Perspectiva foi traçada pelo Sistema Farsul na análise de desempenho e projeções anuais da agropecuária gaúcha
Um ano com colheita menor e preços compensadores. Esta é uma das perspectivas do sistema Farsul para a safra de 2017/2018, que está praticamente implantada no Rio Grande do Sul e será colhida durante o primeiro semestre do próximo ano. Segundo o balanço final de ano, divulgado ontem, a produção agrícola deve cair 6,3%, na comparação com o último ciclo, que registrou o recorde de 36,8 milhões de toneladas. Isto deve provocar a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio em 3% no Estado em 2018, semelhante ao recuo projetado para o do agronegócio no país, de 3,89%. Em 2017, o PIB do agronegócio cresceu 8,9% no Rio Grande do Sul. “Não é um cenário ruim, porque estamos tomando como referência a maior safra que os gaúchos já produziram”, avaliou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
A esperança de melhores preços está ligada à projeção de safra menor e à perspectiva de recuperação econômica do país, com o aumento do consumo. No último ciclo, de acordo com o balanço, o faturamento no campo foi 7% menor, apesar da safra recorde. Embora o volume de grãos tenha crescido 15%, os preços pagos aos produtores caíram 25%. “O produtor rural salvou o Brasil, mas a realidade mostrou safra cheia e bolsos vazios”, destacou o vice-presidente da federação, Gedeão Pereira. Ele acrescentou que, apesar de o agronegócio ser o responsável pelo superávit da balança comercial brasileira, o setor é penalizado pela ineficiência logística do país, pelos elevados custos de produção e por um sistema tributário injusto.
Para a pecuária de corte, o dirigente acredita que as perspectivas são positivas em 2018, depois do turbulento primeiro semestre de 2017, quando o setor foi impactado pela Operação Carne Fraca e pelas delações da JBS. Citando projeções da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Pereira destacou que o Brasil deve ampliar exportações para o Irã, Rússia e Egito e abrir mercados no Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Vietnã e Tailândia.
Lei Kandir preocupa setor
Durante o balanço anual feito pelo Sistema Farsul, Gedeão Pereira também revelou que a federação está preocupada com um assunto que ressurgiu no Congresso Nacional. Trata-se da discussão da extinção da Lei Kandir (norma que aplicou a desoneração do ICMS na exportação de produtos primários e semielaborados). No dia 29 de novembro foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado a proposta de retomada da cobrança do imposto. Agora, o texto segue para o plenário do Senado. “Se a Lei Kandir cair, será um desastre muito maior do que o Funrural”, alerta o dirigente.
Fim da vacina gera ceticismo
O vice-presidente do Sistema Farsul também fez uma crítica à falta de unidade no Mercosul. “ainda não conseguimos agir como bloco e nossas grandes brigas trazem confusão para o mercado interno e aviltamento nos preços dos nossos produtos, como o arroz e o leite”, comentou Gedeão Pereira. O dirigente admitiu ainda que a Farsul “é cética” em relação à retirada da vacina da febre aftosa, como prevê o plano nacional de erradicação da doença. “O Brasil está se aventurando”, avaliou, ao defender que a vacina é uma evolução tecnológica e o mundo começa a aceitar produtos de países livres de aftosa com vacinação.
Fonte: Correio do Povo, página 15 de 7 de dezembro de 2017.
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