(Editorial Folha de S.Paulo, 12) 1. A disputa presidencial no Chile, com segundo turno neste domingo (17), dá início a um ciclo de eleições em vários dos principais países da América Latina nos próximos 12 meses. Exceção feita à Argentina, as nações mais populosas vão às urnas, a maioria delas diante de um quadro de incerteza.
2. A despeito dos variados graus de turbulência política, é alvissareiro que quase dois terços dos cerca de 640 milhões de habitantes da região tenham a chance de votar. Basta lembrar que, até os anos 1980, boa parte dos latino-americanos convivia com ditaduras.
3. Brasil e México, as duas maiores democracias do subcontinente, compartilham algumas semelhanças neste início de corrida eleitoral. Ambos são comandados por presidentes que amargam baixa popularidade, cujos ministros da Fazenda têm ambições de sucedê-los.
4. No caso mexicano, José Antonio Meade já deixou a pasta, após se tornar o nome do governista PRI, de centro-direita, para o pleito de julho de 2018. Já Henrique Meirelles, igualmente um tecnocrata bem-sucedido, flerta com a candidatura, embora não ostente ainda capital político para tal aspiração.
5. Existem similitudes também à esquerda. Se as pesquisas daqui dão vantagem a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lá quem lidera é López Obrador. Trata-se de um postulante já duas vezes derrotado (2006 e 2012) e que também divulgou uma carta para tranquilizar os mercados, emulando a campanha vitoriosa do congênere brasileiro.
6. Outra disputa de difícil prognóstico se dá na Colômbia, que elege novo líder em maio. Dois candidatos esquerdistas aparecem à frente nos levantamentos de intenção de voto, mas com pouca dianteira sobre o principal nome conservador.
7. A esquerda, em geral, tem perdido espaço na vizinhança. Se confirmada a previsão de vitória de Sebastián Piñera, os chilenos se juntarão a peruanos e argentinos entre os que optaram por governantes ao centro e à direita.
8. Quem busca frear a qualquer custo o avanço opositor é Nicolás Maduro, que tem gerido o calendário eleitoral de acordo com sua conveniência. O ditador promete que os venezuelanos votarão para presidente no último trimestre do ano que vem. Se isso ocorrer, é provável que só a fraude mantenha o chavismo no poder.
Ex-Blog do Cesar Maia
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