1. O Estado de São Paulo e O Globo, através de perguntas diretas e pessoais, diariamente, listam uma tabela de votos a favor e contra a denúncia ao presidente Temer.
2. Paradoxalmente, o noticiário, analisando esses números, não corresponde aos números propriamente. As projeções são feitas em base à evolução do número dos que são contra ou a favor.
3. Evidentemente, é muito mais cômoda a resposta dos da oposição ou não afirmam apoiar a denúncia contra o presidente. Sendo assim, é natural que esses números cresçam mais que os outros.
4. No entanto, o problema não é só esse. Os números apresentados pelas entrevistas com deputados deveriam ser comparados com os votos necessários para a vitória de uma ou outra posição.
5. O decisivo é a votação no plenário, mas, mesmo na CCJ, os números não são demonstrativos de tendências, pois a decisão será "na boca da urna". Afinal, se a oposição quer arrastar a votação com depoimentos e recursos ao STJ é porque está longe de ter firmeza nos números de votos que precisa.
6. No sábado, o Estado de SP lembrava que em momento semelhante no processo de impeachment de Dilma, 169 deputados, ou 33%, evitavam declinar o seu voto. Agora são 293, ou 57%. Uma proporção 73% maior agora que em 2016.
7. O Globo mostra que 159 deputados já decidiram seu voto contra Temer. Faltam 183 para atingirem os 342 votos necessários. Mostra que 65 já se declaram a favor de Temer. Faltam 107 para atingir os 172 necessários.
8. Na tabulação do Estado de SP, 163 se declaram contra Temer. Faltam 179 votos. 57 afirmam estar a favor de Temer. Faltam 115 para atingir os 172 votos.
9. Mais recentemente, na votação da reforma trabalhista na Câmara de Deputados, na votação do texto básico, foram 177 os deputados que votaram contra. Agora, segundo o Estadão, são 163 que já se declaram e segundo o Globo são 159 deputados. Em ambos os casos, apesar de toda a cobertura da imprensa e da impopularidade de Temer, ainda não chegaram sequer aos números da primeira votação da reforma trabalhista.
10. Em 2016, as mobilizações nas redes e nas ruas, com os partidos, sindicatos e associações ocultos, a pressão de opinião pública difusa era muito maior. Agora, sob o comando da CUT, do PT e dos partidos ditos de esquerda, as mobilizações têm sido pífias.
11. A impopularidade do presidente Temer não corresponde ao envolvimento das pessoas em sua substituição. Ou seja, o alardeado desgaste dos deputados que votarem contra a saída de Temer, até aqui, não existe, apesar da enorme cobertura da imprensa nessa direção e do que diz a oposição. "Fora Dilma" significava a necessidade de sua saída. "Fora Temer" significa sua impopularidade.
12. Ou seja, a impulsão final de opinião no momento da votação da autorização para o STF afastar Temer é muito menor agora que a de Dilma. Naquela época, a Lava Jato explodia como ação redentora e consensual. Agora, seja pela incorporação ao cotidiano das pessoas, pelo estresse do noticiário, seja pela repulsa aos benefícios dados a Joesley, já surgem fissuras no consenso, seja no judiciário, seja na opinião pública.
13. A consultora Eurasia afirmou, dias atrás, que a probabilidade de Temer concluir seu mandato é de 70%. Neste momento, se poderia garantir que é maior que isso.
Ex-Blog do Cesar Maia
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