Por: Paulo Germano
Foto: Félix Zucco / Agência RBS
Marchezan vai apanhar, já está apanhando, mas ele está certo. Enviou à Câmara Municipal um pacote para acabar com um verdadeiro ninho de demagogia na administração da cidade: as isenções nas passagens de ônibus. Elas têm de existir, claro, mas para quem de fato precisa delas.
Não entra na minha cabeça, por exemplo, que uma vendedora de churros na Redenção pague a passagem inteira enquanto um aluno rico do Farroupilha pague a metade. Esse tipo de benefício só pode ser justo quando o critério é renda.
Marchezan propõe a meia passagem só para estudantes com renda familiar de até três salários — patamar que pode, e deve, ser debatido e talvez alterado nas discussões entre os vereadores.
O prefeito também quer cortar a gratuidade para pessoas entre 60 e 64 anos. Justo: a lei federal isenta da tarifa quem já passou dos 65, e isso basta. Quando a legislação municipal foi criada, em 1985, a expectativa de vida na Capital era de 64 anos. Hoje, já passou dos 75. As pessoas vivem mais, os idosos são mais ativos — aliás, velha mesmo é essa lei.
Porto Alegre é a segunda capital do país — só perde para São Paulo — com maior número de isentos no transporte coletivo: 36%. A média nacional é de 21%. Quanto mais gratuidade, mais cara será a tarifa de quem paga. Não há espaço para demagogia aqui. Marchezan está certo.
Mas essa foi horrível
Foto: Reprodução / Facebook
Marchezan, na campanha eleitoral, sugeriu que Sebastião Melo (PMDB) mentia. Em um post (acima) publicado em 23 de outubro — sete dias antes do segundo turno da eleição —, o tucano garantiu que, se fosse eleito, não acabaria com a segunda passagem gratuita, como seu adversário vinha repetindo.
Passaram-se nove meses, e Marchezan acabou, sim, com a segunda passagem gratuita. Não contesto a decisão em si do prefeito. Pode-se discutir se manter a segunda passagem gratuita é um bom ou mau negócio — me parece terrível para quem tem pouco e mora longe, mas a EPTC diz que o principal atingido é o empregador desse usuário de ônibus, e não o próprio usuário.
O que contesto, aqui, é a conduta do então candidato. Quem estava escondendo a verdade ao falar com o eleitor? Sebastião Melo ou ele?
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