quinta-feira, 27 de julho de 2017

'Última chamada': Bendine é mais um alvo da Lava-Jato que tinha Portugal como destino

Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do BB, tinha passagem comprada

POR O GLOBO


Aldemir Bendine: Entrevista com o então novo presidente da Petrobras - Fábio Rossi / O Globo

RIO - Preso na manhã desta quinta-feira pela 42ª fase da Lava-Jato, o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, teria o mesmo destino de outros alvos da operação: Portugal. O voo do ex-executivo, que tem nacionalidade italiana, estava programado para amanhã.

Operador ligado a Bendine, André Gustavo Vieira da Silva, chegou mais perto de decolar. A passagem era para voar ainda hoje, e ele foi preso já no Aeroporto Internacional do Recife (Guararapes). Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, André Gustavo tem "negócios consolidados" em Portugal.

As viagens foram descobertas pelos investigadores por meio de mensagens num aplicativo que as destrói. No entanto, eles tiraram "prints" das conversas, como mostrou reportagem do GLOBO, numa espécie de "trapalhada da corrupção".

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Ir ao país europeu não seria uma novidade. O empresário do ramo de transportes Jacob Barata Filho, preso pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio, foi alcançado pelos policiais na sala de embarque do Aeroporto do Galeão. Para o Ministério Público Federal (MPF), Barata estava em fuga. A assessoria do empresário nega, dizendo que era uma rotineira viagem a negócios.

Verdade ou não, os episódios estão colocando Portugal no mapa da Lava-Jato. Outro dos empresários com a prisão decretada no último dia 3, José Carlos dos Reis Lavouras está justamente em Portugal e foi preso pela Interpol. O diretor-presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, preso no Rio, é outro que tem sobrenome de origem portuguesa.

A proximidade com os lusitanos é tanta que, não à toa, os empresários que dominavam o setor de transportes no Rio eram chamados de "os potugueses" por alguns dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo as investigações, esses conselheiros recebiam propina para fazer vista grossa na fiscalização dos contratos.

Portugal também foi o destino de segurança dos dois principais delatores do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Ao acertarem delação premiada com o MPF e exporem como Cabral fazia para ocultar recursos de origem ilícita, os irmãos Marcelo e Renato Chebar temeram sofrer represálias e foram autorizados pela Justiça a viajar para lá.

O país luso já foi, inclusive, palco de uma fase da Operação Lava-Jato. Deflagrada em março do ano passado pela polícia judiciária portuguesa, a pedido do Brasil, a 25ª fase levou à prisão Raul Schmidt, sócio do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada.

Schmidt é acusado de ser operador do pagamento de propinas de empresas a dirigentes da estatal. Com cidadania portuguesa, ele permanece preso a um Oceano Atlântico de distância do Brasil.


O Globo

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