Encontro acirrou crise entre cúpula e ala mais jovem do partido, diz jornal
Encontro acirrou crise entre cúpula e ala mais jovem do partido, diz jornal | Foto: CP Memória
Um dia depois de defender publicamente que o PSDB deve apoiar o governo Michel Temer somente até a aprovação das reformas, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin reuniu, no Palácio dos Bandeirantes, as principais lideranças do partido. A intenção foi firmar um pacto de não agressão entre a ala que quer o desembarque imediato do governo e o grupo que trabalha pela permanência.
Participaram da reunião caciques tucanos que, de uma forma ou de outra, já fizeram declarações públicas pelo desembarque, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente interino do partido, Tasso Jereisssati, o senador Cássio Cunha Lima e quatro governadores da legenda – Marconi Perillo (Goiás), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), Beto Richa (Paraná) e Pedro Taques (Mato Grosso), além de Alckmin. Entre os que defendem a permanência estavam o senador Aécio Neves, presidente licenciado do partido, o ex-chanceler José Serra e o prefeito de São Paulo, João Doria.
O encontro a portas fechadas durou mais de quatro horas, e terminou sem uma decisão formal. Acabou por acirrar ainda mais a crise entre a cúpula e a ala mais jovem do partido. Ao saber do encontro, deputados que defendem o rompimento avisaram que a decisão da bancada no plenário da Câmara sobre a admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer não será submetida aos dirigentes nacionais.
“Nunca aconteceu na história do PSDB da executiva deliberar sobre o voto dos deputados. Cada um vai votar conforme sua própria consciência”, disse o deputado Daniel Coelho (PE). Ainda segundo ele, a posição sobre o governo se concretiza apenas de um jeito: com os votos do parlamento.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, divulgou nota afirmando que não existe essa dicotomia entre “cabeças brancas” e “cabeças pretas” e que não é possível que o PSDB se “purifique”, migrando do governo Temer. “Minha definição pessoal é clara: “desembarcar” do governo, a pretexto de continuar apoiando as reformas – na verdade abrindo espaço real para o impedimento do presidente – não soaria como ato de coragem.”
O relator na Comissão de Constituição e Justiça, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) leu seu relatório pela admissbilidade da denúncia. Membro da comissão, o deputado Fábio Souza (PSDB-GO) disse que a maioria dos membros da comissão devem votar pela aprovação do relatório. “Até o início da semana passada a maioria era pela permanência. Com a prisão de Geddel (Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo), isso se inverteu.”
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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