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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

"MITOS E VERDADES SOBRE A CRISE DO ESTADO DO RIO"!

(Mauro Osório/Maria Helena Versiani - Globo, 20) 1. Desde a crise econômica no país, iniciada em 2015, o Estado do Rio de Janeiro sofreu particularmente. Os números assustam. Por exemplo, apesar de São Paulo ter o triplo de empregos com carteira assinada, no setor de serviços o Rio perdeu, entre janeiro de 2015 e novembro de 2017, 196.215 empregos — contra uma redução em São Paulo de 118.203, segundo o Ministério do Trabalho. No conjunto das atividades, o Estado do Rio perdeu mais de meio milhão de empregos desde janeiro de 2015.
2. Em 2017, até novembro, enquanto no Brasil foram gerados 299.635 novos empregos com carteira assinada, no Estado do Rio ocorreu a perda de 78.950 vagas. Por que será?
3. Alguns afirmam que o Rio viveu um boom econômico mal aproveitado, a partir de meados dos anos 2000. No entanto, entre 2006 e 2016, enquanto, no Estado do Rio, o total da receita corrente líquida cresceu, descontada a inflação, 6,4%, esse crescimento foi de 37,4% na média dos estados, de acordo com o Ministério da Fazenda.
4. Outros afirmam que a crise ocorreu pela ampliação de gasto com servidores públicos ativos. Novamente, os dados não confirmam. Apesar das diversas contratações ocorridas no Rio, na área de Segurança Pública, com a implantação das UPPs, entre 2006 e 2016 ocorreu uma queda de 0,5% no total de servidores públicos estaduais.
5. De fato, houve aumentos salariais, e a organização de planos de carreira para algumas categorias, em 2014. No entanto, estudo do economista José Roberto Afonso mostra que os estados do Espírito Santo e do Rio estão entre os que menos gastam proporcionalmente com pessoal ativo do Poder Executivo.
6. Diz-se também que a culpa da crise seria a concessão de incentivos fiscais, que impactaria negativamente a receita de ICMS e, por conseguinte, o total da receita estadual. Porém, dados do Ministério da Fazenda mostram que a receita de ICMS, entre 2006 e 2016, cresceu bem acima do total da receita estadual. Portanto, ao invés de prejudicar a receita total do estado, dinamizou-a.
7. A crise específica do Estado do Rio deriva de longa decadência econômica que é fruto: da transferência da capital para Brasília; da carência de reflexão e de estratégias consistentes de fomento ao desenvolvimento socioeconômico regional; da lógica política hegemônica que se instaura com as cassações no Rio, à esquerda e à direita, a partir do golpe de 64, que permitiram o surgimento do chaguismo, na cidade e, após a fusão em 1975, no estado, deixando heranças até os dias atuais.
8. Esse conjunto de fatores fragiliza o estado, que entra na crise econômica iniciada em 2015 de forma mais vulnerável. Além disso, o Rio foi atingido também com particularidade pela queda das receitas de royalties, de R$ 12 bilhões em 2013 para R$ 4 bilhões em 2016, e pelo fato de estar no epicentro da crise que atingiu as empresas de petróleo e algumas empreiteiras com sede no estado.
9. Para superação sustentável da crise no Rio, é indispensável ampliar o debate sobre as suas causas e possíveis saídas.


Ex-Blog do Cesar Maia




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