1. BBC Brasil: O DEM já decidiu quem apoiará em 2018?
Maia: Não decidiu. No dia 14 de dezembro o DEM realiza seu congresso e vai haver uma intervenção generalizada em todos os diretórios e a substituição por comissões provisórias, para facilitar a entrada de pelo menos nove deputados federais agora e outros mais, não sei quantos, em março. Quase todos do PSB de Pernambuco. O DEM, entre seus quadros atuais, ainda não tem nome para presidente da República. Uma candidatura para presidente da República não é voto no partido, é voto do personagem. Esse personagem pode ascender de repente. Nesse momento não temos esse nome dentro do partido.
2. BBC Brasil: E a aliança com o PSDB, tradicional aliado do DEM?
Maia: Tá difícil agora. O PSDB tem aquele complexo de argentino. Se você compra ele pelo que ele vale e vende pelo que ele pensa que vale, você fica rico. O PSDB traz quadros que foram exilados, construíram aquele perfil intelectual, e na hora em que eles entram para conviver com o Congresso se sentem num patamar superior. Isso vai gerando uma dificuldade de convivência. A eleição de FHC em 1994 foi resultado do Plano Real. Você tem que lembrar que Fernando Henrique em 1985 perdeu a eleição de prefeito (em São Paulo) para o Jânio Quadros, e que ele era senador porque era suplente do Franco Montoro. O Plano Real é que vai catapultá-lo para um nível de popularidade. O Fernando Henrique estabeleceu com o PFL (atual DEM) uma parceria muito orgânica, entendeu naquele momento que o país precisava de reformas liberais, que não poderiam ser conduzidas pelas lideranças do PSDB, partido da social-democracia. Na hora que faz a parceria com o PFL, com o Marco Maciel de vice, o PFL assume seu programa dentro do governo FHC. O Fernando Henrique Cardoso fica à vontade para empurrar para o PFL aquilo que não interessa a seus quadros. Foi uma parceria perfeita, mas, como parceria perfeita, foi a última.
3. BBC Brasil: Como está hoje a conversa com o PSDB?
Maia: A relação do Alckmin com o DEM é pessoalmente muito boa. Só que o PSDB é mais do que o Alckmin. Dentro do governo de Michel Temer o PSDB tem ministérios fortíssimos, mas na hora que dá o desgaste de popularidade eles estão começando a ser afastar. A possibilidade de o DEM apoiar um candidato do PSDB é quase que residual. Não tem alternativa no campo daqueles que estão metendo a cara pelas reformas. O líder do PSDB na Câmara é opositor ao governo, e por aí vai. O Alckmin fez uma declaração, anteontem, dizendo que está na hora de sair desse barco. Fernando Henrique deu entrevista dizendo "temos de deixar isso de lado". A pessoa pode ter muitas razões para sair, mas não pode ser assim, 'ah, tô saindo fora'.
4. BBC Brasil: O DEM segue no governo?
Maia: Certamente. O compromisso nosso era o mesmo do PSDB, esse é o governo que vai fazer as reformas, várias delas impopulares, mas essas reformas vão construir a possibilidade do próximo governo ser um governo exitoso. Era a tese do PSDB também. Está difícil, muito difícil. Evidentemente, vamos ser práticos. Se o Alckmin tiver 35% das intenções de voto, os deputados pressionam: "Vamos lá, o homem está eleito". Mas não é o caso.
5. BBC Brasil: E no Rio? O senhor disputará o governo?
Maia: Os deputados federais querem, eu não quero. Idade, tempo, minha coluna... Estou muito feliz como vereador. Feliz como qualquer pai ficaria ao ver seu filho chegar onde chegou. E feliz com as atividades que tenho. Sou o primeiro a chegar na Câmara e o último a sair. Faço discurso todo dia. Estou muito feliz para me deslocar para uma eleição majoritária. O PSDB esteve comigo aqui no Rio. Eu disse para eles e eles concordaram: temos que atravessar as janelas de março, nossas águas de março, para ver para onde foi o PMDB, o DEM... Vamos receber mais nove deputados; se entram mais dez em março, a gente passa o PSDB. Só em abril saberemos o que vai acontecer. Os ministros e secretários vão se descompatibilizar. Passadas as águas de março, vamos ver o que sobrou, quem foi levado pela corredeira, quem não foi... Ontem o Eliseu Padilha falou que o PSDB não é base do governo. O que ele quer dizer com isso? Que nas discussões para 2018, nesse momento, o PSDB não participa. Vamos ter que esperar o acordo nacional para ver os acordos estaduais.
6. BBC Brasil: Se o senhor não for candidato, de quem vocês estão próximos? Eduardo Paes?
Maia: O DEM não tem. Com o Eduardo acho muito difícil. Talvez por má vontade minha, mas acho muito difícil. Consigo controlar minha má vontade com algum tipo de reflexão racional, o Rodrigo é muito amigo do Eduardo Paes. Eu deixei de ser. O Eduardo Paes está exageradamente calado num momento em que aconteceu o que aconteceu com o grupo diretivo do PMDB do Rio. Era o grupo dele, ele tem que dizer alguma coisa, mesmo que seja um texto para o blog dele, o Twitter dele... O que o pessoal amigo dele vaza é que ele vai sair do PMDB. Vai pra onde? Esse negócio de Lava-Jato de repente aparece na terça-feira no Jornal Nacional.
