Sob a direção de Stalin, o Comissariado para as Nacionalidades define a feição constitucional das repúblicas soviéticas. Em fins de dezembro de 1922, um congresso de delegados de suas nações cria a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Nesse congresso, Stalin faz crer que o acontecimento tem um peso histórico igual ao da criação do Exército Vermelho. “Este é o dia do triunfo da nova Rússia sobre a velha, sobre a Rússia que era o policial da Europa e o carrasco da Ásia”, diz ele. Quer igualar seu feito à importância do que fizera Trostsky no Comissariado de Guerra: “Que esse congresso – acrescenta – mostre todos os que ainda são capazes de compreender, que os comunistas sabem construir coisas novas com a mesma perfeição com que destroem as antigas”. Em poder de Stalin, o destino de metade da população de todo o Estado soviético.
Além de comissário para as Nacionalidades, Stalin é membro do Politburo, organismo responsável pela alta política da resolução. No Politburo, tratar das questões ligadas à administração do partido. Função um tanto desagradável e menor, no entender de seus pares naquele organismo partidário, mas que permite a Stalin controlar todas as traficâncias e futricas do cotidiano bolchevista.
A este acúmulo de funções soma-se a chefia do Comissariado da Inspetoria dos Operários e Camponeses, o Rabkrin, entregue a Stalin ainda nos dias de guerra civil. Na direção do Rabkrin, controla toda a administração, fiscalizando o serviço público. Esse comissariado existe para combater casos de incompetência e corrupção dos trabalhadores do campo e das cidades. Cabe-lhe também reparar os novos quadros administrativos. Para os seus serviços são convocados milhares de comissários, que podem entrar em quaisquer repartições públicas a qualquer hora, para fiscalizá-las.
Gigantesco departamento de pessoal e verdadeira polícia de serviço público, o Comissariado da Inspetoria dos Operários e Camponeses pouco a pouco vai se tornando uma espécie de supergoverno, com seus olheiros vigiando até mesmo as reuniões do Conselho dos Comissários do Povo, assim supervisionando toda a máquina governamental. Por seu poder e trânsito, transforma-se numa fonte de intrigas, perseguições, corrupção e tráfico de influência posta a serviço de Stalin; o oposto do que Lênin esperava desse Comissariado ao criá-lo. Consta que, por ocasião de criação do Rabkrin, Lênin defendera com ênfase a indicação de Stalin para dirigi-lo: “Trata-se de um cargo de amplas atribuições. Só mesmo um homem de grande autoridade poderá ocupá-lo”.
Fonte: Stálin, de José Carlos Arrabal e José Carlos Estevão, páginas 54 e 55.
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