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domingo, 3 de setembro de 2017

Cúpula dos Brics eclipsada por teste nuclear norte-coreano

Presidente chinês, Xi Jinping, não o mencionou em seu discurso em um fórum econômico à margem do encontro

Presidente chinês, Xi Jinping, não o mencionou o ocorrido em seu discurso em um fórum econômico à margem do encontro | Foto: Fred Dufour / Pool / AFP/ CP

Presidente chinês, Xi Jinping, não o mencionou o ocorrido em seu discurso em um fórum econômico à margem do encontro | Foto: Fred Dufour / Pool / AFP/ CP

Kim Jong-Un parece ter prazer em perturbar os encontros diplomáticos de seu aliado chinês: o líder norte-coreano provou isso neste domingo, realizando um teste nuclear no mesmo dia em que a China recebe seus parceiros dos Brics, o grupo dos cinco grandes países emergentes. O poderoso teste atômico de Pyongyang foi unanimemente condenado em todo o mundo, inclusive por Pequim, mas o presidente chinês, Xi Jinping, não o mencionou em seu discurso em um fórum econômico à margem da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

"Conflitos incessantes em certas partes do mundo e questões quentes põem em perigo a paz mundial", disse ele, calmamente, sem mencionar o teste nuclear confirmado uma hora antes pela Coreia do Norte, apesar das repetidas advertências chinesas.

Em maio, outra importante reunião diplomática chinesa, a cúpula das Novas Rotas da Seda, foi perturbada em sua abertura em Pequim por um lançamento de mísseis pela Coreia do Norte. A reunião dos Brics, que abre oficialmente na segunda-feira em Xiamen (sudeste da China), reúne, além dos líderes dos cinco países membros, cinco países em desenvolvimento, incluindo o Egito e o México.

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Xi deve se reunir neste domingo com o presidente russo, Vladimir Putin. Tanto a Rússia como a China condenaram o teste militar norte-coreano, ao mesmo tempo que pediram calma à comunidade internacional. Esta reunião dos Brics será marcada pelas dúvidas sobre a coesão deste fórum lançado em 2009 entre as cinco potências que representam mais de 40% da população mundial e que tentam contrabalançar as regras econômicas escritas pelos ocidentais.

China e Índia iniciaram, alguns dias atrás, uma disputa no Himalaia, depois que tropas indianas intervieram para interromper a construção de uma estrada pelo exército chinês em uma área reivindicada por Pequim, mas contestada por Nova Deli. O exército indiano retirou-se a tempo de permitir que o primeiro-ministro, Narendra Modi, fosse a Xiamen.

Mas os Brics também têm tido dificuldades para justificar sua utilidade, por falta de conquistas concretas. "É difícil ver qualquer consistência entre o Brics. O que eles têm em comum?", questiona o economista Christopher Balding, professor da Universidade de Pequim. "Economicamente, comercialmente e financeiramente, eles fazem tudo de uma maneira muito diferente. É difícil ver como as coisas podem se sobrepor", pontua.

O que há em comum entre a China comunista, a Rússia autoritária de Vladimir Putin e as democracias agitadas do Brasil, Índia e África do Sul? E entre a economia chinesa, número dois mundial, uma Índia em expansão e outros três países que lutam com a queda dos preços das commodities, o que penaliza suas exportações?

Neste contexto, há pouco a se esperar até terça-feira em uma cúpula em que os cinco líderes devem se esforçar, sobretudo para mascarar suas divisões, de acordo com Shi Yinhong, professor de relações internacionais na Universidade do Povo em Pequim.

"Inicialmente, os Brics representavam uma esperança para o futuro, mas até agora tiveram apenas uma influência muito limitada na política e economia globais", admite. Em seu discurso neste domingo, o próprio Xi Jinping parecia reconhecer as dúvidas em torno da utilidade dos Brics.

"Algumas pessoas, observando que o crescimento sofreu contratempos nos mercados emergentes e nos países em desenvolvimento, afirmam que os Brics perderam o brilho", disse ele, assegurando, por outro lado, a unidade entre as cinco potências.


AFP e Correio do Povo

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