terça-feira, 15 de agosto de 2017

Recusamos convite para ir ao Jaburu, diz procurador da Lava Jato

Encontro foi sugerido antes da votação do impeachment de Dilma Rousseff

Recusamos convite para ir ao Jaburu, diz procurador da Lava Jato | Foto: Paulo Lisboa / Brazil Photo Press / CP Memória

Recusamos convite para ir ao Jaburu, diz procurador da Lava Jato | Foto: Paulo Lisboa / Brazil Photo Press / CP Memória

Após a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, visitar, na semana passada, o presidente Michel Temer fora da agenda oficial no Palácio do Jaburu, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba recusou um encontro à noite, também no Jaburu, antes da votação do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. À época, Temer era vice-presidente. De acordo com o procurador, o convite partiu do ex-assessor do peemedebista Rodrigo Rocha Loures.

"Só houve um convite, e nós recusamos", afirmou Carlos Fernando, nesta segunda-feira, em evento em São Paulo. "Nós mesmos, às vésperas do dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu, à noite, e nós recusamos. Nós entendíamos que não tínhamos nada que falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento", afirmou.

Segundo Carlos Fernando, Loures, flagrado com uma mala com R$ 500 mil em propina do Grupo J&F e pivô da crise política que levou à denúncia por corrupção passiva contra o presidente, fez contato com os procuradores em Brasília durante um prêmio que a força-tarefa recebeu por combater a corrupção.

O procurador disse que o convite de Loures foi feito em 10 de maio de 2016. No dia seguinte, o plenário do Câmara deu início à votação do parecer da Comissão de Constituição e Justiça sobre o impeachment da então presidente. Em 12 de maio, Dilma foi afastada da Presidência. "Foi nesse momento que recebemos o convite, por meio do interlocutor e esse interlocutor nos convidou a ir até o palácio e nós dissemos não", afirmou.

Ao se referir à visita de Raquel ao Jaburu, fora da agenda do presidente, Carlos Fernando afirmou que "todo funcionário público é responsável pelos atos que têm". Segundo ele, Raquel deve ser cobrada sobre o encontro. "É claro que ela tem de se explicar, ela deu uma explicação, ela que deve, então, ser cobrada das consequências desse ato", disse. Nesse domingo, Raquel divulgou nota na qual disse que a audiência estava em sua agenda pública e teve por objetivo discutir com Temer sua posse, prevista para 18 de setembro.

Planalto minimiza convite para procuradores

Auxiliares do presidente Michel Temer minimizaram as informações de que o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima revelou  que o ex-assessor especial de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, convidou a força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba para encontrar o presidente no Palácio do Jaburu.

De acordo com interlocutores de Temer, Rocha Loures, desde a Vice-Presidência, exercia o cargo de assessor de relações institucionais e agendava reuniões com diversos segmentos, inclusive com representantes do Ministério Público.

Citou, inclusive que, em outra ocasião, o presidente Temer recebeu procuradores, em um café da manhã, realizado no Palácio do Jaburu. O assessor lembrou ainda que, conforme já disse o próprio presidente, o procurador-geral da República, hoje seu algoz, também foi recebido por Temer, inclusive no Jaburu, fora de agenda, mais uma de uma vez.

Ainda de acordo com este interlocutor, se os procuradores, em outra ocasião, quiserem uma reunião com Temer, poderão solicitar uma agenda porque o presidente atende a todos, dentro das suas disponibilidades.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo



Foto: Bruno Poletti/Folhapress

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