Por Claudir Franciatto, publicado pelo Instituto Liberal
“O respeito ao criador da riqueza é o começo do fim da pobreza.” ( Roberto Campos).
Vou falar com franqueza, a partir de um artigo publicado na segunda-feira, dia 10 de julho de 2017, na última página da Ilustrada/Folha de S. Paulo, espaço cativo de Luiz Felipe Pondé, o lúcido e brilhante Pondé, a quem respeito profundamente. Tudo que está ali é perfumaria. Estaríamos, segundo sua análise, na iminência de cairmos num tipo de populismo de direita ou de esquerda no nosso “2018 de Brumário”. Outros falam da queda de Temer, da conveniência ou não de que ele fique para aprovação das reformas, etc.. Não se tem abordado outra coisa no Brasil pós-Lava-jato que não seja superficialidade.
Tomo a tese do filósofo Pondé apenas en passant como ponto de partida e pode parecer soberba intelectual, mas não é. A Lava Jato desnudou de forma brutal o sistema adotado no Brasil há muitos anos. Expôs nossas vísceras com seus cânceres de modo a não deixar um só resquício de dúvida. O capitalismo de Estado, com sua forma macunaímica de driblar o futuro com inúmeros jeitinhos chegou ao fim. A promiscuidade entre governos e empresariado é o que, com mais riqueza de detalhes, veio à tona na miríade de denúncias das operações lavajatianas e tratou-se disso como se fossem apenas novas ocorrências político-policiais.
Mas, vejam: isso é gravíssimo! Isso vem de longe! É o que vem inviabilizando o país. Se não debatermos o problema do capitalismo de Estado agora, já, com seriedade, o momento vai passar. Recentemente, Rodrigo Constantino abordou, em um de seus sempre oportunos artigos, a questão de George Soros e da Fundação Ford financiarem projetos de esquerda. E concluiu em sua análise que, o objetivo final dessas aparentemente bizarras operações é desfrutar do capitalismo de Estado de alguma forma. Esse é o cancro. Porque o capitalismo só pode de duas formas: saudável, quando se desenvolve com base na livre iniciativa e seus mercados, ou geneticamente doentio, quando tem em suas raízes o desenvolvimento via condução do Estado. Não há terceira via. Não há terceira margem do rio. Ou há geração de riquezas com empregos e oportunidades para todos, ou a ilusão dos direitos sociais garantidos – até acabar o dinheiro e surgir o desemprego e o desalento.
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Não adianta mais falar em “tetas”
Lembro-me de quando, ao ler O Anjo Pornográfico, a monumental biografia de Nelson Rodrigues realizada por Ruy Castro, chamou-me a atenção a amizade de Mário Filho, irmão do genial teatrólogo, com o presidente Getúlio Vargas. Quando seguiam juntos para o estádio de futebol, nas tribunas, não era Mário quem se sentia orgulhoso de estar ao lado da autoridade máxima do país, mas sim Getúlio que se gabava de gozar da companhia do mais afamado empreendedor do Rio de Janeiro daqueles anos 1940/1950. Mário Filho entrava no gabinete de Getúlio como se estivesse em seu próprio escritório.
Poderia ter mantido uma relação promíscua, mas parece que não o fez. Na construção do Maracanã, estádio que levou o seu nome, poderia ter atuado de forma a encarecer a obra 10 ou 20 vezes, mas parece que não o fez. Pelo menos Ruy Castro não menciona nada nem nunca li nada a respeito. Mas será que não poderia? Claro que era possível, pois o empreendimento era do Estado e ele tinha acesso a tudo no governo. Esse é o problema.
Essa é a questão. Se não houvesse Petrobrás, Eletrobras, BNDES, etc.. será que haveria Lava-jato? Só que, apesar de tudo isso, o país continua debatendo nomes, tipos de populismos, tipos de democracias, mais à direita ou mais à esquerda. Mas o país está mortalmente falido. O capitalismo de Estado esgotou suas possibilidades de empurrar o futuro sombrio com a barriga.
A coisa é mesmo muito grave! É muito séria! Aquilo que começou lá com D. João VI e as sesmarias não tem mais como continuar simplesmente porque o mundo mudou a favor do capitalismo liberal. Mas os liberais continuam falando das flores.
Com a globalização tecnológica do capital internacional, não há mais espaço para os buracos negros da inflação e da corrupção. Ou seja, tudo o que brota principalmente do capitalismo de Estado. Em qualquer lugar do mundo. Acabou! Precisamos gerar riquezas em todos os rincões do planeta. É disso que se trata.
Claudir Franciatto é jornalista e escritor. Autor de 11 livros, entre eles obras sobre o Liberalismo, tais como “A Façanha da Liberdade” e “O Desafio da Liberdade”.
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