Vendas de produtos fatiados da marca estão suspensas após interdição de unidade
Secretarias de Saúde do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre concederam entrevista coletiva | Foto: Mauro Schaefer
Após a interdição da unidade de fatiamentos do Bourbon Assis Brasil, pertencente à rede Zaffari, as secretarias de Saúde do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre concederam nesta sexta-feira uma entrevista coletiva para explicar a existência da bactéria Listeria em produtos da empresa. O secretário municipal Erno Herzhein afirmou que o germe foi encontrado em um lote específico de queijo da marca Zaffari e recomendou o descarte do produto. Herzhein advertiu ainda que o queijo não deve ser dado para consumo a animais.
Herzhein esclareceu que, apesar da unidade de fatiamentos do Bourbon Assis Brasil ter sido interditada como medida preventiva, o lote contaminado foi encontrado na loja do Bourbon Ipiranga, localizada na zona Leste de Porto Alegre. "Aos imunodeprimidos e gestantes recomenda-se atenção especial. Febre é o primeiro sintoma da infecção. Neste momento, estão suspensas as vendas de produtos fatiados da marca Zaffari. A liberação ocorrerá de acordo com o resultado dos exames", resumiu o secretário.
O secretário municipal explicou que pessoas com doença, e que estejam em tratamento contra câncer e HIV, podem desenvolver uma síndrome mais grave, com um quadro de infecção generalizada. "Não é um caso de doença humana. Foi identificada a presença de bactéria de um único produto de uma única loja. Se as pessoas tiverem sintomas, devem procurar atendimento médico e as gestantes devem comentar com quem faz seu pré-Natal se houve exposição ao produto. Os sintomas podem aparecer em alguns dias ou daqui a algumas semanas", relatou.
Herzhein negou a possibilidade de uma epidemia em Porto Alegre. "(Listeria) é uma bactéria que não faz parte da rotina de vigilância e poderíamos ter convivido com ela em diversos momentos em que não foi percebida. Este trabalho aumenta o monitoramento e diminui a chance de uma epidemia", acrescentou.
O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, ressaltou a importância da nova legislação de fatiados para a garantia da segurança dos alimentos. Conforme a SES, as medidas trazem mais garantias para os alimentos vendidos à população. "Quem não tem condições de fazer o fatiamento de acordo com as normas de segurança, não deve vender esses produtos", afirmou Gabbardo.
As secretarias de Saúde destacaram que quando o resultado parcial dos exames foi enviado pela rede Zaffari, a empresa já havia tomado medidas necessárias para tirar o produto de circulação. Existem três tipos de Listeria e apenas a monocytogenes é patológica. Os órgãos descartaram ainda surto de infecção alimentar.
De acordo Herzhein, a bactéria foi encontrada pela primeira vez porque, provavelmente, as inspeções com foco específico na Listeria são inéditas no estado, em uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). "Neste ano, houve uma novidade nessa inspeção. Não há nenhuma orientação nacional para essa inspeção, mas ela muito provavelmente vai se tornar obrigatória a partir do próximo ano", destacou.
Em nota divulgada nessa quinta-feira, a rede Zaffari informou a interdição da unidade de fatiamentos do Bourbon Assis Brasil e a descontinuidade, por iniciativa própria, das operações no Bourbon Ipiranga e nas lojas de pequeno porte. A empresa relatou ainda que, no dia 17 de agosto, foram feitas coletas de amostras de produtos nas duas unidades.
A equipe da Vigilância, na ocasião, recolheu amostras de queijo, presunto e assemelhados depois de ter constatado, em investigação de rotina, a suspeita da presença de uma bactéria. O Zaffari divulgou que desde então, preventivamente, foram intensificados os processos de higienização das áreas de produção daquelas unidades.
Correio do Povo
POLÍTICOS PROFISSIONAIS OU NÃO? RENOVAÇÃO OU NÃO?
1. Em dezembro de 1996, quando o prefeito Cesar Maia encerrava seu primeiro mandato, recebeu um telefonema do ex-deputado e ex-ministro Armando Falcão pedindo para conhecê-lo. Foi marcado um almoço na Prefeitura. Cesar Maia, para abrir a conversa e de certa forma agradar o ex-ministro, perguntou por que a qualidade dos parlamentares dos anos 50 era tão melhor que os atuais – daquele momento.
2. Armando Falcão respondeu de bate-pronto. A culpa é de Brasília. Antes da mudança, quando a capital era aqui no Rio de Janeiro, os profissionais de maior qualificação entre os advogados, médicos, engenheiros, etc., de todos os Estados, tinham interesse em se candidatar, pois trariam seus escritórios e suas atividades para o Rio e, muitas vezes, com vantagem.
3. E prosseguiu: Em Brasília os deputados federais passaram a ter que se tornar obrigatoriamente políticos profissionais –dedicados a essa função-, pois não havia mercado para os profissionais de maior qualidade. E, progressivamente, os deputados federais não só se profissionalizaram como tais, como aprenderam outras atividades associadas, como intermediários de lobistas.
4. Em 2001, em seminários na London School of Economics, em que participou, o cientista político Nelson Carvalho acompanhou o debate se os políticos deveriam ser profissionais –com dedicação exclusiva ou quase- ou deveriam associar suas profissões à de deputado. Os argumentos da profissionalização dos políticos terminaram prevalecendo, mesmo que, com isso, num sistema de voto voluntário, a participação dos eleitores presentes às urnas caísse muito. E que a combinação do político profissional com voto voluntário, afunilando a participação do eleitor, poderia ser positiva.
5. O argumento favorável destacava que em qualquer atividade a experiência a torna mais produtiva e mais eficaz. E que amplas renovações dos deputados, produziria um poder legislativo moroso e errático. Olhando as democracias em países mais desenvolvidos, se verifica que a renovação nas Câmaras de Deputados é marginal, os grandes partidos têm estabilidade e quando a proporção entre eles sofre mudanças significativas os novos deputados na maioria são na verdade deputados anteriores. E isso não depende do voto ser distrital ou proporcional.
6. Na maioria dessas democracias em países mais desenvolvidos –europeus ou norte-americanos- a renovação, no sentido exposto, é muito pequena. As mudanças dos personagens ocorrem de forma progressiva, quase etária.
7. Nos Estados Unidos –caso único- o mandato dos deputados federais é de 2 anos, metade do mandato do presidente. Uns anos atrás se fez um levantamento com os deputados federais a respeito, se não achavam melhor um mandato de 4 anos, como nos demais países. A imensa maioria deles respondeu que não. E por quê? Resposta: Porque com mandato curto não dá tempo para outros pretendentes se fixarem “no meu distrito”. Com isso, a probabilidade de permanência e re-reeleição é muito maior.
8. O presidente Macron, com discurso de renovação, atraiu novos candidatos que se tornaram novos deputados. Uma amplíssima renovação. Mas em pouco tempo sentiu que as condições de governabilidade haviam se deteriorado. A maioria dos deputados se sentia independente e não-partidária. Agora, a popularidade de Macron despencou de uns 60% para uns 35%.
9. Neste momento em que se decide sobre a reforma política no Brasil, a experiência de outras democracias desenvolvidas deve servir para a reflexão sobre uma renovação abrupta da Câmara de Deputados. E é provável que a tendência –que se vê- para se manter o sistema atual do voto proporcional aberto (que só o Brasil tem no mundo todo) seja a sensação dos atuais deputados que mantido esse mesmo sistema, o risco da renovação, em relação aos de hoje ou aos de ontem, é muito muito pequeno.
Ex-Blog do Cesar Maia
Nenhum comentário:
Postar um comentário