sábado, 12 de agosto de 2017

Piratini classifica como "afronta" atividades do Cpers críticas ao governo Sartori em horário de aula

Sindicato marcou três datas em que as aulas irão terminar mais cedo para a realização de atos contra o Estado

Por: Mateus Ferraz


Dois dias após o anúncio do Cpers-Sindicato de que usará horários de aulas para a promoção de debates críticos ao governo gaúcho, o Piratini divulgou nota, nesta sexta-feira (11), comentando o fato. No texto, o valor pedagógico dos atos, classificados como totalitários e absurdos, é contestado. Na visão do Executivo, o ambiente escolar será utilizado como "palco político".

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A polêmica começou depois que a entidade marcou três datas em agosto para a realização de "aulas cidadãs". Nesses dias, haverá aula normal até o recreio e, na sequência, debates políticos com os alunos. Entre os temas abordados estão o parcelamento de salários, falta de funcionários, prioridades de investimento e projetos que retiram benefícios do funcionalismo.

"Por lei, as escolas não podem abrigar atos políticos, e o Cpers sabe disso. E o mais grave, tentam impingir suas `verdades¿ em jovens mentes em formação", diz trecho da nota do governo do Estado.

Análise pedagógica
O Executivo gaúcho não se posicionou sobre a intenção do sindicato de considerar os debates como período de aula. A análise pedagógica está sendo feita por setores técnicos da Secretaria Estadual da Educação. Após a conclusão, as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) receberão orientações.

Contraponto
A vice-presidente do Cpers, Solange Carvalho, disse que a entidade manterá a convocação e que o debate se concentra em questões cidadãs e não partidarizadas. Entre outros assuntos, as aulas públicas discutirão o governo Sartori, a crise econômica e a reforma do Ensino Médio.

— O aluno tem direito a fazer uma discussão, uma discussão ampla, questões de cidadania. O secretário da Educação quer que os alunos sejam completamente alienados e não debatam a realidade. Avalio que as escolas fazem parte de um espaço da democracia, um espaço político. Devemos ter liberdade para fazer o debate. Isso não significa partidarização — disse a professora.

A vice-presidente do Cpers fez críticas ao atual titular da pasta da Educação, Ronald Krummenauer:

— O secretário é muito intransigente. Ele trata a educação como uma questão empresarial. Fomos uma vez lá (na Seduc) e ele foi básico, não conversou muito. Há um modelo empresarial, mas a educação é feita dentro das escolas.

Debates que serão realizados com os alunos:
- 17/08: Crise do Estado. Crise para quem?
- 23/08: Onde está sendo investido o dinheiro dos impostos?
- 28/08: Projetos do governo que atacam os servidores e os serviços públicos.

Leia a íntegra da nota enviada pelo Piratini:

"NOTA DO GOVERNO DO RS

Aulas de Cidadania?

O CPERS/Sindicato está convocando educadores e comunidade escolar a aderirem ao que consideram "aulas cidadãs" com o objetivo de propagar a linha ideológica seguida pelo Sindicato aos alunos. O material informativo distribuído pelo sindicato conclama as escolas públicas estaduais para promover esses atos totalitários e absurdos.

Este ato representa uma afronta às Diretrizes Curriculares nas esferas nacional e estadual de Educação. Nesse sentido, a iniciativa dos educadores que aderirem, além de demonstrar total desrespeito à nobre profissão, colocarão interesses sindicais à frente do conhecimento, da pedagogia e da didática. A iniciativa também é uma ação totalmente ilegal que desrespeita a comunidade escolar, em especial os alunos, ao tentar transferir para a escola um confronto corporativista.

Por lei, as escolas não podem abrigar atos políticos, e o CPERS sabe disso. E o mais grave, tentam impingir suas 'verdades' em jovens mentes em formação.
Pautas como "Projetos de Governo que atacam servidores e serviços públicos", "Barulhaço de Alerta", entre outros, não se configuram como projetos pedagógicos.

A discussão aqui não é fazer apologia positiva ou negativa a qualquer governo que seja. Os projetos pedagógicos, na perspectiva do Estado, são acompanhados pela Secretaria de Educação e Coordenadorias Regionais de Educação. Além disso, esta proposta unilateral por parte do Sindicato é uma distorção de competências.

O Governo do Estado não vai permitir que o espaço público, destinado ao aprendizado, seja usado como palco político. Isso é uma afronta que não será tolerada."


Zero Hora

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