Para Maia, presidente e PMDB têm tratado DEM como “adversário”, o que poderá gerar consequências
Presidente da Casa disse que Temer lhe faltou com a palavra e ameaçou retaliação do DEM em votações que interessam ao governo | Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados / CP Memória
Às vésperas da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer chegar à Câmara, o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez duras críticas ao peemedebista, disse que ele lhe faltou com a palavra e ameaçou retaliação do DEM em votações que interessam ao governo.
Segundo Maia, o governo e o PMDB têm tratado o seu partido como "adversário" e isso poderá refletir na relação da bancada com o Planalto no Congresso. "Nós queremos saber qual é a verdadeira posição do governo e do PMDB em relação aos Democratas. Tem parecido um tratamento de adversários, eu espero que não vire uma relação entre inimigos", disse.
Maia, no entanto, afirmou que essa indisposição não deve interferir na votação da segunda denúncia. "Não vamos misturar uma coisa com a outra. Cada deputado vai votar com a sua consciência", disse. Segundo o presidente da Câmara, o mal-estar com o Palácio do Planalto se deve ao fato de o PMDB ter filiado, no início de setembro, o senador Fernando Bezerra (PE), que era do PSB. O DEM vinha negociando há meses a migração do parlamentar e de outros deputados do PSB para a legenda.
O presidente da Câmara lembrou de um episódio, durante a tramitação da primeira denúncia na Casa, quando Temer teve um encontro com nomes do PSB. Na época, segundo Maia, Temer foi à sua casa negar que o PMDB estivesse fazendo uma ofensiva no PSB, mas a filiação do senador teria mostrado que isso não era verdade. "Quando a gente faz um acordo, tem que cumprir a palavra. A coisa mais importante da política é a palavra. Eu já avisei o presidente, isso causou muito desconforto dentro da bancada", disse.
O deputado destacou ainda que o fato de os ministros Moreira Franco (Secretaria da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil) terem participado do ato de filiação de Fernando Bezerra mostra que há uma "digital" do governo na iniciativa. "Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é um adversário. Quero que isso fique registrado, para que quando a bancada do Democratas tiver uma posição divergente do governo, o governo entenda. Há uma revolta muito grande dentro da bancada, não virou rebelião ainda, mas há muita revolta", disse.
O presidente da Câmara disse ainda que é preciso esclarecer qual é a relação entre PMDB e DEM, porque, segundo ele, o seu partido está sendo "muito correto" com o governo, inclusive bancando a agenda de reformas do Planalto, que seria "uma agenda de desgaste".
Desde segunda-feira, Maia ocupa interinamente a Presidência da República no lugar de Temer, que viajou aos Estados Unidos. As declarações do deputado, no entanto, foram dadas na Câmara. Ele veio ao plenário nesta quarta-feira, para acompanhar parte da votação da reforma política.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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