Ex-Blog do Cesar Maia
Maia: Não decidiu. No dia 14 de dezembro o DEM realiza seu congresso e vai haver uma intervenção generalizada em todos os diretórios e a substituição por comissões provisórias, para facilitar a entrada de pelo menos nove deputados federais agora e outros mais, não sei quantos, em março. Quase todos do PSB de Pernambuco. O DEM, entre seus quadros atuais, ainda não tem nome para presidente da República. Uma candidatura para presidente da República não é voto no partido, é voto do personagem. Esse personagem pode ascender de repente. Nesse momento não temos esse nome dentro do partido.
2. BBC Brasil: E a aliança com o PSDB, tradicional aliado do DEM?
Maia: Tá difícil agora. O PSDB tem aquele complexo de argentino. Se você compra ele pelo que ele vale e vende pelo que ele pensa que vale, você fica rico. O PSDB traz quadros que foram exilados, construíram aquele perfil intelectual, e na hora em que eles entram para conviver com o Congresso se sentem num patamar superior. Isso vai gerando uma dificuldade de convivência. A eleição de FHC em 1994 foi resultado do Plano Real. Você tem que lembrar que Fernando Henrique em 1985 perdeu a eleição de prefeito (em São Paulo) para o Jânio Quadros, e que ele era senador porque era suplente do Franco Montoro. O Plano Real é que vai catapultá-lo para um nível de popularidade. O Fernando Henrique estabeleceu com o PFL (atual DEM) uma parceria muito orgânica, entendeu naquele momento que o país precisava de reformas liberais, que não poderiam ser conduzidas pelas lideranças do PSDB, partido da social-democracia. Na hora que faz a parceria com o PFL, com o Marco Maciel de vice, o PFL assume seu programa dentro do governo FHC. O Fernando Henrique Cardoso fica à vontade para empurrar para o PFL aquilo que não interessa a seus quadros. Foi uma parceria perfeita, mas, como parceria perfeita, foi a última.
3. BBC Brasil: Como está hoje a conversa com o PSDB?
Maia: A relação do Alckmin com o DEM é pessoalmente muito boa. Só que o PSDB é mais do que o Alckmin. Dentro do governo de Michel Temer o PSDB tem ministérios fortíssimos, mas na hora que dá o desgaste de popularidade eles estão começando a ser afastar. A possibilidade de o DEM apoiar um candidato do PSDB é quase que residual. Não tem alternativa no campo daqueles que estão metendo a cara pelas reformas. O líder do PSDB na Câmara é opositor ao governo, e por aí vai. O Alckmin fez uma declaração, anteontem, dizendo que está na hora de sair desse barco. Fernando Henrique deu entrevista dizendo "temos de deixar isso de lado". A pessoa pode ter muitas razões para sair, mas não pode ser assim, 'ah, tô saindo fora'.
4. BBC Brasil: O DEM segue no governo?
Maia: Certamente. O compromisso nosso era o mesmo do PSDB, esse é o governo que vai fazer as reformas, várias delas impopulares, mas essas reformas vão construir a possibilidade do próximo governo ser um governo exitoso. Era a tese do PSDB também. Está difícil, muito difícil. Evidentemente, vamos ser práticos. Se o Alckmin tiver 35% das intenções de voto, os deputados pressionam: "Vamos lá, o homem está eleito". Mas não é o caso.
5. BBC Brasil: E no Rio? O senhor disputará o governo?
Maia: Os deputados federais querem, eu não quero. Idade, tempo, minha coluna... Estou muito feliz como vereador. Feliz como qualquer pai ficaria ao ver seu filho chegar onde chegou. E feliz com as atividades que tenho. Sou o primeiro a chegar na Câmara e o último a sair. Faço discurso todo dia. Estou muito feliz para me deslocar para uma eleição majoritária. O PSDB esteve comigo aqui no Rio. Eu disse para eles e eles concordaram: temos que atravessar as janelas de março, nossas águas de março, para ver para onde foi o PMDB, o DEM... Vamos receber mais nove deputados; se entram mais dez em março, a gente passa o PSDB. Só em abril saberemos o que vai acontecer. Os ministros e secretários vão se descompatibilizar. Passadas as águas de março, vamos ver o que sobrou, quem foi levado pela corredeira, quem não foi... Ontem o Eliseu Padilha falou que o PSDB não é base do governo. O que ele quer dizer com isso? Que nas discussões para 2018, nesse momento, o PSDB não participa. Vamos ter que esperar o acordo nacional para ver os acordos estaduais.
6. BBC Brasil: Se o senhor não for candidato, de quem vocês estão próximos? Eduardo Paes?
Maia: O DEM não tem. Com o Eduardo acho muito difícil. Talvez por má vontade minha, mas acho muito difícil. Consigo controlar minha má vontade com algum tipo de reflexão racional, o Rodrigo é muito amigo do Eduardo Paes. Eu deixei de ser. O Eduardo Paes está exageradamente calado num momento em que aconteceu o que aconteceu com o grupo diretivo do PMDB do Rio. Era o grupo dele, ele tem que dizer alguma coisa, mesmo que seja um texto para o blog dele, o Twitter dele... O que o pessoal amigo dele vaza é que ele vai sair do PMDB. Vai pra onde? Esse negócio de Lava-Jato de repente aparece na terça-feira no Jornal Nacional.
Ex-Blog do Cesar Maia
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