclusive já anunciada pelo presidente da República, é tomar uma medida que viabilize a votação da Previdência, atendidos todos os requisitos da Constituição”, comentou. Meirelles disse ainda que o governo não trabalha com um plano B: “Antes de se definir o número de votos e se é possível aprovar, acho que não cabe ficarmos discutindo planos B, porque isso serviria evidentemente para desviar a atenção do fundamental que é a aprovação da reforma”.
Agência Brasil e Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário