terça-feira, 15 de agosto de 2017

Taxas desejáveis de colesterol ficam mais rígidas com novas diretrizes

Sociedade Brasileira de Cardiologia diminuiu valores de referência para os níveis de LDL. Pacientes com risco cardíaco alto devem ficar atentos


Quem acha que está com o colesterol sob controle pode se surpreender no próximo exame de sangue. Isso porque a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em conformidade com orientações já adotadas em outros países, diminuiu as taxas de referência para os níveis considerados seguros. A mudança atinge principalmente os valores desejáveis de LDL, o colesterol ruim, e deve fazer com que pacientes com risco cardíaco muito alto tenham de redobrar seus cuidados com a saúde.

Essa pessoas terão, agora, de manter o LDL abaixo de 50 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue — antes, o limite indicado era de 70 mg/dl. Estão no grupo de risco "muito alto" indivíduos que tiveram infarto, derrame ou amputação da perna por doença na artéria, por exemplo.

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As mudanças foram publicadas em uma nova versão das "Diretrizes de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose", documento que reúne as recomendações sobre colesterol e triglicérides para todos os brasileiros. A SBC orienta que os médicos fiquem atentos aos novos valores para indicar o tratamento mais adequado aos pacientes, e explica que os laboratórios também devem mudar os índices de referência nos exames.

— Cada vez mais as diretrizes recentes têm focado no mau colesterol como alvo de tratamento. Antes se dava muita importância para o colesterol bom, os triglicerídeos, o colesterol total, mas agora se viu que o grande vilão é o LDL. Quanto mais baixo, melhor — explica Paulo Behr, médico do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS.

Pesquisa recente, também da SBC, mostrou que 67% dos brasileiros desconhecem as próprias taxas de colesterol. De acordo com cardiologistas, isso é um risco porque só tendo conhecimento desses valores — e, por conseguinte, sabendo em qual grupo de risco a pessoa se encaixa — é possível saber se o controle está sendo feito de maneira adequada ou se é preciso começar um tratamento.

Com as mudanças que levam a um cerco maior ao colesterol, a intenção de cardiologistas é também provocar mudanças no estilo de vida dos pacientes de alto risco — e incentivar os demais a se informarem sobre a própria saúde. Quem tem maiores chances de desenvolver doenças do coração deverá seguir rigorosamente recomendações de praticar atividade física, manter uma dieta equilibrada e evitar fumar, por exemplo.

NOVOS PARÂMETROS

LDL (colesterol ruim)

Como era - Pessoas com risco cardíaco alto devem ficar abaixo de 70 mg/DL

Como fica - Pessoas com risco cardíaco muito alto devem ficar abaixo de 50 mg/DL

Colesterol total

Como era - Desejável: abaixo de 200 mg/DL

Como fica - Desejável: abaixo de 190 mg/DL

HDL (colesterol bom)

Como era - Desejável: acima de 60 mg/DL

Como fica - Desejável: acima de 40 mg/DL

Exigência de jejum no exame

Como era - Necessário jejum de 12 horas

Como fica - Deixa de ser necessário jejum

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

Como identificar

Colesterol alto é uma doença silenciosa, portanto a sua identificação ocorre somente por exames de sangue que devem ser realizados a pedido do seu médico. A frequência desses exames varia: até os 20 anos, é recomendado que a consulta seja feita ao menos uma vez, a não ser que haja casos de problemas cardíacos na família, quando a frequência deve ser maior. Depois dessa idade, a realização de exames de sangue deve ser definida com um cardiologista, mas se indica uma consulta a cada, pelo menos, cinco anos para quem tem colesterol normal ou baixo.

Para controlar o colesterol

- Mantenha uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos

- Diminua a ingestão de gorduras saturadas e gorduras trans

- Pratique exercícios físicos

- Evite o fumo e o estresse

* Zero Hora, com agências

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