Não deixe para organizar os novos gastos só depois que a criança nascer.
Por: Erik Farina
Angélica e José são fãs de atacados e brechós: tudo para economizar nos gastos com ElisaFoto: Omar Freitas / Agencia RBS
Preparar as finanças para a chegada do primeiro filho é fundamental para manter o orçamento sob controle e evitar que a preocupação extra agite (ainda mais) o sono do casal. Afinal, as contas, que até então eram multiplicadas por dois, podem triplicar — ao contrário do que acontecerá com o salário do casal.
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Boa parte dos pais deixam para organizar os gastos familiares nos últimos meses da gravidez, quando percebem que o dinheiro não vai chegar, mas este exercício deve ser feito bem antes: o ideal é antes da gravidez, ressalta a educadora financeira Camila Bavaresco. Planilhar todos os gastos de uma família e então incluir os custos adicionais previstos com o bebê é fundamental para adequar o orçamento aos novos tempos.
— Para quem espera o primeiro filho, é difícil conhecer o tamanho dos gastos que virão pela frente, então, é bom conversar sobre isso com amigos e parentes que tenham sido pais recentemente — explica Camila, que alerta que os gastos com o recém-nascido não devem ultrapassar 30% do orçamento familiar.
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Onde cortar
Claro que ninguém está proibido de ter filho se estiver no vermelho, mas para esses, a solução indicada é começar a eliminar, desde que se decida tentar a gravidez, alguns excessos: gastos com viagem, alimentação fora de casa e salão de beleza costumam ser os mais fáceis de cortar. Depois, pode-se enxugar o pacote de TV por assinatura, cancelar os cartões de crédito com anuidade mais alta e vender um segundo carro da família que seja pouco usado.
Pais de primeira viagem devem estar cientes de que os gastos se dividem em etapas. Durante a gravidez, incluem o enxoval, pintura do quarto e compra do carrinho, por exemplo. Nos primeiros meses de vida do bebê, começam a fazer parte da rotina contas com roupinhas, babá, alimentação especial, (muitas) fraldas, creche e plano de saúde.
— E os pais que ainda não pensaram em formar uma poupança para escola e faculdade devem começar a economizar — reforça Camila.
Embora a chegada do bebê encante a todos, é preciso separar o entusiasmo das compras. Inexperientes, muitos casais de primeira viagem acabam seduzidos a comprar mais roupinhas, brinquedos e utensílios do que precisariam, gerando ansiedade e gastos desnecessários, explica Débora Barbosa Bauermann, psicóloga da Parto Alegre, que presta serviços de apoio à gestação.
— Muitas vezes, os casais ficam preocupados porque não terão condições de comprar tudo o que acham importante para o nascimento e acabam gastando demais com coisas que não irão aproveitar — explica Débora.
Alguns exemplos são os berços (que algumas vezes acabam sendo subutilizados, já que a criança dorme na cama dos pais) ou carrinhos com mais funcionalidades do que o necessário.
Economia na prática
Moradores do Centro de Porto Alegre, os biólogos Angélica Salatino de Oliveira, 35 anos, e José Sanabria, 32, mudaram os gastos muito antes da filhinha, Elisa, quatro meses, chegar. Mas já pensando na vinda dela. A economia começou pelo fim das compras nos shoppings. As refeições, que eles adoravam fazer em restaurante, são todas em casa e as viagens estão escassas.
Durante a gravidez de Angélica, o casal promoveu dois chás de fralda. Pediram que os convidados levassem exclusivamente fraldas. Até agora, com o bebê com quatro meses, eles não precisaram comprar nenhuma e acham que nem vão precisar. A pesquisa de preços é rotina na vida do casal antes de comprar qualquer produto. Eles não fazem compras por impulso e são fãs de atacados e brechós.
– Nós pesquisamos bastante em grupos de Facebook, não tem porque comprar coisas novas se bebê usa por pouco tempo – completa José.
Ajuste nas contas por etapas
Antes e durante a gravidez
- Detalhe as despesas pré-nascimento: calcule quanto será gasto com a montagem do quarto, carrinho, serviço do parto, acessórios de higiene, roupinhas etc. Divida o valor total pelos meses remanescentes até o nascimento programado e vá economizando mês a mês.
- Pesquise preços dos itens de bebês nas lojas e na internet, pois costumam variar muito. Quem nunca teve um filho não tem noção de quanto custa um berço ou uma mamadeira, por exemplo. Então, é valioso pedir ajuda a quem recém se tornou pai ou mãe para definir padrões de valores.
- Mesmo com a alta do dólar, viajar para Miami para fazer o enxoval continua valendo a pena para quem tem tempo disponível e visto para entrar nos Estados Unidos. Pesquise em sites de lojas norte-americanas e compare itens como carrinhos, cadeirinha, babá eletrônica, banheira inflável e mordedor — a diferença com os preços do Brasil pode pagar a viagem.
Os primeiros meses
- Procure brechós especializados em roupas de bebê e comunidades de redes sociais que troquem itens com pouco uso — acredite, é muito comum encontrar roupinhas e brinquedos ainda com a etiqueta.
- Faça um chá de fraldas. E peça apenas fraldas! Pouco adianta receber roupinhas que servirão o bebê por semanas e que talvez nem venham a ser usadas. O que absorve mesmo o orçamento são as fraldas — e estima-se que um bebê consuma 4,5 mil delas nos dois primeiros anos de vida.
- Mantenha os gastos sob controle: é fácil se encantar com tantas novidades e sair comprando de tudo. É preciso ser cauteloso. O ideal é que os gastos com o filho não passem de 30% do orçamento do familiar, portanto, é importante manter uma planilha de controle de despesas.
Nos primeiros anos
- Prepare a poupança. Passados os gastos iniciais, a família deve retomar o fôlego orçamentário e começar a criar uma reserva financeira para o futuro do filho. Guardar um pouco todo mês em aplicações como CDBs e Títulos do Tesouro irá gerar uma reserva valiosa para os gastos com educação.
- Se ainda não tem, tenha um plano de saúde. Realmente não é barato, mas pode ser fundamental para a família caso a criança necessite de cuidados especiais ou consultas frequentes com especialistas.
- Seja cauteloso nas festas. As celebrações de aniversário nos primeiros anos costumam ser grandiosas além do necessário, com animadores, salões caros e comida de todo tipo. É importante avaliar o custo-benefício dessas celebrações.
Fontes: Consultora financeira Camila Bavaresco, serviço Parto Alegre e portal Dinheirama.
Zero Hora
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