Animal dizima rebanhos e é portador de dezenas de bactérias, parasitas e vírus
Exóticos, os javalis se adaptam ao meio, se reproduzem facilmente, não tem predadores naturais e são agressivos e vorazes | Foto: Gregori Ravanello /
Nenhum órgão nacional ou estadual tem números confiáveis sobre quantos são ou onde se concentram os javalis. No entanto, o impacto de sua existência e os desdobramentos econômicos de sua presença no meio rural tiram o sono de agricultores, pecuaristas, pesquisadores e entes de preservação ambiental e de saúde pública. O porco asselvajado destrói plantações, dizima rebanhos e é portador de dezenas de bactérias, parasitas e vírus que podem ser transmitidos a outros animais e ao homem. Não há qualquer garantia sanitária em relação à carne do javali, cujo consumo é desaconselhado. A ferramenta disponível para conter sua multiplicação, até o momento, é o abate.
Segundo a superintendência regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), 6,8 mil agentes de manejo populacional (o termo caçador não é utilizado) estão habilitados no Rio Grande do Sul. Por meio de registro no Cadastro Técnico Federal, este contingente pode procurar e abater javalis na natureza, a qualquer tempo e sem limite de volume. A prática foi autorizada a partir de 2013, com a publicação da Instrução Normativa nº3, que considerou controle a perseguição, o abate e a captura seguida de eliminação dos espécimes. Desde então, o Ibama tem apontados como abatidos no Estado 2,5 mil animais.
“Temos consciência de que este número é uma subnotificação. A maior parte dos agentes inscritos não comunica ao Ibama quantos, quando e onde abateu javalis o que está previsto na normativa dificultando muito a formação de uma estatística realista”, afirma o chefe da Divisão Técnica da superintendência, Rodrigo Dutra. O instituto também proibe, em todo o território nacional, a criação do javali e a comercialização da carne, que só pode ser obtida para consumo por meio de importação. Aquele que for surpreendido criando o animal irregularmente paga uma multa de R$ 2 mil, acrescida de R$ 200 por animal encontrado. “Ainda subsistem criatórios, mas estes funcionam por meio de liminares da Justiça, pois o Ibama recomendou o encerramento de todos” acrescenta Dutra.
No final de 2016, a Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul) divulgou um levantamento indicando que 15 mil ovelhas haviam sido mortas em propriedades da Região da Fronteira por ataques de javalis. Relatos de produtores chegaram a sindicatos e associações acompanhados de fotos de milharais destruídos como se por eles houvessem passado potentes roçadeiras. A violência chamou atenção do governo gaúcho, que formou um grupo multidisciplinar para tratar do tema e criar uma estratégia de contenção.
Coordenado pela Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), o Plano Estadual de Controle do Javali e Suídeos Asselvajados reúne 14 representantes, entre os quais os do próprio Ibama, e os do Ministério da Agricultura, Federação Gaúcha de Caça e Tiro, Comando Ambiental da Brigada Militar, Farsul, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Equipe Javali no Pampa e Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi). Em conjunto, estão sendo traçadas ações que devem estar em pratica até o final de 2017, estima Thaís Michel, chefe do Setor de Fauna da Sema.
Tanto o plano estadual como o nacional sendo gestado pelo Ibama e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estipulam prazo de cinco anos para o controle e admitem que a eliminação é impossível. Para Thaís, esse período deve resultar em uma cultura pecuária para o trato desses animais. “Vamos captar dados com as ações que serão implementadas, como um aplicativo que se pretende disponibilizar para que produtores e agentes de manejo possam fornecer informações de localização, atuação e abate do porco selvagem”, adianta.
Do ponto de vista do controle sanitário, a Secretaria de Agricultura está capacitando os agentes autorizados pelo Ibama para o tratamento adequado da carcaça dos javalis abatidos. O Ibama recomenda que as carcaças sejam enterradas ou transportadas de acordo com a legislação local. No início do ano, a Seapi publicou duas normativas disciplinando o transporte dos animais e a coleta de material sanitário para análise laboratorial.
A coordenadora do Programa Nacional de Sanidade dos Suídeos na secretaria, Juliana Webster, explica que 30 agentes de manejo populacional já passaram pelo treinamento . As normativas estabelecem que os animais devem ser transportados em veículos fechados, que evitem o derramamento de fluidos, acompanhados da autorização de trânsito e identificados por um lacre distribuído pela própria Seapi. Junto com o lacre, o agente recebe um kit para a coleta de material sorológico, que deve enviar à secretaria para análise. Os testes identificarão doenças como a peste suína, potencialmente perigosa para o rebanho suíno comercial.
Correio do Povo
Calçadistas gaúchas ainda geram empregos, apesar da queda nos números nacionais
Assim como as exportações, as fábricas do RS seguem na contramão
Foto: Charles Guerra /Agencia RBS
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Pela primeira vez em 2017, o setor calçadista teve desempenho pior nos dados de emprego do que no ano passado. E olha que 2016 foi um ano complicado para a economia.
Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados considera dados de emprego formal, ou seja, carteira assinada. Em julho, foram cortados 265 postos de trabalho.
O setor está empregando 299.140 pessoas no país. Lembrando que, em março, atingiu 306 mil pessoas.
– São quedas consecutivas e que vão além da questão sazonal. Mostram um desaquecimento da atividade, com queda na demanda interna e externa – analisa o presidente da Abicalçados, Heitor Klein.
Assim como nas exportações, o Rio Grande do Sul ainda segura dados positivos. Gerou 129 empregos em julho.
As fábricas de calçados gaúchas empregam atualmente 98,9 mil pessoas. Representam um terço da mão de obra do setor no país todo.
GAÚCHA
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