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terça-feira, 4 de julho de 2017

Oposição anuncia "hora zero" em ofensiva contra Maduro

Serão instalados 1,6 mil locais de recolhimento de votos para plebiscito

Oposição anuncia

Oposição anuncia "hora zero" em ofensiva contra Maduro | Foto: Federico Parra / AFP / CP

A oposição realizará em 16 de julho um plebiscito simbólico para que os venezuelanos decidam sobre a Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro, com a qual o líder chavista busca resolver a grave crise que abala o país. A consulta, sem a participação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acontecerá duas semanas antes da eleição dos legisladores da Constituinte, um "superpoder" que irá reger o país por tempo indeterminado.

No que chamaram de a "hora zero" em sua ofensiva contra Maduro, a oposição anunciou a consulta popular que marcará o início de um levantamento em massa e simultâneo em todo o país, durante um ato em Caracas com apoio de vários setores sociais. "Convocamos este 16 de julho para escolher o futuro do país neste processo nacional de decisão soberana", disse Julio Borges, presidente do Parlamento, em seu discurso.

A oposição instalará 1,6 mil locais de recolhimento de votos para o plebiscito, que acontecerá em paralelo com os protestos realizados há três meses e que já deixaram 89 mortos. A oposição considera a Assembleia Constituinte uma fraude com a qual o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), situação, pretende se perpetuar no poder e se esquivar das eleições, incluindo as presidenciais do fim de 2018.

Ponto de ruptura

Para o cientista político Luis Salamanca, trata-se de um ato "não vinculante" e "moralmente simbólico", embora não detenha a Constituinte: "serve para mobilizar as pessoas, ainda que o governo o ignore. Somente uma declaração da Força Armada poderia parar esta loucura", declarou.

Na consulta também perguntarão aos venezuelanos o papel que demandam aos funcionários e à Força Armada "para restituir a ordem constitucional" e se apoiam a "renovação dos poderes públicos que se encontram à margem da Constituição".

"É uma tática política que será feita com uma grande pergunta nacional, se fundamentando no princípio da soberania popular, buscando deslegitimar o regime, a Constituinte, Maduro, e buscar uma transição", afirmou o constitucionalista José Vicente Haro.

Segundo a empresa Datanálisis, sete em cada 10 venezuelanos rechaçam a Constituinte. O plebiscito será um cenário "para que as pessoas expressem o que o regime não lhes deixa expressar", apontou Salamanca. A oposição o assume como um "ponto de ruptura", segundo o deputado Freddy Guevara. "Vamos iniciar a fase final, todos os mecanismos de protestos em todo o país, ao mesmo tempo e de maneira indefinida", disse. "Estamos entrando na hora zero. O governo fixou 30 de julho para formalizar a ditadura e então temos que jogar tudo", advertiu o líder opositor Henrique Capriles.

A oposição convocou um bloqueio das ruas em todo o país nesta terça-feira para aumentar a "pressão e continuar encurralando a ditadura até que saia do poder", de acordo com Guevara.

Para defender a democracia

O presidente assegura que as manifestações buscam derrubá-lo com o apoio dos Estados Unidos e sustenta que a "Constituinte vai devolver a paz" e "trará a recuperação econômica" ao país. "É a solução para os problemas da Venezuela, é a solução porque é mais e a melhor democracia", expressou Maduro nesta segunda-feira em um ato de campanha para a Constituinte.

Aliados de Maduro adiantaram que a Constituinte anulará o Parlamento e terá o poder de destituir a procuradora-geral, Luisa Ortega. Na véspera de seu comparecimento ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que decidirá se irá abrir um julgamento que levaria a sua destituição, Ortega chamou os venezuelanos, e em particular o Parlamento, a lutar pelo restabelecimento da democracia.

"Agora, mais do que nunca, temos que nos unir, somar esforços para restituir o Estado de direito, a independência dos poderes públicos, a qualidade de vida e a paz que merecemos", disse Ortega em um vídeo gravado em seu gabinete e divulgado no Twitter.

Pouco antes, fez a mesma solicitação em um discurso inédito no Legislativo: "lutemos pela democracia. Não importa que pensem diferente de nós", pediu à ampla maioria opositora. Ortega denunciou nesta segunda que funcionários da Controladoria tentaram entrar à força na sede da Procuradoria em todo o país com a intenção de investigar o seu trabalho.



AFP e Correio do Po

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