terça-feira, 18 de julho de 2017

Palocci quer falar em delação sobre quebra de sigilo de caseiro

Giuliano Gomes/Folhapress

O ex-ministro Antonio Palocci, preso na 35ª fase da Operação Lava Jato, deixa IML em Curitiba após realizar exame de corpo de delito

O ex-ministro Antonio Palocci, preso na 35ª fase da Operação Lava Jato

WÁLTER NUNES
DE SÃO PAULO


O ex-ministro Antonio Palocci Filho, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, pretende contar em acordo de delação premiada a sua versão sobre o episódio da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, no ano de 2006. O caso levou à queda de Palocci do Ministério da Fazenda.

O ex-ministro vem negociando um acordo com a força-tarefa da Lava Jato e, segundo a Folha apurou, já foi assinado um acordo de confidencialidade entre as partes –primeira etapa de uma delação premiada.

Palocci foi acusado, em 2006, de participar de festas com prostitutas numa casa do Lago Sul, zona nobre de Brasília, alugada por seus assessores mais próximos.

A oposição ao governo petista dizia que ali havia encontros com empresários para fazer lobby.

Palocci sempre negou ter participado dessas festas. Mas o caseiro Francenildo, que cuidava do imóvel, disse ter visto o ministro em eventos no local.

Logo após o depoimento, o blog da revista "Época" publicou reportagem que mostrava um extrato da conta do caseiro na Caixa Econômica Federal, que apontava R$ 35 mil em depósitos em seu favor. Francenildo ganhava pouco mais de R$ 500 de salário.

Os parlamentares da base do governo Lula acusaram o caseiro de ter recebido dinheiro da oposição para depor contra Palocci.

Não demorou para que se percebesse que na divulgação do extrato da conta do caseiro havia uma ilegalidade: a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial.

Palocci foi chamado a explicar a ilegalidade, mas nunca deu uma resposta satisfatória para o caso e perdeu o cargo de ministro.

Para piorar sua situação, Francenildo tinha uma explicação para o dinheiro. Os R$ 35 mil haviam sido depositados por Eurípedes Soares da Silva, pai do caseiro, dono de uma pequena empresa de ônibus no Piauí. Eurípedes deu o dinheiro a Francenildo para que ele não entrasse na justiça com pedido de reconhecimento de paternidade.

Em 2015, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região condenou a Caixa a indenizar o caseiro em R$ 400 mil por danos morais. O banco recorreu da decisão ao Superior Tribunal de Justiça.

No acordo de delação, Palocci pretende contar de quem partiu a ordem para a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro e quem participou da divulgação do extrato.

Palocci foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

OUTRO LADO

A defesa de Palocci não respondeu aos pedidos de entrevista.

Francenildo disse, por meio de advogado, que quer conhecer o conteúdo da delação para se manifestar.



Folha de S. Paulo

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