domingo, 24 de setembro de 2017

Polícia da Argentina conclui que procurador Alberto Nisman foi assassinado

Dois anos atrás, perícia do IML indicou suicídio do homem que apresentaria caso contra ex-presidente Kirchner

Nisman foi encontrado em seu apartamento com um tiro na cabeça em janeiro de 2015 | Foto: Juan Mabromata / AFP / CP

Nisman foi encontrado em seu apartamento com um tiro na cabeça em janeiro de 2015 | Foto: Juan Mabromata / AFP / CP

Um relatório da Polícia Militar argentina concluiu, dois anos e meio depois da morte do procurador Alberto Nisman, que ele foi assassinado. O resultado entra em conflito com a perícia anterior, acrescentando mais incerteza a um complicado caso judicial. A perícia da PM argentina foi entregue na sexta-feira ao procurador federal Eduardo Taiano, encarregado do caso pela morte de Nisman, morto em 2015 quando investigava o atentado ao centro judeu AMIA, que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994.

A nova perícia, assinada por 28 especialistas, aponta que Nisman teria sido drogado com cetamina - que apareceu em estado puro não metabolizado - e golpeado no nariz, no fígado e nas pernas antes de ser assassinado no banheiro de sua casa, como noticiaram neste sábado os jornais La Nación e Clarín. A família defende a hipótese de homicídio, enquanto a justiça investiga o caso como "morte duvidosa", mas admitiu a possibilidade de assassinato ao passar o caso do foro penal ao federal em setembro de 2016.

A perícia da PM se contrapõe a que havia sido feita pelo prestigiado Instituto Médico Legal, subordinado, na Argentina, à Corte Suprema de Justiça. Para o IML não havia indícios de homicídio nem da presença de outra pessoa na cena do crime, inclinando-se por um suicidio. O IML é "consistente e muito bem fundado", disse neste sábado à rádio 10 a titular da Câmara Penal, María Laura Garrigós de Rébori.

Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento com um tiro na cabeça em 18 de janeiro de 2015. Junto a seu corpo havia uma pistola Barsa 22, de onde saiu a bala e que o procurador tinha pedido emprestada a um colaborador, Diego Lagomarsino, que até agora só foi processado por ter emprestado a arma. No dia seguinte ao de sua morte, Nisman explicaria no Congreso sua denúncia contra a então presidente Cristina Kirchner (2007-2015), a quem acusou de tentar acobertar iranianos acusados pelo atentado à AMIA, em troca de acordos comerciais.


AG`e Correio do Povo

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