Oposição fala em decisão histórica, petistas em motivação política
Políticos repercutem condenação de Lula nas redes sociais | Foto: Luís Macedo / Câmara dos Deputados / CP
Após a condenação nesta quarta-feira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso triplex, petistas e políticos de outros partidos usaram as redes sociais para repercutir a decisão dada pelo juiz Sérgio Moro. Lula estava entre os assuntos mais comentados no Twitter. Usando a hashtag #LulaInocente, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) escreveu que é um "escândalo" a condenação de uma "liderança internacional como Lula" sem provas.
Já o também petista deputado Paulo Teixeira (SP) falou em "tribunal das convicções" ao argumentar que a sentença contra o ex-presidente não tem provas. "Uma condenação sem provas, como a de Lula, exige um novo tribunal: o Tribunal das Convicções", escreveu. Ele disse, ainda, que "Moro entra para a história" por ter sido "o primeiro juiz brasileiro a condenar um ex-presidente sem provas". O deputado federal e presidente do PCdoB, Orlando Silva, escreveu que "Lula é vítima de perseguição política por um juiz parcial e sem compromisso algum com as provas". Ainda segundo o parlamentar "não há crime" e a condenação seria uma tentativa de tirar o petista das eleições em 2018.
Sem falar nada a respeito, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho usou seu Facebook para dar a notícia: "Lula condenado por Moro", escreveu, apenas. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) comemorou a decisão de Moro. "Agora só falta ir preso mesmo", escreveu em seu Facebook. "Lula foi condenado mas não está inelegível. Para tanto é preciso condenação por um colegiado, ou seja, mais de um juiz/desembargador/min", continuou.
Já o presidente do PPS e deputado federal Roberto Freire, que até maio era também ministro do governo de Michel Temer, falou que "políticos lulopetistas" dizem que Lula foi condenado sem provas, e disse que ficaria surpreso se "reconhecessem que a Justiça foi feita". O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) escreveu em seu Twitter que a "Justiça está sendo feita" e chamou o ex-presidente de "criminoso".
Críticas a Sérgio Moro
Do PMDB, mas da ala que faz oposição ao governo, o senador Roberto Requião também criticou a sentença feita por Moro. "Lula condenado, Aécio liberado, Temer protegido, soberania fulminada, trabalhador escravizado, mercado triunfante, até que o Brasil se levante", escreveu em seu Twitter. A postagem de Requião chegou a ser compartilhada pela presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffman. A parlamentar também criticou o juiz federal e disse que "Sérgio Moro prestou contas aos meios de comunicação e a opinião pública que formou contra Lula".
Wadug Damous, que participa da sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que debate a denúncia contra Temer, chamou Moro de "justiceiro". "Essa sentença é uma peça jurídica imprestável. Moro
como sempre age antenado com o que está acontecendo no momento da política", escreveu o parlamentar.
Assim que saiu a notícia sobre a sentença de Moro, os parlamentares chegaram a deixar de lado por alguns momentos a denúncia contra Temer e comentaram a condenação do ex-presidente. "Não encontraram uma única prova que mostrasse que Lula era dono daquele triplex no Guarujá. Nem que tinha nenhum uso daquele triplex. Mesmo assim, o juiz Sérgio Moro condenou o presidente Lula", disse o líder do PT na Casa, Carlos Zarattini (SP), em seus 15 minutos de fala.
Já Wladimir Costa (SD-PA) comemorou a sentença e disse que "finalmente vai ter suas madeixas cortadas", diz. "O líder de vocês é um elemento condenado. Além de condenado, Lula está inelegível por oito anos. Chora, oposição!", provocou o parlamentar.
Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o ex-presidente é alvo de perseguição política e o objetivo da decisão de Moro é tentar transformar Lula em "cidadão inelegível". "A possibilidade de ele (Lula) voltar a ser presidente do País amedronta muitos segmentos da política brasileira, o que é lamentável, porque Lula foi um presidente do Brasil, dos brasileiros e de todos, não há razão para essa perseguição, não há razão para essa tentativa de inviabilizá-lo", comentou a senadora.
Vanessa afirmou estar "esperançosa" numa derrubada da decisão de Moro na segunda instância. A senadora lembrou que, no mês passado, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, derrubou uma sentença de Moro e absolveu o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto de 15 anos e quatro meses de prisão em condenação na Operação Lava Jato. "Não há nenhum elemento nem indicativo de um apartamento que nunca foi dele. Estou confiante no juiz de segunda instância", disse Grazziotin.
Também na tribuna do Senado, Álvaro Dias (Podemos-PR) defendeu que trata-se de uma decisão emblemática que sinaliza para o surgimento de uma nova Justiça no país. "Até aqui, o conceito era de que a Justiça alcançava somente os pobres, mas agora ela alcança os poderosos e se torna igual para todos", disse. O mesmo tom foi adotado pela senadora Ana Amélia (PP-RS), que afirmou que "ninguém está acima da lei" e que "não há porque duvidar do juiz Sérgio Moro" Já o senador petista Lindbergh Farias (RJ) classificou a condenação como "um escândalo", porque segundo ele não há provas". "É escandaloso,é a desmoralização da Justiça brasileira. Aécio [senador Aécio Neves, denunciado na delação da JBS] eles libertam e condenam o Lula sem provas. Não dá para aceitar. Eles querem impedir Lula de ser candidato. Lula cometeu o grande crime de estar liderando todas as pesquisas de opinião" disse.
O líder do DEM, Efraim Filho (PB) , defendeu que a sentença foi "baseada na lei, nos fatos e nas provas". "[A condenação] significa o fortalecimento do combate à corrupção e à impunidade. E é uma lição didática para o cidadão brasileiro para mostrar que acabou-se o tempo em que os poderosos não enfrentavam a Justiça", disse.
Já o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), aproveitou seu tempo de fala durante o debate na CCJ para criticar a decisão de Moro. "Mais uma vez o juiz Sérgio Moro apresenta um julgamento no momento em que está sendo avaliado o afastamento do presidente Michel Temer. Então, é evidente a ação política do juiz neste momento importante da política nacional.", declarou Zarattini.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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