Sindicato marcou três datas em que as aulas irão terminar mais cedo para a realização de atos contra o Estado
Por: Mateus Ferraz
Dois dias após o anúncio do Cpers-Sindicato de que usará horários de aulas para a promoção de debates críticos ao governo gaúcho, o Piratini divulgou nota, nesta sexta-feira (11), comentando o fato. No texto, o valor pedagógico dos atos, classificados como totalitários e absurdos, é contestado. Na visão do Executivo, o ambiente escolar será utilizado como "palco político".
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A polêmica começou depois que a entidade marcou três datas em agosto para a realização de "aulas cidadãs". Nesses dias, haverá aula normal até o recreio e, na sequência, debates políticos com os alunos. Entre os temas abordados estão o parcelamento de salários, falta de funcionários, prioridades de investimento e projetos que retiram benefícios do funcionalismo.
"Por lei, as escolas não podem abrigar atos políticos, e o Cpers sabe disso. E o mais grave, tentam impingir suas `verdades¿ em jovens mentes em formação", diz trecho da nota do governo do Estado.
Análise pedagógica
O Executivo gaúcho não se posicionou sobre a intenção do sindicato de considerar os debates como período de aula. A análise pedagógica está sendo feita por setores técnicos da Secretaria Estadual da Educação. Após a conclusão, as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) receberão orientações.
Contraponto
A vice-presidente do Cpers, Solange Carvalho, disse que a entidade manterá a convocação e que o debate se concentra em questões cidadãs e não partidarizadas. Entre outros assuntos, as aulas públicas discutirão o governo Sartori, a crise econômica e a reforma do Ensino Médio.
— O aluno tem direito a fazer uma discussão, uma discussão ampla, questões de cidadania. O secretário da Educação quer que os alunos sejam completamente alienados e não debatam a realidade. Avalio que as escolas fazem parte de um espaço da democracia, um espaço político. Devemos ter liberdade para fazer o debate. Isso não significa partidarização — disse a professora.
A vice-presidente do Cpers fez críticas ao atual titular da pasta da Educação, Ronald Krummenauer:
— O secretário é muito intransigente. Ele trata a educação como uma questão empresarial. Fomos uma vez lá (na Seduc) e ele foi básico, não conversou muito. Há um modelo empresarial, mas a educação é feita dentro das escolas.
Debates que serão realizados com os alunos:
- 17/08: Crise do Estado. Crise para quem?
- 23/08: Onde está sendo investido o dinheiro dos impostos?
- 28/08: Projetos do governo que atacam os servidores e os serviços públicos.
Leia a íntegra da nota enviada pelo Piratini:
"NOTA DO GOVERNO DO RS
Aulas de Cidadania?
O CPERS/Sindicato está convocando educadores e comunidade escolar a aderirem ao que consideram "aulas cidadãs" com o objetivo de propagar a linha ideológica seguida pelo Sindicato aos alunos. O material informativo distribuído pelo sindicato conclama as escolas públicas estaduais para promover esses atos totalitários e absurdos.
Este ato representa uma afronta às Diretrizes Curriculares nas esferas nacional e estadual de Educação. Nesse sentido, a iniciativa dos educadores que aderirem, além de demonstrar total desrespeito à nobre profissão, colocarão interesses sindicais à frente do conhecimento, da pedagogia e da didática. A iniciativa também é uma ação totalmente ilegal que desrespeita a comunidade escolar, em especial os alunos, ao tentar transferir para a escola um confronto corporativista.
Por lei, as escolas não podem abrigar atos políticos, e o CPERS sabe disso. E o mais grave, tentam impingir suas 'verdades' em jovens mentes em formação.
Pautas como "Projetos de Governo que atacam servidores e serviços públicos", "Barulhaço de Alerta", entre outros, não se configuram como projetos pedagógicos.
A discussão aqui não é fazer apologia positiva ou negativa a qualquer governo que seja. Os projetos pedagógicos, na perspectiva do Estado, são acompanhados pela Secretaria de Educação e Coordenadorias Regionais de Educação. Além disso, esta proposta unilateral por parte do Sindicato é uma distorção de competências.
O Governo do Estado não vai permitir que o espaço público, destinado ao aprendizado, seja usado como palco político. Isso é uma afronta que não será tolerada."
Zero Hora
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