Se fosse proposto o desafio de prever os próximos passos do regime totalitarista de Nicolás Maduro, eu cravaria sem medo de errar, baseando meu palpite tão somente na surrada cartilha de implantação do comunismo mundo afora: muito em breve, os cidadãos de nosso vizinho do norte serão tolhidos do direito de sair do país.
Se tal “privilégio” foi sonegado aos alemães que viviam no lado da nação regido pelo leninismo com a construção do muro de Berlim, aos cubanos que precisam fugir do inferno dos Castro remando em botes feitos com garrafas pet, e aos norte-coreanos que não tiveram a mesma sorte dos coirmãos do sul ajudados pelos americanos, não há porque acreditar que o mesmo fado não está reservado aos habitantes da outrora terceira terra mais rica da América Latina.
O ex-maquinista do metrô de Caracas demitido por desídia e notório sindicalista puxa-saco de Hugo Chávez está muito próximo, afinal, do xeque-mate em sua empreitada de impor o controle estatal sobre cada mínimo aspecto da vida dos venezuelanos.
Senão vejamos: tanto Executivo quanto Judiciário já estavam sob o jugo irrestrito do bolivarianismo desde a era de seu antecessor; com o advento de sua estapafúrdia Assembleia Constituinte (realizada sob o cadáver de mais de 160 pessoas famintas e desesperadas as quais a mídia brasileira não cansa de chamar de “oposição”), também o Legislativo – que tentou destronar Maduro propondo uma consulta popular que poderia antecipar o fim de seu mandato – foi totalmente abduzido pelas forças do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV); as forças armadas do país também já haviam sucumbido às aspirações ditatoriais, posto que Chávez, além de ser oriundo da caserna, logrou subjugar revoltosos que tentaram sacar-lhe do poder em 2002.
Some-se a este cenário desolador um povo desarmado, milícias municiadas até os dentes pelo próprio governo e o controle absoluto da imprensa, e pronto: não há mais como reverter – ao menos de forma pacífica – o processo que sempre inicia-se com promessas de “redução de desigualdade”, “apoio às minorias” (especialmente indígenas neste caso) e “combate às elites” – tudo regado a muito dinheiro do BNDES distribuído pela Odebrecht.
Tudo ainda piora na medida em que até mesmo os oposicionistas do regime tirânico também são socialistas – mas estes prometem não deturpar Marx pela enésima vez. E com até mesmo a Smartmatic (mesma empresa que fornece o sistema de nossas urnas eletrônicas) admitindo fraudes eleitorais, restou pouco ou quase nada a ser feito pela via democrática.
Dada esta conjuntura irreversível, um ponto de não retorno do dirigismo estatal, torna-se natural que a quase totalidade da população desalentada deseje deixar o país – “votando com os pés”, procurando recuperar a esperança alhures (dá para ter uma ideia do nível do desânimo desse povo quando um dos principais destinos é o…Brasil!).
Fonte: O Antagonista
O problema é que, se a ditadura bolivariana assim permitir que ocorra, escassearão os escravos que precisam laborar para manter as benesses dos apoiadores do regime – digo aqueles que se dão bem com o socialismo, não os que fazem regime de calorias forçado (animais do zoológico entre eles).
A sequência dos fatos é fácil de deduzir: eufemismos como “segurança nacional” serão utilizados como subterfúgio para dificultar ou mesmo impedir a confecção de passaportes; princípios jurídicos como a “solidariedade”, empregados para justificar a obrigatoriedade de participação dos trabalhadores na previdência social e a existência do falido SUS no Brasil, serão lançados à mão no esforço de “convencer” a todos a ficar na Venezuela e “contribuir” com a coletividade – quem sabe até mesmo sendo obrigados a trabalhar no campo, como o Mao caudilho intenciona proceder em breve; autorizações que nunca serão emitidas passarão a ser obrigatórias nos aeroportos e pontos limítrofes de estradas.
Até o dia em que, cansado de disfarçar suas reais intenções, o Estado irá baixar a cortina de ferro em definitivo, obstaculizando até mesmo que se saiba o que passa lá dentro por meio do controle severo da Internet – medida que já está entrando em vigor, bom que se diga. Mitos de Saúde e Educação modelo poderão ser construídos facilmente, tal qual se passa em Cuba.
Em suma: a Venezuela terá atingido os objetivos propostos no estatuto do Foro de São Paulo com louvor. A partir daí, histórias como a da “Fuga do Campo 14”, protagonizada por Shin Dong-hyuk, em sua jornada rumo à liberdade surrupiada em nome do comunismo, passarão a tomar lugar na América do Sul.
O Brasil demonstrou mais sorte do que juízo ao escapar de José Dirceu no Planalto, guerrilheiro que vinha sendo talhado para fazer as vezes de Maduro por aqui. Se quisermos, todavia, depender menos de eventos fortuitos (o Mensalão) para a manutenção de nossa liberdade no futuro, basta permanecer atento aos sintomas deste mal. Tudo sempre começa pelo gasto público desenfreado, como bem elucida Paulo Rabello de Castro na obra “O Mito do Governo Grátis”:
Maduro, que não tem o carisma de Chávez, precisa continuar “conquistando” o apoio da população. Agradar a todo custo é o princípio programático de qualquer governo grátis. Com esse objetivo, foram aumentados os gastos públicos com a própria máquina de governo e com propaganda. Ele manteve os 39 ministérios e criou 111 “vice-ministérios”, nisso ultrapassando muito o Brasil. Há, por exemplo, o Ministério da Transformação Revolucionária e o de Desenvolvimento Integral. Pela bizarra lógica administrativa de Maduro, cada ministério precisa de um apêndice. O da Saúde tem quatro vice-ministérios: Saúde Integral, Saúde Ambulatorial, Saúde Coletiva e Recursos, Tecnologia e Regulação. Há vice-ministérios para quase todas as atividades do governo, além do Vice-Ministério para a Suprema Felicidade Social do Povo. Existe o Vice-Ministério para a Economia Socialista, um para a União com o Povo e outro para o Desenvolvimento Produtivo da Mulher. Os mais espantosos são o Vice-Ministério para o Saber Ancestral e para a Vida e a Paz, além de um específico para as Redes Sociais.
A liberdade nunca está a mais de uma geração de ser perdida, como bem ensinava Ronald Reagan. E os venezuelanos estão aprendendo esta amarga lição da pior forma possível…
Por um Brasil sem Populismo!
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